Capítulo 20

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Anthony White

Já eram quase três horas da madrugada quando eu consegui convencer Tyler para irmos embora. Colocá-lo dentro do carro foi difícil, já que o mesmo estava totalmente bêbado e mal conseguia parar em pé.

Eu havia bebido um ou dois copos de algo que eu não sei o que era, Tyler havia misturado algo e me entregado para beber, mas eu estava totalmente sóbrio e consciente dos meus atos. Tanto que não estava preocupado em ter que dirigir.

Nós fomos quase os últimos a ir embora, só haviam alguns amigos dos donos da casa, Grace e os amigos, os quais estavam bem sóbrios e garantiram que só iriam embora quando todos fossem embora e Charles e Christian estivessem minimamente recuperados para ficarem sozinhos em casa sem perigo de algo acontecer.

- Como é que a gente vai pra sua casa se você não consegue nem parar em pé? - Perguntei para Tyler que estava tentando tirar os sapatos, o cinto que eu havia colocado nele dificultava.

- Por que o azul se chama azul? - Perguntou, sua voz estava toda embolada. - Como alguém deu o nome da porta? Por que porta? Será que a pessoa olhou e falou "Hm você tem cara de porta"? Por que não parede ou céu?

- Tyler cala a boca. - Falei rindo, suas perguntas eram filosóficas demais para serem respondidas no momento.

- Eu queria ser um cachorro, mas um cachorro eu não posso ser porque um cachorro só come ração e eu só como macarrão. - Falou e eu fiz careta.

- Isso não faz sentido nenhum. - Falei baixo e ele deu de ombros.

- Você conseguiu pelo menos um beijinho da Grace? - Perguntou fazendo bico e uns sons de beijos.

- Não... - Suspirei chateado. - Quase não vi ela depois que chegamos e naquela sua ceninha em cima da mesa... - fiz careta me lembrando da vergonha que meu amigo tinha passado. - Ela ficou muito tempo com o Christian e depois com a Elle enquanto Richard tentava impedir que os amigos deles acabassem derrubando a casa toda.

- Mas você nem tentou falar com ela? - Tyler bêbado era uma mistura de vergonha ambulante, tio das piadas no churrasco de família e conselheiro amoroso, o que não fazia sentido nenhum já que o mesmo nunca tinha tido um relacionamento sério.

- Eu não quero um beijo aleatório dela em uma festa cheia de adolescentes, Norris... - Expliquei. - Acho que vou me aproximar nesse mês até o halloween e talvez eu possa pedir pra ficar com ela nessa viagem pra casa dos Blake, dependendo da evolução que nossa relação tiver. Não sei ainda, mas esse parece meu melhor plano.

- É... Não é tão ruim, visto que você pensou nisso sozinho. - Debochou e eu mostrei o dedo do meio para ele, mas percebi que o mesmo não viu pois estava com os olhos fechados. - Diamante é bonito, ouro é amarelo, eu queria adotar um cabrito caramelo. - Riu sozinho da piada que fez.

Fiquei em silêncio o resto do caminho até o prédio onde ficava o apartamento que Tyler morava nos últimos quase três anos, ele saiu de casa depois de ter uma briga feia com seus pais sobre alguma atitude abusiva da parte do pai dele, a qual a mãe de Tyler não se importava e alegava ser normal, pois ela como mulher deveria servir e agradar o marido, palavras que Tyler disse saírem da boca de sua própria mãe.

Era totalmente absurdo que no século 21 uma mulher pensasse dessa forma e aceitasse essas condições, mas eu não poderia interferir na situação se a mulher não queria ajuda nem do próprio filho, que tentou por anos abrir os olhos da mãe e convencê-la a deixar o relacionamento abusivo.

Na Segunda Carteira Where stories live. Discover now