CAPITULO 17

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Abril, assim como março, passou voando. As provas do primeiro bimestre foram super de boas, ou pelo menos pareceram. Faltam menos de quinze dias para o aniversário de Helena. Hugo me chamou para sair com ele hoje à noite. Meio que desenvolvemos uma amizade. Ele não é tão chato como eu achava. Exatamente "achava".

— Que bom que está se enturmando filho. — Disse minha mãe, quando avisei que iria sair com Helena e Hugo. Sim, eu menti, não quer cortar esse clima que a gente desenvolveu nesses poucos dias.

Por ser sábado, não há muito movimento na praça em que estamos. Hugo trouxe uma mochila com uma toalha e bebida, para bebermos. Eu não posso beber, para não voltar bêbado para casa. Eu e Helena decidimos apenas deixar acontecer, sem rotular nada. A praça é um pouco escura e tem algumas árvores, que traz uma sensação de leveza. O que me assusta é a sombra da igreja a nossa frente.

— Só uma dose... — Ele faz biquinho. Viro todo o líquido de uma só vez e desce queimando igual brasa. — Assim mesmo garoto! — Da tapinha nas minhas costas.

— Não quero mais e nem você vai beber mais. — Digo tomando a garrafa de suas mãos. Ele tenta pegar de mim, mas não consegue, apenas me derruba.

— Você tem hálito de menta... é gostoso... — Gagueja olhando nos meus olhos. Sorrio sem graça.

— E você tem algo duro na minha perna... — Falo e ele sorrir corando, mas não sai de cima de mim. Seu perfume é muito agradável. Poderia sentir por um bom tempo.

Pardon... — Se desculpa em francês. Ele sabe falar francês? — Eu sei um pouco de francês. — responde.

Nos deitamos um ao lado do outro e ficamos encarando o céu imensamente azul-escuro, com alguns pontos brilhantes - as estrelas. Ele mostra algumas constelações que conhece e eu falo delas. Se tem uma pessoa boa para se conversar, essa pessoa é Hugo. Ele presta atenção em cada palavra que sai da minha boca. Faz perguntas e mais perguntas. Parece até uma criança, querendo saber tudo do universo.

— "Para todos os garotos que aprenderam a jogar com regras diferentes." — Ele cita a frase de um livro que eu conheço, depois que eu acabo de falar que gosto de ler.

— Aridante? — Pergunto e ele sorrir em resposta. — Mentira que você leu! — Digo totalmente surpreso. Eu nunca, nunca mesmo imaginaria que ele curtia romance e ainda por cima gay.

Aristóteles e dantes descobrem os segredos do universo é o melhor livro que já li. — Assume fascinado.

— Isso porque ainda não leu "Vermelho, branco e sangue azul". — Digo e ele diz que vai ler.

Pergunto se ele pretende fazer algo surpresa para Helena e ele diz que não, que ela não gosta disso. Eu às vezes sou meio sensitivo. Hoje eu sinto que ele está bem triste, por isso quis beber. Eu tento me chegar, para poder saber o motivo dessa tristeza, mas ele se fecha. Sinto que só Helena tem essa abertura.

Acho que o álcool está fazendo efeito, pois sinto tudo girar ao redor. Fecho os olhos e sinto algo pesado em cima de mim. Abro os olhos e tenho a visão mais linda da minha vida. Os cabelos de Hugo estão caídos para a frente e a luz do luar o deixa extremante perfeito. Parece que o destino quer mesmo brincar comigo. Como pode eu sofrer tanto e agora está encantado por outro garoto?

Ele cola nossos lábios e sinto como se estivemos flutuando. Com certeza o tempo parou e está tocando uma música triste e romântica. O gosto de álcool é inevitável, mas nem isso deixa o beijo ruim. É maravilhoso. Sinto seu corpo roçando no meu e o clima começa a ficar quente. Muito quente!

— Melhor pararmos por aqui. — Digo abotoando minha bermuda. Ele bufa frustrado, mas sai de cima de mim.

— O que é isso? — Pergunta e fico confuso. Ele aponta para ele e depois para mim, como se isso fosse uma explicação.

Duologia De Quase Clichê | Eu sou Marte - Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora