CAPITULO 24

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Quem é você?EU SOU MARTE!


Hoje, dia primeiro de outubro, é aniversário de Hugo e faz nove meses que Helena partiu. Realmente o tempo passou voando. 9 meses longe do meu anjo da guarda. Sua mãe voltou à cidade- já que ela mudou de cidade, após a morte da filha -, mas estar somente visitando. Muitas vezes tenho pequenos flash do dia 1 de janeiro. Sinto aperto do peito sempre que tento lembrar.

Hugo está fazendo dezoito anos. Sim! Ele agora é maior de idade. Nós dois estamos levando cada dia, como cada dia. Não falamos mais sobre nós. Para mim somos amigos, que é algo que nunca deixamos de ser. Ele não quer festa de aniversário e eu o entendo. Todo dia primeiro não é um dia feliz para a gente. Dói muito pensar que a garota meiga e doce, partiu desse mundo de uma hora para outra. É uma dor aguda e forte.

— Parabéns! — Abraço Hugo com força. Ele agradece e retribui o abraço. Ele agora está trabalhando em uma padaria. Ele já sabe que fora reprovado esse ano, mas não vai desistir dos estudos.

— Hoje tá um dia com uma vibe tão... sei lá. — Comenta. Estamos na minha lanchonete preferida. Já que hoje é segunda e a gente fugiu da aula. É legal fazer isso. — Lembra quando eu, você e Helena bebemos na escola?

— Sim! — Gargalho da lembrança. Nesse mesmo dia nos beijamos. — A gente se beijou também...

— Foi ótimo... — Comenta descontraído e eu sorrio.

— Que bom que você está aqui... — Olho nos seus olhos e sorrio. Ele revira os olhos e sorrir.

— Você é tão fofo. — Ele faz uma voz fofa e eu caio na gargalhada.

Quinze dias desde o aniversário de Hugo e hoje por infelicidade é o aniversário de Gustavo. Ele quer fazer uma festa para comemorar os dezenove anos. Eu não quero fazer parte dessa palhaçada, por isso arrastei Hugo para o mais longe de nossas casas. Eu não gosto de ler para os outros, mas convidei Hugo para lermos juntos um livro. Escolhemos "Dantes e Aristóteles descobrem os segredos do universo". Eu começo lendo e após ler umas dez páginas, Hugo é quem ler.

Pode parecer estranho, mas até que é legal. Sua voz me acalma e é delicioso ver uma voz que me acalma, lendo um livro que eu amo. Como se fosse minha música preferida. Ele também trouxe seu violão. Eu sei só o básico de violão, mas ele sabe tocar.

— Sabe tocar de janeiro a janeiro? — Pergunto. Ele toca algumas notas e faz alguns sons. Ele deve estar tentando lembrar dos acordes da música. Em poucos minutos, um conjunto de notas encaixa perfeitamente com a letra.

— Achei! — Comemora. Sorrio e respiro fundo para começar a cantar. — Primeiro você, depois eu!

— Ok! — Espero o tempo para começar a cantar. — Não consigo olhar no fundo dos teus olhos e enxergar as coisas que me deixam no ar... — Fecho os olhos e deixo a música me consumir.

— ... olhe bem no fundo dos meus olhos e sinta a emoção... — Ele olha no fundo dos meus olhos enquanto canta. Sorrio bobo.

— ... que meu amor não será passageiro... eu te amarei de janeiro a janeiro... — Ele se preparar para cantar comigo. — ... Até o mundo acabar... até o mundo acabar... até o mundo acabar... — Cantamos juntos e eu me arrepio inteiro.

Nos deitamos no chão sorrindo um para o outro. Ele me diz que essa música lembra muito a gente e eu digo que penso o mesmo. Não sei o porquê, mas essa música, me faz lembrar de vários momentos nossos. Comemos os lanches que trouxemos e ficamos conversando sobre coisas da vida e cantando uma vez ou outra. É bom ter momentos assim. Em momento nenhum falamos sobre nós, ou sobre o que a gente tem. Só aproveitamos o momento.

Duologia De Quase Clichê | Eu sou Marte - Vol. 2Where stories live. Discover now