Vício

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Draco Malfoy

Vício.

Vício é algo muito complexo.

Minha mãe sempre me dizia que vício não são apenas drogas, são as coisas mais simples. O problema nunca é você usar algo, mas usar tanto que acaba dependendo dele, depender de algo é que é um dos maiores problemas.

Não que ela estivesse me dizendo que estava tudo bem se drogar, longe disso, era apenas um pensamento que surgiu em sua cabeça e que no final das contas fazia muito sentido.

Tudo pode te viciar, apenas o simples ato de roer as unhas ou usar heroína.

Nada em excesso é bom.

Até mesmo sentimentos, aquela paixão que se transforma em dependência ou qualquer outro tipo de emoção levada ao extremo, nunca é saudável. 

Eu pensava sobre isso enquanto observava aquele pózinho branco descendo a descarga a baixo, parecendo ser tão fácil de se jogar fora todos os seus problemas.

O medo do vício, ou melhor, o medo de viver em excesso me fez passar uma fase da minha vida em que eu me recusava a fazer e sentir qualquer coisa em grande quantidade.

 Não era bem comum de uma criança viver uma vida quase minimalista, foram dias estranhos pelo que me lembro.

Minha mãe sentou comigo e me puxou para conversar, ela me disse que eu não deveria me privar de viver com medo do possa acontecer.

Eu disse a ela, que ainda tinha uma possibilidade de acontecer.

Ela sorriu e concordou comigo, me respondeu que realmente nada é impossível, apenas improvável, mas que eu não deveria ter medo disso, porque se o mundo me puxar para baixo ela estaria pronta para me levantar.

Nunca cheguei a usar nenhum tipo de droga.

Porém quando eu estava próximo de completar dezoito anos eu tive um único vício, o de me arranhar em cada momento que eu me sentia ansioso ou em momentos de puto estresse.

E naquela época eu fiquei muito ansioso.

Foi numa dessas vezes que Pansy e eu criamos a nossa primeira regra. A de estarmos juntos mesmo nos piores momentos, pois houve um dia que ela chorou nos meus braços ao me encontrar em um dos piores momentos da minha vida. 

Nunca vou me esquecer do olhar de dor da minha irmãzinha ao ver meu braço em carne viva com a recém tatuagem no braço. Ela chorou tanto que eu nunca mais consegui fazer isso de novo, eu tinha prometido pra mim mesmo que eu não conseguiria fazer mais isso.

Até ontem.

— Ei Draco — chamou-me Dino, estalando seus dedos em frente aos meus olhos. — Tá tudo bem? 

Eu pisquei atordoado com meus próprios pensamentos, tentando afastá-los  e me concentrar na realidade.

— O que? — perguntei atordoado.

— Bom, é você quem está parado na minha frente já faz uns cinco minutos sem dizer uma palavra se quer.

Dei uma olhada ao redor como se estivesse só me situando agora de onde eu estava. 

— Desde quando você trabalha na lojinha? — perguntei ao lembrar que era a primeira vez que eu o via aqui.

— Não faz muito tempo, o cara que ficava aqui antes vazou, então tiveram que arranjar um substituto — ele deu de ombros. —  Mas e aí, tá tudo bem? vai querer alguma coisa?

Bom, para ser sincero eu não tenho ideia do que eu vim fazer aqui para início de conversa. Dei uma olhada por cima nas coisas que ficavam na parede atrás dele.

Drarry is the new black Onde histórias criam vida. Descubra agora