Capítulo IX

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No dia seguinte meia hora antes do horário marcado, Juliette já se encontrava na sala de espera do consultório do Psiquiatra. Ela havia ido sem Sarah, já que não tinha mesmo conseguido convencê-la a vir junto, apesar de toda a persistência nisso.

Sorriu ao se dar conta de que mesmo sem memória, a teimosia parecia seguir inabalável na esposa.

Sempre teimosa! A minha teimosa.

Apanhou da mesinha a sua frente uma revista qualquer, datada do mês passado e começou a folhea-la para passar o tempo enquanto sua vez de falar com o médico não chegava.

O que será que o psiquiatra ia achar do caso de sua mulher?

Algo incomum?

Certamente! Pois comum aquilo não lhe parecia mesmo.

Um estrondo alto chamou sua atenção e ela tirou os olhos um instante da revista. Através da parede de vidro da entrada do consultório, enxergou lá fora o céu cinza.

- Caramba, vem um temporal daqueles!

Juliette lançou um olhar a recepcionista do consultório e apenas assentiu em concordância com ela. Notou a expressão preocupada com a qual a jovem encarava o tempo fechado lá fora.

Nem precisou de muitos minutos mais para que uma chuva forte começasse.

- Nem trouxe meu guarda-chuvas hoje.

A insatisfação da pobre secretária foi de quem certamente ia pegar aquela chuva toda ao sair dali.

Ainda bem que vim de carro!, Pensou Juliette encarando a chuva torrencial que seguia caindo. Mas se até a hora de sair dali aquele aguaceiro todo ainda estivesse forte como estava, ela não ia se arriscar a sair. Tinha pavor de dirigir na tempestade.

Alguns minutos passaram-se e logo a secretária avisou Juliette, que era sua vez de falar com o médico.

A morena se dirigiu ao consultório indicado pela jovem e entrou após dar duas batidas na porta. Deparou-se com um homem bonito, cabelos bem penteados e partido para o lado, barba bem feita e um sorriso que certamente devia arrancar suspiros femininos por onde passava. 

- Olá!

Os dois se cumprimentaram com um aperto de mão e em seguida, o Doutor Rodolffo achando que aquela fosse sua paciente chamou-a pelo nome que via na ficha descansando em sua mesa. 

- Desculpe, doutor... Mas eu não sou a Sarah. - o corrigiu. - Meu nome é Juliette, sou esposa da Sarah.

- Hum... E por que não é a sua esposa que está aqui?

-  Ela não quis vir. - disse com um sorriso sem graça.

- Não quis vir. - repetiu Rodolffo com um sorriso já entendendo a possível razão da não vinda da paciente. Não seria a primeira vez que aquilo acontecia ali. - Aposto que ela não quis vir, porque disse que não está louca para vir a um psiquiatra, não foi? – perguntou em um tom brincalhão. Anos naquela profissão e geralmente era quase sempre isso que ouvia de "justificativa" dos parentes de seus pacientes ou até mesmo dos próprios pacientes quando estavam ali diante dele. Já nem se ofendia mais com aquilo.

- Exatamente! – Juliette confirmou um tanto desconfortável.

- É normal esse tipo de pensamento. Geralmente as pessoas não curtem vir se consultar com um psiquiatra, porque acham que só tratamos de loucos, o que não é bem assim. Mas esqueçamos disso e falemos da senhora Sarah Carolline Andrade Freire. O que houve ou está havendo com ela?

- Doutor é bem estranho e vai soar incomum ao senhor o que vou dizer, mas... minha esposa foi dormir e ao despertar no dia seguinte... havia perdido a memória completamente.

Memórias Perdidas - Versão SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora