Capítulo 22

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Eu tenho quase certeza que posso escutar mais sons do que realmente existem do lado de fora. Posso ver os helicópteros sobrevoando o castelo, mas a gritaria e o zumbido que estou ouvido talvez sejam apenas obra da minha imaginação.

Acho que nunca me senti tão burra na vida, nem mesmo quando pedi, aos sete anos, que minha mãe ordenasse ao papai-noel que não entrasse pelas chaminés, pois ele acabaria se entalando ali e daria trabalho aos limpadores de chaminés.

— Tem noção do que fez? — a voz de Sebastian me faz voltar à realidade.

Ele parece bravo. Muito bravo.

— Calma, Seb — Connor se coloca entre nós. — Ela não fez de propósito, sabe disso.

Sebastian não se intimida.

— O que eu sei é que ela colocou todos nós em risco. Eu, você, Max, nossos pais e toda a Noruega. Estamos escondendo a suspeita de tentar assassinar o rei da França, Connor. Eles podem considerar isso como uma ato de afronta e declarar guerra contra nós.

— Eles não vão fazer isso — digo, porém sem muita certeza. — Antone não quer guerra, ele quer apenas eu.

— Ele queria apenas você e sua irmã há mais de vinte anos atrás também. Vai me dizer que ele não invadiu o castelo da França e matou o rei e outros vários soldados para chegar até vocês?

— Não fale do meu pai — a voz autoritária saí de mim antes que eu possa contê-la.

Ele abre a boca para responder, provavelmente para se desculpar, mas imagem da televisão se transfigura, chamando a nossa atenção novamente, e dois comentaristas tomam seus lugares na mesa do jornal.

Não foi uma jogada esperta da princesa, devo dizer — comenta um deles para a colega.

— E me surpreende que tenha partido justamente dela. Digo, se a informação tivesse vazado de algum criado do castelo faria mais sentido. A Princesa Sophie deixar que os sentimentos tomem conta dela era realmente algo difícil de se prever.

— Isso que dá deixarem uma mulher numa posição dessas. Elas simplesmente não conseguem lidar com as emoções.

Pelo amor de Deus, Gray — reclama a comentarista. — Não fale besteira.

Ele nem dá bola à colega e continua a defender sua tese.

Caminho até a televisão e a desligo com impaciência. Lutei tempo demais contra esses comentários para, por um deslize, voltar a ter minha capacidade questionada dessa forma.

— Talvez eles não saibam que está no castelo — sugere Maxwell. — A repóter disse só que estava em Oslo.

Balanço a cabeça.

— Tem repórteres para todos os lados, Maxwell. Eles sabem que Connor é amigo da minha irmã, devem ter ligado os pontos.

Uma batida na porta soa de repente. Talvez já estivessem batendo antes, e estávamos apenas muito distraídos para perceber.

— Com licença — diz o guarda Hvinir, o dono do celular que afundei no lago. — Vossa majestade deseja conversar com vossa alteza sobre possíveis estratégias diante os últimos eventos.

Lembro-me do celular dele se afundando no lago frio e sinto um calafrio. Tudo isso foi por nada.

Sem dizer uma palavra, sigo-o na direção do gabinete do rei, com Sebatian e Connor praticamente presos no meu calcanhar.

— Vai ser uma conversa basicamente política, Connor — escuto Sebastian dizer atrás de mim. — Não precisa ir se não quiser.

— Ela é a irmã da Chloe, Seb — responde Connor, como se a constatação fosse motivo suficiente.

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