Uma Garota Cristã

19 - o que você sente por mim?

– eu acho que vou ser solteira pelo resto da minha vida — disse Terry enquanto caminhamos em direção a uma lanchonete junto com a Mia, o Maden dispensou ela então ela me ligou dizendo que precisava de um momento de garotas

– a vida é longa demais pra pensar assim Terry — falei — você só tem dezoito anos

– dezoito anos e já atingi o limite de apenas um relacionamento desastroso

– o Maden é um idiota, ele não sabe aproveitar as coisas boas da vida — disse Mia me fazendo rir. Fomos caminhando mais um pouco escutando as reclamações da Terry e de como ela está deprimida com o seu término, até que uma garota vestida de forma masculina passou por nós

– olha a Lily — disse Mia, encarei a garota — dizem por aí que ela contou pra a mãe que gosta de meninas e tava apaixonada pela vizinha, a família das duas surtaram, as duas marcaram de fugir, mas no dia a vizinha vacilou porque os pais a mandaram para um colégio particular, então a Lily saiu de casa dos pais e tá morando com uns amigos

– o FBI da diferente hoje — disse Terry rindo — hey...Lily, cadê sua bichona? — gritou Terry para a garota, ela olhou para a Terry e a ignorou voltando a mexer no celular

– ela parece tão triste — falei notando o olhar dela

– deve ser horrível ser abandonada pela namorada — Mia falou alto o suficiente para que ela escutasse, então caminhou até ela e bateu no seu ombro propositalmente

– qual é o vosso problema? — perguntou ela praticamente sem paciência, eu encarava tudo de longe

– meu problema é você — disse Mia a olhando com desprezo, eu não sei como me sentiria se alguém olhasse pra mim como a Mia esta olhando para a garota

– eu nunca fiz mal pra vocês, eu nem vos conheço — disse ela na defensiva, Terry soltou um sorriso irônico

– vocês e suas preferências sexuais — disse Terry, a garota engoliu em seco e baixou o rosto — cadê tua namoradinha pra te defender? Espera...ela abandonou você — as pessoas foram se aproximando e encarando a situação

– vaza daqui — Mia a empurrou e a garota caiu no chão

– porque estão fazendo isso com ela? — perguntei chamando a atenção de todos, Terry olhou pra mim surpresa — porque não a deixam?

– é sério? Você é cristã, deveria odiar os homossexuais — disse Terry óbvia

– é essa visão que você tem da gente? Um povo que só sabe julgar o estilo de vida dos outros? — me aproximei da garota e estendi a minha mão para ela, ela olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas, hesitou um pouco mas no fim segurou na minha mão e levantou — não cabe a mim nem a ti desprezar ninguém, se você não gosta da sexualidade dela okei, mas não trate ninguém como lixo porque pelo que sei, Jesus morreu pra todos inclusive pra ti que tem a mania de se achar melhor que as pessoas Terry

— qual o teu problema?

– o que há com a tua amiga? Vamos embora — disse Mia, Terry olhou para mim indiferente, como se estivesse decepcionada comigo, e então foram embora

– porque você me defendeu? — perguntou a garota após elas se afastarem

– porque é assim que eu quero ser tratada...com respeito — coloquei a minha mão sobre o ombro dela e sorri, ela retribuiu o sorriso, então sai dali. Por mais que a Terry estivesse chateada comigo, eu sinto que fiz uma coisa boa, eu não poderia ver elas humilhando a garota sem fazer nada, ninguém merece ser tratado daquela forma

Estou nervosa, minha cabeça esta doendo, minha respiração esta ofegante e minhas mãos trêmulas, peguei no celular e mandei uma mensagem para o Olly perguntando se ele poderia vir me buscar, não demorou muito e ele respondeu que sim

Caminhei até uma arquibancada e sentei lá a espera dele, cinco minutos depois Olly parou o carro na minha frente, levantei de imediato e entrei

– vamos logo — falei depois de apertar o cinto

– oi pra ti também — disse ligando o carro e arrancando, coloquei a cabeça na janela e fiquei olhando para o nada, eu não queria falar nada, e na verdade eu agradeço pelo Olly respeitar o meu silêncio, senti o seu olhar sobre mim algumas vezes, mas de sua boca não saiu nada — quer saber? Esquece — ele deu a curva com o carro e eu o encarei surpresa e amedrontada

– o que você tá fazendo? — gritei ao ver que ele estava indo para um caminho diferente da minha casa

– eu vou te levar pra um lugar

– o que?

– nenhuma garota merece ser vista por aí assim, eu vou te levar pra um lugar

– mas que lugar?

– você vai ver

E o Olly não me disse mais nada, tentei perguntar várias vezes mas ele só sabia me ignorar. Se ele queria me deixar mais tranquila aquilo não tava funcionando, sua ignorância e falta de resposta estava me deixando cada vez mais irritada

Observei o carro entrar pra um lugar estranho e ao mesmo tempo assustador, depois de poucos minutos ele estacionou, olhei pra ele confusa e o mesmo sorrio da minha reação, desligou o carro e desceu

– Vayola, desce logo — gritou ele fora do carro

– eu não vou descer, esse lugar é assustador — cruzei os braços, o vi abanar a cabeça negativamente e de seguida ele abriu a minha porta

– se você não descer por bem eu vou te carregar — disse sem me dar a chance de opinar

– tá legal, se você quiser me matar fica já sabendo que coloquei um localizador no meu celular — falei descendo e ele riu. Ele segurou na minha mão, foi um simples toque mas foi o suficiente para me deixar com a pele formigando

Caminhamos mais um pouco até pararmos em frente a uma cerca velha. Olly levantou a certa e entramos no lugar repleto de arbusto e raízes secas, é estranho estar aqui, mas por um motivo eu confio nele e acredito que Olly jamais faria algo pra me prejudicar. Passamos por vários obstáculos até finalmente ele abrir um monte de capim, dando a vista um lugar completamente maravilhoso

Estávamos no topo de um monte, daqui podia se ver quase toda a New Haven, dos bairros até os prédios. A vista é linda, entre abri a minha boca demonstrando estar surpresa e encantada

– gostou? — ele me perguntou, não respondi, simplesmente me virei pra ele e lhe dei um forte abraço, Olly pareceu processar um pouco esse ato repentino, mas retribuiu o abraço passando as mãos nas minhas costas

– a vista daqui é maravilhosa

– é mesmo, agora você conhece o meu lugar favorito na cidade — ele sentou por cima de uma Rocha e eu fiz o mesmo — eu costumava vir pra aqui com alguém especial. E espero que você faça o bom uso dele porque significa muito pra mim

– quem?

– uma garota

– a Khate? — ele me olhou e depois negou com a cabeça soltando um sorriso fraco de seguida. Abano a cabeça positivamente aceitando o facto de que ele não quer falar sobre isso 

– você e o Noah, está rolando algo? — perguntou ele depois de alguns minutos em silêncio, Olly pareceu meio desconfortável ao fazer essa pergunta, tossiu para disfarçar e de seguida coçou a nuca

– não, é complicado, ele é meu amigo e bem...o que sinto por ele é completamente diferente do que ele sente por mim — expliquei

– e sobre mim, o que você sente por mim? — ao me fazer essa pergunta, eu fiquei realmente sem reação. O que eu sentia por ele? Eu nunca pensei por essa vertente, e agora que ele fez00 essa pergunta, eu não sei o que responder, não consigo achar um nome para o que sinto pelo Olly

Eu não consegui responder, simplesmente inclinei a minha cabeça para o seu ombro me permitindo desfrutar desse momento único sem outras pessoas, sem problemas, e sem doenças