capítulo 12⭐

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Rach apertou o passo e sumiu atrás de uma casa de pedra baixa e longa, com telhado inclinado de sapé. Quando se viu sozinha, ela pôs os braços sobre o abdome e se abraçou apertado. Seus dentes batiam e a pele toda formigava. Ela se sentiu um pouco culpada por deixar Finn sozinho e sob um falso pretexto. Não havia nenhuma mulher entrando em trabalho de parto naquele vilarejo. Pelo menos nenhuma que Rachel conhecesse. Mas ela viu uma ovelha dando de mamar para dois cordeirinhos em um cercado de pedra atrás da casa e decidiu que isso bastava para que ela não tivesse mentido.

Quando a multidão se fechou à volta dela, o frio também se aproximou. Ela soube que precisava se afastar e a verdade nunca servia de desculpa. Aquela lição lhe foi ensinada repetidas vezes ao longo de sua vida. Se ela implorasse para ser liberada de uma obrigação social apenas por ser tímida demais, sua família e suas amigas nunca acreditavam nela. Todos insistiam que ela só precisava tentar. Eles a pressionavam e a forçavam, falando sobre como se divertiria. Às vezes, eles prometiam. Mas nunca era diferente. Há muito tempo Rach tinha aceitado a verdade. Os mesmos eventos que levavam alegria e diversão para os outros eram uma tortura para ela. E ninguém nunca a compreenderia.

Depois que se acalmou, ela foi até a esquina da casa e observou a cena. As mulheres continuavam ao redor de Finn e a cesta de produtos de beleza. Elas pegavam os frascos que ele oferecia e examinavam os potes de creme, conversando e rindo entre si. Ele destampou uma garrafa de água de colônia e a estendeu para que uma moça de cabelo cobreado sentisse o aroma. Depois de inspirar com cuidado, a jovem riu e continuou sorrindo. Uma coloração rosada lhe chegou às faces sardentas. Rach suspeitou que aquilo não tinha nada a ver com o perfume e sim com o belo entregador.

Minha nossa, como ele estava bonito. O sol da manhã destacava os tons no cabelo dele e transformava sua pele em bronze. Finn emanava um ar tranquilo de autoridade. Ele estava confortável ali. Era provável que tivesse crescido em um vilarejo muito parecido com aquele. Ele sabia exatamente como cumprimentar cada um dos aldeões que se aproximava, desde a mais velha das avós até o jovem curioso que descia dos pastos na encosta.

Quando viu que a cesta de Finn tinha sido esvaziada e que as mulheres começavam a voltar para suas casas carregando seus novos tesouros, Rach saiu de seu esconderijo. Eles se despediram das crianças e dos cachorros e começaram a caminhada de volta.

- Foi uma brincadeira e tanto que você me armou, me abandonando para bancar o vendedor ambulante com as jovens.

- Eu não acho que elas estavam interessadas nos meus presentes. Acredito que estavam curiosas a seu respeito.

- Eu teria feito melhor se tivesse saído para os campos e conversado com os homens.

- O que você quer dizer é que isso teria sido mais senhoril.

Ele soltou um ruído de pouco caso.

- Não se trata de ser senhoril. É o meu dever conhecer os vizinhos e fazer com que saibam que não precisam se preocupar com o futuro. - Ele a encarou. - Falando de preocupações, o que aconteceu lá atrás?

- Não sei do que você está falando.

- Eu acho que sabe. Quando as mulheres a rodearam, foi como se você tivesse ido parar em outro lugar. Ou se trancado dentro de si mesma. Você não estava lá. Notei que a mesma coisa aconteceu durante nosso casamento.

Ela mordeu o lábio.

- Você acha que as mulheres repararam?

- Não sei dizer. Mas eu reparei.

Ela olhou para longe.

- Eu lhe disse. Sou tímida.

- Isso me pareceu ser mais do que timidez.

Make you mine - FinchelWhere stories live. Discover now