Capítulo VII

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No instante em que desceu do carro em frente a sua casa, com o ânimo um pouco mais renovado depois do encontro com Vitória que foi só risos e assuntos leves após cada uma ter desabafado sobre seus problemas, Juliette viu a van escolar também estacionar e dela descer Bia e Thomás. Os dois vieram em sua direção cabisbaixos e sem a tão costumeira alegria de sempre.

- Oi, meus amores!

Ela abraçou e beijou cada um deles.

- Como foram na escola? - indagou enquanto seguiam para a porta de entrada da casa. Sempre fazia questão de saber dos dois como tinha sido o dia deles e Sarah quando chegava do trabalho, tinha por hábito fazer a mesma coisa antes de perder a memória.

Sem um pingo de ânimo, os dois irmãos se revezaram em contar sobre como tinha sido a manhã na escola ao entrarem em casa. Enquanto Beatriz teve uma prova a qual acha que não se saiu bem por não conseguir se concentrar direito, Thomás fez trabalhos de pintura.

Chegaram à cozinha e Lumena terminava de pôr a mesa do almoço. Juliette mandou os filhos subirem e lavarem as mãos para almoçar. Assim que eles deixaram-na sozinha com Lumena, a mulher questionou a outra sobre a esposa. Lu contou que Sarah tomou banho, desceu para tomar seu café no mais absoluto silêncio, depois que acabou de comer se retirou e voltou para o quarto de hóspedes onde passou a manhã enclausurada.

- Fui duas vezes lá no quarto. A primeira pra levar um lanche a ela que de primeira recusou, mas depois de eu insistir aceitou. E na segunda vez, fui para saber se estava precisando de algo, o que ela negou.

- O que achou dela?

- Sinceramente? - Juliette assentiu. - A dona Sarah está diferente do habitual. Mais quieta, séria e claramente se mostrou desconfortável enquanto tomava café. Não disse uma palavra sequer durante a refeição toda, o que foi bem estranho porque ela é sempre tão falante a mesa.

- Falante até demais. - esboçou um meio sorriso ao se recordar das inúmeras tagarelices da esposa durante as refeições. - Vou lá, chamá-la para almoçar conosco.

Juliette subiu e no caminho encontrou com os filhos. Lhes disse para irem para a cozinha que ia só chamar a outra mãe deles para almoçarem.

- Sarah! - deu duas batidas na porta antes de girar a maçaneta. - Oi! - cumprimentou-a com um sorriso, caminhando até parar próxima a cama onde a esposa estava sentada.

- Oi! - Sarah ficou mais aliviada e até mesmo mais contente de ver que Juliette já estava em casa.

- Como você está?

- Ainda desmemoriada!

Aquele sensação de vazio era a pior e mais angustiante possível. Sem contar o fato de se sentir uma estranha naquela casa e nada a vontade ali com aquelas pessoas desconhecidas.

- Nós vamos a um médico buscar respostas e tratamento para essa amnésia, Sarah.

- E será que encontraremos essas coisas?

- Eu tenho fé que sim. Você também deveria ter.

No fundo ela não tinha sequer confiança, quanto mais fé de encontrar possíveis respostas e tratamento para o seu caso, ao contrário da esposa.

- Bom, eu vim te chamar pra almoçar.

- Eu não posso almoçar sozinha aqui no quarto?

Ela pensou em dizer que até preferia fazer sua refeição ali, mas achou por bem não externar isso e acabar magoando a mulher a sua frente.

Memórias Perdidas - Versão SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora