Capítulo 59

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Anthony White

— Me liga se precisar de alguma coisa. — Falei segurando a cintura da minha namorada enquanto outros alunos passavam ao nosso lado, também saindo do colégio.

Ela e Gregory estavam indo com Steven resolver tudo sobre a herança da Eleanor, enquanto eu iria para casa descansar porque teria um jogo importante hoje a noite.

Nos despedimos quando meu cunhado ligou para ela, cada um seguiu para seu respectivo carro, joguei minha mochila no banco de trás e fiquei alguns minutos olhando para o estacionamento do colégio que ficava cada vez mais vazio com o passar dos minutos.

Estava nervoso para o jogo, o campeonato estava cada dia mais importante para mim, afinal eu tinha decidido que queria seguir a carreira como jogador, independente da opinião do meu pai.

Eu tinha a esperança de que ele fosse me entender e respeitar minha decisão dessa vez, já que ele mudou tanto nos últimos meses.

Deixei uma música aleatória tocando antes de ligar o carro e seguir o caminho para casa, a qual estava vazia quando eu cheguei, nem as moças que cuidavam da limpeza ou o moço que fazia a manutenção da piscina e jardim estavam presentes.

Tomei banho depois de deixar meus materiais no quarto, coloquei uma roupa qualquer e fui para a cozinha preparar um lanche.

— Pizza congelada, macarrão instantâneo ou hambúrguer? — Perguntei enquanto olhava os armários e o congelador — Comer isso é entrada direta na fila do câncer. — Acabei rindo enquanto pegava uma das pizzas e uma lata de refrigerante.

Coloquei ela para assar de acordo com a recomendação da embalagem, me sentei na bancada enquanto olhava vídeos aleatórios no Twitter. Escutei um som na porta da frente e no mesmo momento desliguei meu celular, descendo da bancada e pegando uma colher meio grande que ficava exposta na bancada.

— Eu sou tão novo para morrer. — Sussurrei enquanto tentava ver discretamente o que estava acontecendo, já que o barulho continuava — Por que quem quer que seja tinha que escolher justamente o momento que eu estou sozinho em casa para tentar invadir?

Andei rápido fazendo o máximo de silêncio até a porta e fiquei atrás dela, quando a porta foi aberta eu não pensei duas vezes antes de fechar os olhos e bater a colher com toda a minha força na pessoa.

— Que caralho! — Exclamou a pessoa e eu apertei mais ainda os olhos, já imaginando como seria meu enterro.

— Desculpa pai... — Sussurrei abrindo um olho, tendo a visão da minha figura paterna passando a mão pela cabeça onde eu provavelmente tinha acertado a colher.

— Qual a porra do seu problema menino? — Perguntou me olhando bravo, eu encolhi os ombros antes de coçar a nuca sorrindo nervoso.

— Quer em ordem alfabética, cronológica ou por grau de risco à sociedade? — Perguntei e ele fez uma expressão que realmente me deu medo — Em minha defesa, foi você que tentou arrombar a porta, eu só estava me defendendo.

— Eu só esqueci minha chave e tive que usar a que fica em baixo do vaso de flor, mas ela não estava abrindo... — Falou sem paciência e eu me senti meio mal — Você estava se defendendo com uma colher? Por Deus, Anthony! Poderia ser um garfo, uma faca, um espeto de churrasco, até um prato, mas você escolheu uma colher? Tu é retardado?

Eu até pensei em respondê-lo, mas o cheiro da pizza dominou o ambiente e eu corri para a cozinha a tempo de tirá-la antes que estivesse queimada, coloquei ela sobre a bancada e peguei outra lata de refrigerante para meu pai, já que o mesmo estava pegando pratos para servir a pizza.

— Coloca outra para assar também, porque eu estou com fome. — Falou e eu fiz só porque tinha batido nele e queria comer uma pizza inteira.

Nós sentamos em lados opostos da bancada, ele cortou a pizza ao meio e colocou metade em cada prato, enquanto eu abria as latas e colocava em copos com gelo.

— Por que você está em casa essa hora? — Perguntei não achando comum ele estar longe do escritório no meio da tarde.

— Tenho uma reunião mais tarde e os documentos que eu preciso terminar de analisar estão aqui. — Explicou tomando um pouco do refrigerante.

— E o resto do pessoal? — Perguntei me referindo aos funcionários da casa e minha mãe.

— Folga para os funcionários... — Deu de ombros — E sua mãe foi se encontrar com uma cliente. — Minha mãe era arquiteta, mas não era sempre que estava trabalhando, meu pai trabalhava por todos na casa.

— Entendi... — Dei de ombros e ficamos em silêncio até terminar de comer.

Meu pai foi buscar os documentos dele enquanto eu lavava a louça que sujamos e limpava a bancada.

— Acho que seria bom você ir nessa reunião hoje. — Falou quando voltou, colocando vários papéis e o notebook em cima da bancada.

— Acho que não vai dar. — Falei cruzando os braços me apoiando no balcão, aquela seria uma boa hora para conversar, ele parecia de bom humor- Eu tenho um jogo hoje.

— Eu acho a reunião mais importante. — Rebateu me fazendo revirar os olhos, eu não entendia o porquê ele não gostar de basquete, era divertido e trazia um bom retorno financeiro.

— Nós temos que conversar sobre isso — Falei calmo procurando as melhores palavras — Seguinte, eu não quero e nem vou assumir sua empresa, eu não gosto disso e não me imagino administrando todo seu "império". Eu quero seguir a vida jogando basquete porque é o que me faz feliz. — Fui direto em explicar tudo, o olhar do meu pai era de pura indignação.

— Nem fudendo. — Falou alto batendo as mãos sobre o mármore.

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Continua...

Na Segunda Carteira Where stories live. Discover now