Capítulo 16

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Hey, pessoinhas!! Como estão??
Antes tarde do que nunca, né?
Aviso rápido; coloquei colete emocional e tudo oq puderem!!
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Aaliyah

— Shawn quer falar com você. — Brianna passa por mim e sorri falsamente. — Tenho dó de você. Se fosse uma filha exemplar da famiglia, talvez seu castigo fosse menor…

— Não acho que meu castigo seja menor, Brianna. Ele é imenso só por eu ter que aguentar ver essa sua cara ridícula cheia de botox. — Eu me ergo do sofá e ando em direção ao escritório de Shawn. — Ah! — Viro-me e sorrio ao vê-la me olhando. — Uma filha exemplar da famiglia é abrir as pernas para o chefe e subchefe quando eles mandam? Desculpe. Eu nunca serei. Expresso minhas condolências pelas suas perdas — digo levando minha mão ao peito.

— Vadia.

— Puta.

Saio da sala e abro a porta. Shawn está de pé, olhando para a vasta paisagem contendo árvores e mais árvores.

— Me chamou? — Sorrio vendo suas malas já prontas ao lado da mesa.

— Raul se mudou — ele anuncia rápido e eu franzo as sobrancelhas.

— O quê? Por quê? — questiono e percebo que gritei.

Sinto frio rastejar sob a minha pele antes mesmo que Shawn possa falar algo.

— Todos temos um dever, Aaliyah. Sei que não pediu por isso, eu também não. Apenas nós três sabemos que você não é filha do meu pai. Somente nós três sabemos que Raul foi deixado aqui por sua mãe vagabunda. — Shawn se vira e eu vejo a dor por todo seu rosto. — Dói em mim, porque sei o quanto doerá em você, mas…

— Não… — Caio sentada, sabendo muito bem o que virá em seguida.

— O Chefe quer casar você com o irmão mais novo dele. Ele é um bom soldado, sei que poderá protegê-la…

— Eu quero Raul. Você sabe disso — afirmo tremendo.

— E eu queria Camila. Os Mendes não podem ter o que querem.

— Onde ele está? Aquele filho da puta nem mesmo ficou para me contar? — pergunto furiosa e Shawn aperta os punhos.

— Ele também vai casar. Até antes de você. — As palavras do meu irmão são como facadas em meu coração. — Eu pedi que ele se mudasse assim que soubemos. Raul quer o melhor para você. Ele fez o certo, eu o admiro por isso.

— Foda-se. Sei meu dever, eu sabia que uma hora eu teria que fazer o que a bosta da famiglia quer.

— Se alguém te escuta falar isso…

— Somos eu e você. Ninguém vai escutar nada, Shawn. — Reviro os olhos e ele acena.

— Arrume uma mala, vou levá-la para Nova York comigo. — Shawn anda até mim e me puxa para seus braços. — Estou orgulhoso de você também, Liyah.

***

Shawn

— Ela não sabe que você vem — aviso a Raul quando me sento no jatinho ao seu lado. Aaliyah ficou numa loja comprando sanduíches, já que não almoçou.

— Isso é bom. — Ele engole em seco e olha pela janela. — Quem mandou dos filhos da puta se apaixonarem? É isso que dá.

— Estou orgulhoso de vocês, Raul. Sei que não foi uma decisão legal, mas sei que vocês vão se virar muito bem.

— E você? Vai se virar? — Franzo as sobrancelhas e suspiro acenando.

— Vou.

— Quem foi até a casa dela? — ele muda de assunto e eleva a sobrancelha quando desvio minha cabeça para encarar a porta.

— Ninguém…

— Sério? — Raul ri e aperta meu ombro. — Aposto que foi Gideon ou Gabe. São os únicos em quem você confia.

— Gabe — resmungo chateado. O ruim de ter irmãos é que eles vão saber até as merdas que você é capaz de fazer só com um olhar.

— E aí?

— Olhe. — Tiro meu celular do bolso e vou para a galeria. Abro uma das fotos e meu ar é puxado fora. Camila está sorrindo na foto, com muitas sacolas nas mãos enquanto abre uma porta.

Ela está bem mais cheia do que da última vez que a vi, mas, porra! Tão linda quanto. Acho que até mais.

— Como ela engordou. Comendo naquele ritmo, eu sabia que iria. — Raul ri e me encara. — Vá vê-la, Shawn. Talvez nunca possa novamente.

— Não precisarei ir — murmuro e guardo o telefone. — Ela virá até mim.

Não até mim, é lógico, mas até minha irmã. E foda-se se eu não estarei presente. Mesmo de longe.

***

Camila

Eu me olho no espelho e agradeço por estar frio. Coloco o cachecol para dar volume em meu colo, mesmo que eu não precise realmente dele. Meus seios estão maiores, é até irritante.

— Estou passando na rua. Se você me visse, de repente, diria que estou grávida? — Encaro a cara de Roger e Noah, andando pelo quarto, atuando a minha questão.

— Eu acharia que está gorda — Noah diz sério, e eu sorrio, me aproximando para beijar sua bochecha.

— Obrigada, Noah. Eu precisava saber que estou parecendo uma baleia.

— Você está linda, querida, e ninguém diria que está grávida. Só não tire o casaco e tudo ficará bem. — Roger se ergue e faz sinal de joinha.

Eu aceno sorrindo e volto a me olhar no espelho. Noah segue o pai e os dois somem.

— Esperando você, querida! — mamãe grita lá embaixo e eu me apresso, saindo de casa.

Passa das oito da noite, Liyah diz que está a caminho do hotel e pede que eu vá. Não queria ir agora, realmente acho que ela deveria descansar, mas ela implorou e disse que precisava de mim. Não sei para o quê.

— Você está linda e vai dar tudo certo. Se precisar, me ligue que irei buscá-la rapidamente. — Mamãe sai do encostamento já falando.

— Eu sei, mãe, mas relaxa. Vou pegar um táxi para voltar, ou um Uber.

Mamãe sorri e acena. Quando já estamos chegando, ela diminui a velocidade e encosta no meio fio, antes do hotel.

— Você pode contar a ele, Camila. — Abro a boca para contrariar, mas ela sorri balançando a cabeça. — Ele não poderia pegar seu filho. Roger é um homem poderoso também. Temos condições de lutar por seu filho na justiça, se é isso o que o pai decidir…

— Mãe, não se preocupe. Sei o que estou fazendo.

— Tudo bem, querida.

A noite fria se torna ainda mais fria quando os pingos começam a cair. Mamãe volta para a pista e estaciona para que eu possa descer.

— Eu te amo! Nos vemos mais tarde. — Beijo sua bochecha e saio do carro.

Ando diretamente para a recepção e pergunto onde fica o bar. Assim que entro no local, vejo Brian em um dos cantos. Seu rosto sempre sem expressão fica suave ao me ver e eu sorrio. Procuro por Liyah e a encontro em uma mesa, balançando os braços.

— Mila! — Ela me puxa para seus braços e me aperta. — Você está incrível, eu juro. Como pôde ficar linda desse jeito? É cruel com o resto de nós, meros mortais.

Eu sorrio, lembrando o quanto Liyah é engraçada.

— Estava morrendo de saudade — digo me afastando. — Você… — Franzo as sobrancelhas ao ver seu rosto. Ela andou chorando. — O que aconteceu? Você estava chorando, Liyah?

— Meu telhado de vidro quebrou. — Ela pisca se sentando, e eu a sigo.

— Oh, Liyah, eu sinto muito. — Pego suas mãos e ela balança a cabeça, limpando o rosto.

— A famiglia já pensou em tudo. Eu me caso, ele se casa — sua fala é amarga. — Eu odeio a minha vida. — Seu resmungo se torna silêncio enquanto ela limpa as bochechas.

— Não sei o que dizer, realmente. Sempre quis sua felicidade, Liyah. — Encaro seu rosto aflito e sorrio. — Raul deve estar horrível também — digo suspirando e ela acena.

— Ele veio conosco. Nem em meus olhos ele conseguiu olhar. Eu precisava dele, Mila, e ele me deu as costas…

— Raul está sofrendo tanto quanto você, Liyah. Dê um tempo a ele — aconselho e ela acena, chamando um dos garçons.

— Uísque — ela pede e se vira para mim. — Que tal ficarmos bêbadas hoje?

Meu estômago embrulha. Não posso beber.

— Na verdade, eu vou ficar no suco natural. — Sorrio e ela franze as sobrancelhas.

— Deixe de ser um estraga-prazeres…

— Sério, Liyah, não quero.

O garçom vai embora e logo volta com nossas bebidas. Olho em volta, sentindo minha coluna enrijecer.

— Você contou a ele que estou morando aqui? — questiono, e nós duas não precisamos que eu fale seu nome.

— Sim. — Ela bebe mais um pouco de uísque e me encara, mordendo o lábio. — Me desculpa…

— Não tem problema, Liyah. — Forço um sorriso e relaxo na cadeira. — Só não o quero próximo. Ontem tinha alguém fora da minha casa, dentro de um carro. E eu sei que, se não era ele, era alguém que ele mandou — conto devagar e sorrio infeliz. — Eu não quero ele me seguindo ou pedindo alguém para fazer isso. Minha mãe ficaria assustada…

— Tudo bem, Mila. Eu não sabia que ele tinha mandado alguém, mas ele nunca faria mal a você…

— Eu sei que fisicamente não. — Aceno e bebo mais suco. — Nunca falei para ninguém sobre ele. Minha mãe nem sabe seu nome, eu…

— Nós entendemos…

— Ela nunca me ouviu falando dos meus sentimentos por ele, mas ela é incrível. E inacreditável também. Ela me desvenda em um olhar, Liyah. — Meus olhos se enchem de lágrimas instantaneamente. — Temo perder ela e Noah, sabe?

— Eu entendo e acho que ela deve ser muito incrível mesmo, já que você é uma parte dela. — Inclino-me em sua direção e a abraço.

— Não menti quando falei que você era o meu anjo da guarda. Liyah, você me levou de volta para ela e eu serei grata por toda minha vida — sussurro contra seus cabelos.

— Eu que sou grata pela sua amizade.

Afasto-me e vejo quando seu olhar pega algo atrás de mim. Levo um soco quando vejo Shawn e Brianna entrarem. Volto a olhar para Liyah e vejo seu assombro.

— Ela não veio com a gente. O que diabos essa puta está fazendo aqui? — Liyah parece realmente com raiva, e eu me preparo para pedir desculpas e me retirar.

— Desculpa, Liyah. Você vai ficar aqui até quando? — questiono terminando o meu suco. Jantei antes de sair de casa e agora estou temendo vomitar tudo.

Não pensei que eu ainda seria tão vulnerável a ele. Passaram-se meses. Por que eu ainda gosto dele? Por que saber que ele se casou realmente com Brianna me faz querer chorar?

Meu bebê chuta e eu tremo, esperando Liyah responder.

— Até segunda, no máximo. Vamos para meu quarto. Podemos ficar lá sem interrupção. — Ela se ergue e vem para o meu lado.

— Liyah, eu preciso ir — murmuro sentindo outro chute.

— Por favor, Mila — ela implora e eu aceno.

Eu me ergo para ir, mas um mão forte pesa sobre meu ombro.

— O que…

— Aaliyah Mendes — a voz soa controlada e baixa.

Eu me viro para olhá-lo e vejo-o sacar uma arma e atirar nas costelas de Liyah. O homem corre para longe em seguida. Os olhos da minha melhor amiga se arregalam minutos antes de ela cair. Eu me ergo da cadeira e caio em cima dela.

— Liyah? Olhe para mim.

— Mila. — O medo cru que enxergo em seus olhos me faz gritar.

— Socorro! Chamem uma ambulância! — Lágrimas embaçam minha visão e eu tiro meu cachecol e o pressiono contra seu ferimento.

— Liyah! — a voz de Shawn soa longe e eu me afasto quando ele cai ao lado da irmã. — Ei, garotinha, vamos lá. Vai ficar tudo bem. — Ele a pega nos braços e a carrega para a saída.

Raul aparece já na saída e de repente ele cai no chão. O atirador sai de uma porta atrás dele e corre. Eu me ergo, indo até ele, e ele pisca.

— Liyah. — Raul tem os olhos cheios de lágrimas e eu me abaixo.

— A ajuda está vindo — murmuro e procuro por Shawn.

Tentaram matar seus irmãos, é claro que vão tentar matá-lo.

Não. Por Deus não.

Mais tiros soam e Raul é tirado dos meus braços. Meu casaco está cheio de sangue, mas não me importo. Abraço minhas pernas e choro, soluçando. Não sei se passam minutos ou horas, mas escuto a voz da minha mãe.

— Pedacinho do Céu? Vamos para casa. — Ela me ajuda a levantar e eu encaro o pavor por todo seu rosto. — Pensei que tinha te perdido…

Ela começa a chorar, mas eu não faço nada para acalmá-la.

— Liyah e Raul… eles morreram, mãe? — pergunto enquanto vamos para seu carro.

— Três pessoas morreram, filha. Não sei seus nomes, eu só estava focada em achar você. — Suas mãos tremem enquanto ela tenta abrir a porta.

— Desculpa, mãe. O atirador apareceu de repente. Ele atirou nela e depois no irmão dela… oh, mãe, eles eram meus amigos. — As lágrimas descem e mamãe me ajuda a entrar no carro e passa o cinto de segurança por meu corpo.

A chuva engrossa e ela dirige pela cidade, em direção à nossa casa.

— Eu sinto tanto, querida. — Ela beija minha mão sem nem notar o sangue seco.

O sangue da Liyah. Da minha melhor amiga. Tia do meu filho.

Quando chego em casa, disco o número do celular de Shawn. Eu o memorizei quando ainda morava em sua casa. Ele chama várias vezes, fazendo com que cada bipe aperte meu coração dolorido. Quando acho que a ligação vai cair, sua voz ecoa.

— Shawn Mendes — seu nome é dito com a voz brava.

— Quero ver a Liyah. Ela está bem, não é? — murmuro rapidamente e me sento na cama. Abraço minha barriga, tentando me manter calma. Está tudo bem.

— Pequena — sua voz é baixa e ele respira fundo. — Ela não aguentou. Nenhum dos dois. — A agonia em suas palavras me faz sufocar com dor.

— Não! Não pode ser! — eu grito, me envolvendo em uma bolha no meio da cama. — É mentira! Ela está bem, e amanhã vamos sair juntas. Ela disse que ficaria até segunda. Pare de mentir!

— Eu não estou, pequena. — Ele pausa e eu escuto alguém no fundo, falando com ele. — Outro atirador chegou em seguida. Ele atirou e matou mais uma pessoa.

— Quem?

— Brianna.

— Eu sinto muito, Shawn. Sinto tanto. Nem sei como pedir que Deus console tanta dor. Seus irmãos e sua esposa. Não…

— Eu preciso voltar para casa. Preparar o funeral deles e fazer algo com a propriedade… eu nunca mais quero entrar naquela casa. — Sua voz soa firme e eu invejo sua capacidade de estar pelo menos um pouco calmo.

— Eu a amava. Ela era a pessoa que eu mais confiei em toda minha vida, e eu não posso colocar em palavras o quanto perdê-la está doendo — confesso soluçando.

— Ela te amava também, Mila. Ela implorou para vê-la hoje. Eu deixei, porque, depois do anúncio do casamento, ela ficou desolada…

— Mande as informações do funeral. Eu irei.

Eu desligo em seguida e volto a chorar. O que eu farei para continuar a esconder a gravidez? O mais importante: eu deveria continuar?

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