34- isso não é um adeus

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Assim que cheguei no portão da minha casa, pude avistar o Tyler e a Malia chegando também, os dois parecem bem íntimos de maos entrelaçadas. Porém a aparência do meu irmão é que me preocupa, ele parece mais abatido que eu, seus passos são lentos, o olhar cansado e o cabelo bagunçado. Quando nossos olhares se cruzam ele esboça um sorriso forçado se aproximando

– você deixou a gente preocupado — se expressa

– eu precisava pensar um pouco — respondo — oi Mali

– oi Yola, que bom que você chegou, precisamos te contar algo importante — ela se expressa aparentemente nervosa

– Ahm...tudo bem, é melhor a gente en...— não consigo terminar de falar quando começo a escutar gritaria vindo de dentro e coisas se quebrando. Eu e o Tyler nos entre olhamos e imediatamente abri a porta onde pude contemplar uma imagem que me deixou com o coração aos pedaços e com um enorme sentimento de culpa

– você é uma inútil, mal consegue criar os seus próprios filhos — meu pai proferia essas palavras para a minha mãe que estava encolhida no sofá abraçando o Charlie que chorava — olha pra sua filha, ela virou uma qualquer e o teu filho um marginal, o que mais você vai ensinar ao Charlie?

– pra mim Você pode falar tudo, me chamar de qualquer coisa, mas pra os meus filhos — os olhos da minha mãe estava vermelhos — voce se esquece que a responsabilidade é de ambos

Meu pai riu de forma sarcástica

– eu trabalho duro pra colocar comida nesta mesa, e voce o quê faz? Ahm? Me fala Janete o quê você faz nesta casa?

– pai para — grito mas parece que eles não nos vêm

Minha mãe segura no Charlie e o empurra de forma delicada para os meus braços, de seguida se aproxima do meu pai fixando o olhar no dele sem desviar e com uma certa determinação, nunca a vi deste jeito

– o quê eu faço? Eu cuido da casa, eu faço comida pra você e as crianças, eu cuido dos seus filhos e eu oro feito uma doida pra que um dia Deus coloque juízo na tua cabeça Julius, o Olly estava certo...você está destruindo essa família

– Olly sempre aquele garoto ímpio, ele virou a cabeça de todos vocês porque parece que ninguém me respeita nesta casa

– que tal começar com você respeitando a tua família?

– mulher não fala assim comigo — meu pai levanta o dedo indicador na direção da minha mão

– se não o quê? Quer saber Julios, é melhor você ir embora daqui — ao escutar essas palavras senti um enorme aperto no peito, nunca pensei ter que escutar minha mãe falar algo assim, nunca pensei ver os meus pais se separaram

– você não pode me expulsar da minha propria casa

– tem razão. Mas eu espero que Você seja homem uma vez na vida pra ir embora, ou eu levo os meus filhos e desaparecemos de sua vida Julios, não me subestime

– Janete eu...

– VAIII

– mãe não

– Vayola não se mete

– você não está falando sério

– eu estou cansada dos seus abusos e ofensas, você nem conhece mais a sua família, você não acredita nas palavras de sua própria filha...voce toma decisões sem antes consultar, se você quer um lugar onde as pessoas realizam a sua vontade então sinto muito te informar mas estás no lugar errado

– a Vayola tem se drogado poxa

– ELA NÃO SE DROGOU PAI — Tyler grita e meu pai o encara com raiva — a Broke confessou ter colocado aquilo na bolsa dela, a Vayola não fez nada, é tão difícil de acreditar assim?

Minhas mãos começam a tremem e as lágrimas que eu estava segurando finalmente caem deixando o meu rosto imensamente húmido. Eu não acredito que o ódio que ela sente por mim chegou a esse extremo, ao ponto de arruinar a minha vida e a minha reputação

– como ela foi capaz — falo ainda aérea

– o quê? — a expressão no rosto do meu pai é de pura vergonha e confusão

– agora que você sabe a verdade faz o favor de ir embora, se quiser eu posso te ajudar com a bagagem — minha mãe não deixa com que o olhar triste e desesperado do meu pai a amoleça. Ela está totalmente determinada a se separar do meu pai e parece que nada nem ninguém é capaz de fazê lá mudar de ideia

– não precisa — ele fala num tom baixo e vai até o quarto nos deixando em clima pesado. Meus olhos já repletos de lágrimas que insistiam em cair vão de encontro com os de mãe, que apesar da sua feição continuar rígida e determinada, consigo notar a dor dentro de se

– mãe por favor faz alguma coisa — o tom da minha voz sai como um imploro

– Vayola eu já disse pra você não se meter

Decido então não falar mais nada, simplesmente observo meu pai sair do quarto arrastando sua pequena mala de viagem, seu olhar continua perdido e eu não consigo decifrar o quê ele pode estar sentindo neste momento. Papai sempre foi bom em esconder sentimentos

Seus olhos vagueiam por mim, depois pelo Tyler que não possui nenhum reação e depois para o Charlie que está encolhido nos meus braços

– isso não é um adeus — ele afirma e passa por nós saindo porta a fora

– PAPAI — grito correndo na sua direção, meu pai sequer olha pra trás — papai não vá, eu preciso de ti, eu estou doente — não consigo controlar minhas lágrimas, Tyler aparece e me aperta contra si enquanto eu desmorono em seus braços

Vejo o meu pai entrar no carro e dar partida.

– é tudo culpa minha

– não é não Vayola, o papai é orgulhoso demais pra pedir desculpas ou aceitar mudar, não se culpe

Fungo meu rosto no seu ombro e depois de alguns minutos assim, decido voltar pra dentro onde Malia está abraçada ao meu irmãozinho e ela tenta de tudo para o distrair.

– me desculpa crianças, mas eu precisei fazer isso — minha mãe diz com a voz fraca e de seguida vai em direção ao quarto. Eu não acredito que isso está acontecendo, justo agora que preciso do apoio moral da minha família

Uma Garota CristãOnde histórias criam vida. Descubra agora