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Draco Malfoy

Demorei pra sair da cama naquele dia.

Me deixei descansar sobre os lençóis recém colocados e um travesseiro tão leve quanto um pedaço mais grosso de tecido. 

Os pingos de chuva caindo sobre o terreno e fazendo um barulho tão estranhamente calmo apesar de todo esse ambiente pesado. Os sons das gotas caindo suavemente contra a grama agora molhada eram como música para os ouvidos de qualquer um.

Às vezes não há palavras para serem ditas.

Às vezes o silêncio parece curar a onde dói. O silêncio vem quando nem você mesmo consegue confiar em sua voz, quando ela sai de maneira tão quebrada e frágil.

Quando sua voz se assemelha a uma criança, tão frágil. Como se com o menor dos toques tudo pudesse desabar.

O silêncio é como um grito desesperado por ajuda, mas que você mesmo se impede de se ajudar. 

O silêncio conforta, mas ele dói.

Dois dias atrás, sentados naquele chão frio em um cubículo vazio, estávamos eu, ele e o nosso silêncio.

Se você prestasse muita atenção conseguiria ouvir palavras silenciosas serem ditas mesmo sem precisar mexer os lábios. No silêncio de nossos olhares vazios a gente se encontrava e se perdia ainda mais.

Agora mesmo, perto das portas do fundo eu sentia o silêncio se dissipar e a ansiedade vinha consumindo meus pensamentos, como uma marionete.

Uma marionete, era assim que eu me sentia.

Dois guardas ao meu redor e mais alguns prisioneiros se direcionaram ao fundo do local, apenas para ajudar a descarregar a nova remessa de alimentos. Ou era só isso que eles acreditavam que iria acontecer.

Passos lentos, mas precisos.

Ao horizonte dava para se notar a pequena forma de um caminhão se aproximando aos poucos, fazendo aquele pequeno pontinho se alastrar até tomar sua forma real.

Conseguia ouvir o barulho do meu coração pulsando em meus ouvidos, de uma forma frenética e ansiosa sem cessar. Quanto mais ele se aproximava, mais minhas pernas queriam falhar de nervoso.

Por mais que eu conseguisse me manter impassável, minhas mãos tremiam levemente enquanto tentava me manter sério.

A porta do caminhão se abriu, um emaranhado de caixas foram as primeiras coisas que apareceram em meu campo de visão.

As portas das frentes de abriram e duas pessoas saíram de lá, ambas com o uniforme azul da empresa do caminhão e usando bonés, havia um cara que eu não conhecia e ela.

Eu e Pansy nem nos olhávamos, concluindo o combinado de fingir que nunca havíamos nos visto na vida. 

Fomos instruídos a retirar as caixas do caminhão e levá-las até próximo à cozinha. Assim como foi combinado com Pansy, ela fazia o trabalho de tirar as caixas do caminhão e de maneira furtiva eu mostrava ela onde ficava a cozinha — isso enquanto eu carregava alguma caixa aleatória — e só nos falaremos de maneira normal assim que estivessemos dentro do "Cubículo"

E assim foi, Pansy juntamente com esse moço X começaram a ajudar com o carregamento, enquanto eu mais dois outros rapazes que trabalhavam na cozinha pegamos algumas caixas para descarregar também. 

Aos poucos eu estava conseguindo lembrar o nome de todo mundo, não que nós já tivéssemos sido apresentados, mas meio que se acaba decorando o nome de todo mundo quando se passa apenas um dia naquela cozinha. Harry vai sempre estar gritando o nome de alguém, quando eu digo sempre é sempre MESMO. Tem vezes que parece que ninguém mais vai conseguir ouvir a voz dele sem explodir, e olha que eu sou bem suspeito pra falar sobre isso, qualquer suspiro que ele dá é um soco que eu estou dando nele mentalmente.

Drarry is the new black Onde histórias criam vida. Descubra agora