000. - the beginning

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*✩, 000. ❝Quem tem sorte não precisa se organizar .❞

words: 1.283

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POUCO TEMPO antes do dia amanhecer, Felícia já encontrava-se fora da cama. Caminhando o mais rápido que podia dentro de seu chalé, ela recolhia seus itens para encontrar-se com Quíron e Sr.D, que esperavam a mesma na Casa Grande. 

Naquele momento ela quase se amaldiçoou por não ter organizado suas coisas no dia anterior; ela se alertou novamente que deveria parar com o pensamento de "quem tem sorte não precisa fazer as coisas antecipadamente".

O chalé de Tique não era bagunçado, na verdade, sua decoração é exagerada; quase como uma miniatura do cassino de Las Vegas, o que deveriam ser prateleiras eram na verdade roletas e as camas aparentemente haviam sido construídas para parecerem com uma mesa de jogos. Felícia sempre disse para si mesma que, quando tivesse a chance, iria tratar de pedir uma reforma diretamente para sua mãe; era apenas ela ali, ao menos tinha que estar nos conformes de seus gostos.

— Garota, você teme a morte ? — a voz masculina conhecida soou na porta do chalé. Felicia nem ao menos precisou se virar para saber que era seu amigo — A ruivinha 'tá pirando ali. Ela disse que você está quase atrasada.

— "Quase", Simon, ainda tem muito tempo para eu ficar atrasada. — a morena jogou a mochila sobre seus ombros e se virou para a encarar o amigo depois de sair do chalé — Açucena está exagerando.

— Diga isso para ela.

— Para ela me enterrar igual uma planta ? — a menina caminhou até a porta de seu chalé, fechando-o logo em seguida — Não, obrigada amigo. 

Simon Müller era filho de Ares, e, ele mesmo havia se auto intitulado, melhor amigo de Felicia. A jovem nunca disse na frente dele, mas era óbvio que era verdade.

Os dois começaram a caminhar em direção a Casa Grande, para se encontrarem com Quíron e Dionísio, ou como é conhecido pelos campistas, Sr.D. 

Felicia havia sido designada no dia anterior para uma missão, que até então, ela não tinha nenhuma informação que pudesse lhe ajudar. E ela odiava ter que jogar no escuro, precisava e ansiava por uma informação ou outra sobre essa missão.

Assim que os dois se aproximaram do local, puderam ver os cabelos ruivos andando de um lado para o outro. Açucena estava de cabeça baixa, encarando o chão; parecia preocupada ou brava — a filha de Tique deduziu isso por conta das plantas ao redor da garota que estavam mexendo-se de um lado para o outro. A brasileira era uma das mais poderosas filhas de Deméter, tanto que seus poderes quase que agiam por si só quando os sentimentos da jovem estavam à flor da pele.

— "Docinho". — a morena disse, em uma tentativa de chamar a atenção da ruiva. Ela sabia que a amiga desgostava do apelido e sempre que ela usava, era para se desculpar por seus atrasos ou quando precisava de algum favor. 

— Não me venha com essa de "docinho", Felícia Bernardi ! — a garota caminhou duro em direção aos dois, com o dedo apontado para eles. Quando chegou perto o suficiente, virou-se para o filho de Ares e disse: — Por que você demorou tanto para trazê-la ?

— Desculpe cenourinha, prometo não me atrasar mais. — disse o rapaz, juntando as mãos e dando o mais gentil sorriso, ao mesmo tempo forçado, que conseguiu.

As bochechas de Açucena quase assumiram o tom da cor de seus cabelos; a raiva se esvaiu da menina por alguns segundos. Até mesmo uma pedra poderia perceber que a menina tinha uma queda pelo filho de Ares, mas ao que parece, Simon era mais lerdo que uma pedra quando se tratava dos sentimentos dos outros por ele. Felícia achava que os dois dariam um casal perfeito, ambos se gostavam, mas não tinha coragem para se declararem um para o outro.

— De qualquer forma...— ela cruzou os braços, soltou o ar e olhou para Felícia — Quíron está te esperando lá dentro.

— Obrigada amiga. — ela sorriu e se encaminhou para dentro da Casa Grande, deixando os dois do lado de fora.

Assim que entrou, ela conseguiu avistar o diretor do acampamento em sua habitual cadeira, com uma latinha de coca diet em suas mãos. Quíron encontrava-se em sua forma normal — a de centauro, no caso — e estava ao lado da cadeira do deus do vinho, alisando a barba — ele sempre fazia isso quando estava pensando. 

— Com licença. — disse Felícia, fazendo o centauro e o deus olharem para a jovem — Estou entrando.

— Ah, finalmente ! — soltou o deus. 

— Querida, eu até pediria para você sentar-se, mas não temos tempo para isso. — disse Quíron, olhando para a jovem com o típico olhar de um pai preocupado com o filho que estava saindo em uma missão quase suicida. 

— Certo. Mas eu preciso saber do que se trata a missão. 

— Você sabe que o sátiro Gleeson Hedge saiu em missão a algum tempo — ela confirmou com a cabeça —, a dois dias ele pediu reforços, creio que contra a própria vontade daquele sátiro orgulhoso. 

— O que pode ser tão sério para que o Hedge tenha pedido reforços ? — Felícia sabia a fama do velho sátiro, já havia a visto com os próprios olhos, ela sabia que ele nunca iria pedir ajuda, a menos que fosse algo muito sério.

— Ele havia saido em busca de dois meios-sangues que se encontravam em um colégio. — Quíron fez uma pausa de quase um segundo e logo deu continuidade: — Ao que parece, ele sentiu a presença de mais um e de um monstro também.

Felícia ficou em silêncio por alguns segundos, sabia que aquele momento ela teria que tirar suas duvidas sobre a missão.

— Se eu chegar lá, sem mais nem menos, tenho certeza que irão desconfiar.

— Não se preocupe, a...— o centauro de mil anos foi interrompido por um entediado deus do vinho.

— Você sabe controlar a névoa, Bernard. — ele deu um gole em sua coca diet — Além disso, a sorte está sempre ao seu favor, não é ?

A menina estreitou os olhos em direção ao deus e respondeu: — É claro.

— Argos pode te deixar no local. — sugeriu Quíron.

— Não será rápido o suficiente. — proferiu Dionísio.

— Sr. D tem razão. — a menina suspirou em concordância a contra gosto. Olhou para o teto e pareceu ter uma ideia. 

— O que está pensando em fazer ? — questionou o diretor de atividades. Ele temia que a menina fizesse algo arriscado. 

— Quando Percy aparecer, eu espero que ele não se importe que eu tenha pegado o BlackJack. — ela disse, despediu-se dos dois e saiu rapidamente da Casa Grande, sendo seguida por Simon e Açucena, que nem precisaram fazer perguntas porque escutaram tudo por trás da porta. 

Ao chegar nos estábulos, a primeira coisa que a menina avistou foi o pégaso de pelos negros ali; obviamente ele não gostava muito de ficar lá, mas desde que Percy havia desaparecido, ali era o local a qual o animal se encontrava mais tempo.

Felícia se aproximou do pégaso, retirando alguns torrões de açúcar do bolso — é, ela quase sempre andava preparada.

— Preciso da sua ajuda, amigo. — ela passou a mão em BlackJack — Prometo que é rápido.

Ele fez um barulho estranho e a jovem desejou conseguir entender os cavalos como Percy fazia. Mas ao que parecia, ele havia concordado, porque começou a andar em direção a saída do local.

— Tome cuidado. — alertou Açucena, que estava ao lado de Simon na saída dos estábulos. 

— 'Tá certo, mamãe. 

— Fe, agora eu vou ter que concordar com Açu. — disse o descendente de alemão — Tome cuidado.

— 'Tá bom, papai. — ela sorriu ao ver os dois terem suas bochechas começarem a assumir a cor avermelhada — Estou brincando pessoal. Irei tomar cuidado e espero que vocês também tomem cuidado aqui.

Felícia montou em BlackJack e o pégaso levantou voo, deixando o Acampamento Meio-Sangue para trás. 

𝗟𝗨𝗖𝗞 𝗜𝗡 𝗟𝗢𝗩𝗘, Leo ValdezWhere stories live. Discover now