VI. Às escondidas

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Quinta-feira, 17 de Junho de 2021. Rio de Janeiro, Brasil.

Bianca POV.

Os últimos dias estavam sendo surreais. Depois do meu encontro com Rafaella, nós começamos a trocar mensagens de maneira cada vez mais frequente, e segundo Mariana, eu parecia uma adolescente emocionada.

Obviamente eu ainda tenho medo de tudo isso, ainda tenho medo de me decepcionar com Rafaella, de acabar me apegando mais do que deveria para depois ver ela indo embora. Isso piorou os meus pesadelos, são noites sem conseguir dormir direito, mas estou tentando fazer o que Marcela me aconselhou a fazer, dar uma nova chance para as pessoas e para os momentos bons que podem acontecer.

E apesar do medo, eu estava determinada a seguir com o meu segundo encontro com Rafaella, que deveria ser esse fim de semana mesmo, mas as coisas acabaram saindo dos eixos na empresa, o que me obrigou a marcar uma viagem imediata para São Paulo e em seguida Curitiba. Iria passar dez dias fora e consequentemente não teria a chance de sair com Rafaella nesse fim de semana nem no próximo.

Ao comentar com Rafaella na noite de ontem que teria que adiantar minha consulta com sua irmã para hoje, ela pediu para que eu chegasse alguns minutos mais cedo pois queria conversar comigo e poderia aproveitar que tinha um tempinho livre em sua agenda hoje. Obviamente foi outra noite de pesadelos e com medo do que iria ouvir, isso piorou quando ela não me mandou nenhuma mensagem no dia de hoje.

"Será que ela mudou de ideia e não quer mais sair comigo?"

– Senhorita Andrade, vamos – Rafaella me chama e dá um sorriso gentil para as pessoas que estão esperando na recepção.

Acompanho ela até sua sala, e sinto meu coração disparar.

– Certo, se não quiser mais sair comigo, pode falar, tudo bem, vou entender – disparo a falar assim que ela fecha a porta de sua sala – só não tenta enrolar e falar que não sou eu, é você, porque realmente não precisa disso e...

– Bia, calma – ela se aproxima e abraça minha cintura – não é nada disso, eu só queria te ver e conversar um pouquinho antes que fosse viajar – sinto que é mais fácil respirar após sua explicação. Eu realmente odeio sentir que vou ser deixada novamente, mesmo que seja por uma pessoa nova em minha vida – me desculpa por ter explicado direito, você deve ter ficado esse tempo todo pensando milhares de coisas, me desculpa mesmo.

– Está tudo bem, é só que eu, é... hum – como explicar sem parecer uma louca – você falou isso e não falou mais nada comigo hoje e eu só comecei a pensar e... me desculpa por ser insegura assim, eu sei que não é legal isso e você não tem que ficar falar comigo o tempo todo, eu só pensei que...

Sou interrompida por seus lábios nos meus. Sua intenção é apenas me dar um selinho, mas não posso ignorar a minha necessidade de aprofundar o beijo.

"Oh meu Deus, será que vou morrer assim sempre que beijar essa mulher? Imagina no dia que... talvez seja melhor não pensar nisso, não tenho estruturas para isso ainda."

– Está mais calma agora? – ela pergunta após quebrar o beijo.

– Se você acha que me beijar vai me acalmar, é porque você não tem noção do gay panic que isso me causa – falo e só então me dou conta das minhas palavras.

"Porra, Bianca, tu disse isso em voz alta mesmo? É uma jumenta do caralho."

– Finge que eu não disse isso – falo após sentir meu rosto corando.

– Você fica tão linda envergonhada – diz entre risadas.

Ela desmancha o bico que se forma em meus lábios com outro beijo.

InefávelWhere stories live. Discover now