Na Segunda Carteira

Capítulo 37

Anthony White

Entrei no quarto, sentei na cama e suspirei, estava com muito medo da reação da Grace ao saber, que por ideia maluca daqueles dois meninos insuportavelmente irritantes que eu tanto gosto, nós vamos dividir o quarto essa noite.

- Anthony? - Perguntou confusa ao passar pela porta.

- Gregory se mudou pro meu quarto e me jogou aqui. - Falei rápido e ela riu.

- Isso é a cara dele. - Respondeu guardando o que parecia um shampoo na mochila.

- Se você se incomodar eu posso pedir pra trocar ou dormir no chão, sei lá. - Sorri nervoso, ela segurou meu rosto com as duas mãos ficando em pé no meio das minhas pernas e sorriu.

- Fica tranquilo White, não vai ser a primeira nem a última vez que vamos dormir juntos. - Deu de ombros com um sorriso de lado.

Eu ficava ainda mais encantado por essa versão nova dela.

Grace era extremamente tímida no começo, mas agora que já temos confiança e intimidade, ela mostra uma "Grace" que eu estou amando conhecer.

Sorri também, segurei a cintura dela e aproximei nossos rostos fazendo lábios se tocarem suavemente. Acho que posso passar o resto da minha vida beijando a Grace e nunca vou me acostumar com todas as emoções que eu sinto nesses momentos.

- Vamos? O Chris vai fazer o hambúrguer especial dele. - Ela segurou minha mão entrelaçando na dela e foi me puxando para fora do quarto.

- Hambúrguer especial? - Perguntei confuso.

- Acho que aquele hambúrguer é a melhor coisa que ele sabe fazer. - Deu de ombros.

Nos reunimos na parte de trás da casa, onde ficava a churrasqueira, a piscina, algumas mesas e redes.

Christian e Gregory estavam arrumando a churrasqueira e as coisas para montar os sanduíches, Richard e Elle estavam sentados na borda da piscina conversando, Clarke, Tyler e Charles estavam jogando alguma coisa de cartas que eu não entendia nada, eu e Grace deitamos em uma rede e ficamos observando o céu, tirei uma foto e postei nos stories do Instagram.

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Realmente o hambúrguer que Christian fez era muito bom, depois de comer ainda ficamos ali conversando por algum tempo.

Já passava da meia noite quando cada um foi para o seu respectivo quarto, eu me joguei na cama depois de colocar o celular para carregar, Grace deitou do meu lado e eu abracei a cintura dela.

- Eu não quero dormir agora. - Falou simples.

- Vamos conversar então? - Ela assentiu e eu fiquei alguns segundos pensando em um assunto. - Lembra quando a gente foi assistir filme lá em casa e minha mãe te chamou para jantar?

- O dia da guerra de sorvete? - Deu risada.- Lembro sim.

- Você falou pro meu pai que o Greg vai assumir a empresa do seu pai porque gosta, mas você não pareceu ter certeza disso. - Comentei.

- Greg era muito apegado com a nossa mãe quando era pequeno, ele e meu pai nunca foram muito próximos... - Suspirou ao começar. - Depois que a minha mãe fugiu, ele começou a pensar que se fosse mais apegado ao meu pai não teria sofrido tanto quando ela foi embora e desde então ele fez de tudo para se aproximar e dar orgulho ao senhor Thompson.

- Nossa... Entendo ele, eu acho. - Suspirei. - Não sabia que sua mãe tinha fugido, achei que seus pais eram divorciados.

- Ela trocou meu pai pelo treinador de basquete do Greg. - Falou e eu a olhei surpreso. - Na época meu pai trabalhava muito e ela queria mais dinheiro e atenção. - Deu de ombros. - Ela achou melhor procurar isso fora de casa.

- Sinto muito.  -Apertei meus braços ainda mais em torno dela.

- Tudo bem, já passou tanto tempo que eu nem sinto falta dela.

Ficamos em silêncio pelos próximos minutos, mesmo falando que não sentia falta da mãe, percebi que ela ficava abalada em falar sobre esse assunto.

- Você não é muito próximo do seu pai né? - Perguntou e eu neguei com a cabeça.

Grace seria a primeira pessoa que eu compartilharia meus problemas familiares, é claro que Tyler sabia uma coisa ou outra, mas nada muito concreto.

- Nenhum pouco... - Sorri de lado. - Thomas White é um manipulador, egocêntrico e irritante de alto nível.

Ela apoiou o queixo no meu peito e ficou me olhando com aqueles olhos quase verdes brilhantes que eu amo.

Na verdade, eu amo cada detalhe nela e isso já ficou claro para todos.

- Ele já planejou todo o meu futuro. - Comecei a história em um tom baixo. - A faculdade, com quantos anos eu vou assumir a empresa, o momento que eu vou dar tchau para sempre ao basquete e até o lugar onde eu vou morar ele já escolheu. - Ela começou a fazer carinho na minha bochecha e eu sorri fraco. - É claro que eu posso falar um foda-se para ele e viver a vida que eu quero, jogar basquete e construir minha própria história, mas não é tão fácil... Eu passei a vida toda sendo educado e preparado para ser o sucessor da empresa White e meu pai já deixou claro que se eu me negar a fazer isso ele vai afastar minha mãe de mim e eu não posso nem imaginar viver sem ela.

- Anthony... - Grace sussurrou.

- Acredita que ele pensa que eu me aproximei de você por causa da influência do seu sobrenome? - Ela arregalou os olhos- Segundo ele "amor é para os fracos e só vai atrapalhar minha vida". - Forcei a voz, ela deu um suspiro triste se afastando de mim e eu bufei vendo a merda que eu tinha falado.

É claro que daquele jeito ela acharia que é mais um problema na minha vida e de alguma forma iria me atrapalhar.

Sem pensar duas vezes, eu me deitei por cima dela dividindo meu peso entre meus braços.

- Ainda bem que eu não concordo com ele. - Falei enquanto acariciava o rosto dela.- Gostar de você não me faz mais fraco e nem me atrapalha, na verdade, é o que faz meus dias mais bonitos e leves. Ter alguém que faz meu coração acelerar só com um sorriso, que me deixa bobo só com um olhar é a melhor coisa do mundo.

- Eu não quero ser motivo de briga entre você e o seu pai. - Sussurrou.

O medo dela querer se afastar apertou meu coração e formou um nó na minha garganta.

Não consigo nem imaginar ficar sem ela depois de tudo isso.

- Você não vai ser. - Falei baixo. - Não sei  porquê, mas ele realmente gostou de você e nem é só pelo sobrenome. - Completei antes de beija-la. - Eu nunca deixaria ele interferir no que nós podemos ter. - Sussurrei e ela me puxou para outro beijo.

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Continua...