Cap 05

6.1K 431 21
                                    

Josh Beauchamp

Rolo sobre a cama, uma inquietação me toma, já tentei dormir mas falhei, a respiração irregular, os batimentos acelerados, as mãos suadas, o quarto cada vez menor. São 4:00 da manhã, a casa em um completo silêncio, um leve sopro de vento balançando os galhos das árvores , olho para o teto e centenas de pensamentos marcham por minha mente.

Uma tempestade se aproxima do lado de fora, os trovões ecoando, os clarões iluminando o quarto escuro, os raios dançando sobre o céu, o único som que escuto é das trovoadas.

O cobertor enrolado sobre mim, parece me sufocar, o teto parece cada vez mais baixo, raramente passo por noites como essa, mas as poucas que passo são terríveis.Os pensamentos de pegar a lâmina em minha gaveta estão dançando tango em minha mente, a boca seca me faz levantar e ir até a cozinha, caminho pelo corredor escuro as vezes clareado pelos raios que rasgam o céu iluminando a escuridão da noite tempestuosa.

Desço as escadas e vou para cozinha, abro a geladeira e pego uma garrafa de água, caminho até a janela da sala e observo a tempestade balançando as árvores enlouquecidamente, os raios gastando o céu, de certa forma isso me trás paz, um alívio, me sento na janela e vejo as gotas de água descendo pelo vidro.

Sempre que não tenho sono, fico sentado na janela observando a lua desaparecer e o sol nascer, as pessoas indo para o trabalho, o homem arremessando os jornais em sua bicicleta azul, algumas pessoas levando seus cachorros para passearem, sempre volto para meu quarto antes que meus pais acordem, quando eu tenho essas noites não dormidas, prefiro que minha mãe não saiba, não quero preocupa-la.

Minha família acorda quase no mesmo horário, Savannah enrola um pouco para levantar, depois de passar a noite em claro, subo para meu quarto e tomo um banho e me arrumo para ir a escola.

Como todos os dias, quando desço minha família já está junta tomando seu café da manhã e conversando.Eu não participo dessas conversas, apenas pego uma maçã e vou para a escola.

Sempre que chego meus amigos estão a minha espera com suas mochilas nos ombros e conversando.Mas dessa vez foi diferente, Any não estava, achei estranho pois ela nunca se atrasa.

-Bom dia.

Digo simples e todos me olham.

-Não dormiu bem a noite né?

Sina pergunta ao ver meu estado.

-Insônia.

Respondo simples, não quero estender o assunto e ter que mentir.

-Bom dia galera.

Any surge atrás de nós e parece não ter dormindo muito bem e talvez eu saiba o motivo.

-Você também não dormiu a noite?

Sina pergunta arrumando o cabelo de Any que está bagunçado.

-Também?

Ela pergunta arrumando sua mochila em suas costas.

- Olhe para Josh, ele parece um zumbi de apocalipse.

Sina diz e vejo Any me olhar.

-Estou com insônia, daqui a pouco volto a dormir normalmente.

Digo simples tentando desviar do assunto, Any percebe e inicia outra conversa dispistando a outra, agradeço mentalmente por isso.

O sinal tocou e entramos para a sala de aula, os alunos cochichavam sobre algo que não entendi, nos sentamos em nossos lugares e ficamos conversando até o professor chegar.

Alguns minutos depois o professor adentra a sala com o semblante triste, larga suas coisas sobre a mesa e se apoia sobre a mesma e nos encara, nos entreolhamos e ficamos esperando que o professor falasse.

-Então alunos, acabei de receber uma notícia muito lastimável, um dos nossos alunos do segundo ano tirou a própria vida na noite passada, ele foi encontrado em seu quarto com multiplas lacerações em seus pulsos, o laudo médico afirmou que ele ingeriu uma quantidade absurda de calmantes e depois cortou seus proprios pulsos, ele deixou uma carta para a familia e amigos, nela dizia que ele encontrou a paz e o alívio, ele não aguentava mais ser julgado, humilhado por apenas ser ele, disse que tentou resistir a tentação mas falhou, ele não se encaixava aqui,agora ele encontrou o descanso que tanto almejava.Vocês estão dispensados, a escola ficará de luto por dois dias, nos vemos na terça.

O professor da a notícia e se retira da sala, todos os alunos se olham pasmos e outros meio culpados, a sala toma um silêncio completo, olho para os alunos e vejo arrependimento em seus olhos, o peso da culpa exalando no ambiente é nítido.

Saímos da sala e todos se dirigiam a saída, na porta da escola tinha uma foto preta e branca do menino que morreu, nela dizia:Em memória de Gabriel Penades.

Olhei para Any e ela me olhava triste, apenas a abracei e seguimos para fora da escola, eu sei oque Any está pensando, eu não quero estar naquele cartaz, irei procurar um especialista.

Dei uma carona para Any, o caminho inteiro foi em silêncio, mas eu sabia exatamente oque Any estava pensando.

-Irei procurar um especialista, minha foto não estará naquele cartaz.

Digo e pego em sua mão.

-Promete?

Ela pergunta acariciando minha mão.

-Prometo.

Digo e vejo seu rosto suavizar e seus músculos relaraxarem, seguimos em silêncio, mas um silêncio confortavel.

Deixei Any em casa e fui para a minha, no caminho só pensava no menino que se matou, não quero ter o mesmo destino que ele, mas deve ser um alívio tremendo, não pense nisso Joshua, você vai procurar um especialista e vai sair dessa! Penso para mim mesmo e sigo para casa.

O pensamento de procurar um especialista me assusta, parece que ele é um assassino pronto para me matar e enterrar meus restos mortais em um descampado.Ele é só um medico querendo ajudar, nada de mais.Com esse pensamento positivo entro em casa encontrando minha mãe e minha irmã no sofá conversando.











-♡-

Comentem oque estão achando, o feedback de vocês ajuda muito e não esqueçam da "⭐", até o próximo cap.💕

-Vi.🦋


My Angel Where stories live. Discover now