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Continuação.
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𝐕𝐢𝐨𝐥𝐞𝐭.

O moreno parece querer me fuzilar com os olhos agora. Não duvido que faria se pudesse realmente.

Acredita que estou mentindo. Por isto nem sequer acredita que posso dar uma explicação verdadeira.

Qualquer palavra que sair minha boca será um emaranhado de combinações superficiais e fúteis.

— Lembra quando me perguntou sobre aquela mulher da foto? — Balbucio mal conseguindo sustentar o peso desta lembrança. O rosto da Raquel se forma na minha mente e a toma por inteiro.

Abaixo o olhar evitando-o.

Ele apenas fica firme e perplexo escutando atenciosamente.

— É minha irmã, Raquel. — A garganta se fecha e eu mal consigo dizer mais palavras.

E está de volta. — As palavras saem feito um raio e atingem as paredes da sala uma por uma até ricochetear em mim se voltando contra a feiticeira.

O olhar do moreno se paralisa numa onda estranha que não consigo decifrar... Arrisco dizer que está surpreso. Arrependido talvez.

Não tinha como saber... Porém, poderia ter sido mais cuidadoso.

— Foi por isto que fez aquilo? Os olhos vermelhos... — Reflete a análise mental que constrói sobre as respostas que estavam "ali o tempo todo", sinto um ar gelado subir pelo peito.

Seu olhar se encontra perdido vagando confuso e distante pela sala.

Parece que cometeu um crime.

Desculpe. Não foi sua culpa. — Consigo destravar e dar o primeiro passo para melhorar minhas atitudes em relação a meu secretário.

As íris castanhas feito as montanhas me alcançam e parecem ficar atraídas por mim...Um ímã.

— Faz tantos anos que Raquel foi embora, pode parecer imaturo, mas a ferida não cicatrizou... — Sinto dor só de tocar no assunto.

As paredes claras me espremem a medida que as batidas aceleram, o suor das mãos as torna escorregadias e geladas, e a cabeça dói — surgem pontadas irritantes num lugar específico.

— Fui indelicado, idiota... Grosseiro. Perdão. — Seu pedido é realmente sincero saído da voz que vai sumindo aos pouquinhos até virar um fiapo.

Evito olhá-lo.

— Está tudo bem. — Mentir virou hábito em minha vida.

Lucien se aproxima casualmente.

— Não, não está tudo bem Violet. — Concretiza analisando meticulosamente minha expressão que certamente está péssima.

Massageio as têmporas apoiando os cotovelos sob a mesa escura.

Parece que a qualquer momento este teto vai desabar sobre mim.

— A quanto tempo não dorme? Seus olhos... — É bem nítido notável as minhas olheiras enormes que a maquiagem não conseguiu disfarçar.

Quero fugir, chorar. Tirar de mim este sentimento ruim.

Sinto a mão de Lucien repousar sob meu ombro direito. Leve e firme.

— Tenho tido pesadelos horríveis desde que aconteceu... Acordo gritando, sem noção de que realidade vivo, com medo angústia e um vazio enorme. — Explico libertando o peso disto dentro de meu coração.

꧁ 𝙲𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚕 ꧂Donde viven las historias. Descúbrelo ahora