Capítulo 04 - Polegarzinha e Princesa das flores

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— Dormiu bem? — Rafaella perguntou do outro lado da tela naquela manhã de sexta-feira. Bianca havia saído antes que a outra tivesse acordado para comer com sua amiga Marcela, portanto, as colegas de quarto estavam cumprindo o roteiro de todos os dias por chamada de vídeo.

— Poderia ter dormido melhor se você não tivesse se recusado a deitar comigo — A carioca resmungou não escondendo sua insatisfação com a amiga. Sentiu por toda noite a ausência dos braços fortes a envolvendo, da respiração quente em seu pescoço e dos dedos largos fazendo redemoinhos pela base da sua barriga até que caísse no sono. Dormir com Rafa Kalimann por si só era um sonho.

— Culpe o Boninho por isso, afinal, não fosse ter que estudar até bem tarde a nossa conchinha teria sido possível — A morena observou aquelas palavras da loira com muita minúcia. Era aquela mesma situação em que não conseguia definir se Rafaella estava falando sério ou não. Outra vez ficou orgulhosa e irritada com os dotes da atriz.

— Aproveito o ensejo para condená-lo também pelo crime contra os meus olhinhos verdes favoritos — Disse Bianca supondo que o fato dos orbes estarem cobertos por um óculos se devia a uma sensibilidade acusada pelo hábito de ler no escuro.

A mineira não a corrigiu apesar de saber que se tratava de uma mentira. O produtor do seu programa nada tinha a ver com o surpreendente problema que acometeu seu olho esquerdo naquela manhã. Rafaella ainda não havia batido o martelo, mas tinha certeza de que tratava-se de um imenso terçol.

Nunca mais recuso nada que a grávida pedir.

Pontuou em sua cabeça em silêncio e antes que deixasse entrever o seu segredo decidiu continuar com a conversa amena.

— E acordou bem? — Rafa mudou de vez o assunto. Quando recebeu sua confirmação ela e Bia adentraram em novos temas, sustentando o diálogo até a chegada de Marcela cujo rosto cansado era evidente.

A outra loira havia recém saído de um plantão e só não foi direto para casa porque não podia faltar a ocasião que era comer com Bianca Andrade. A morena estava retrocedendo no trabalho por conta do bebê, mas nem sempre foi assim, logo, precisavam realizar muitos encontros para compensar o tempo perdido.

— Anotou direitinho? Consulta hoje às três horas com a ginecologista para começar o pré-natal. O endereço está no cartão em cima da mesinha de centro, é só você entregar para o taxista que ele te deixa lá em segurança — A médica observava a fala da empresária com uma curiosidade que não vinha daquele dia. Era estranho como a Bianca falava com a colega de quarto como se tivesse com a criatura mais preciosa do mundo sendo só, como costumavam sempre afirmar, amigas.

— Anotei sim — Rafaella falou mostrando uma agenda rosa rabiscada com uma letra esquisita pela velocidade que empregou ao anotar. Bianca ditar e ela escrever não era uma frase dita da boca para fora.

— Perfeito, Rafinha, agora vou desligar porque Marcela já está sentada em minha frente e está me olhando com uma cara parecida com aquele emoji de vômito — A menor entregou para a maior com quem falava do outro lado da tela. Marcela realmente estava a ponto de vomitar a droga de um arco-íris no meio do Paris 6.

— Amo você, polegarzinha — Rafa se adiantou em dizer antes que Bianca terminasse o momento.

— Eu te amo mais princesa das flores — Devolveu a menor e com um beijo especial apertou o botão vermelho. Ainda com um sorriso bobo no rosto voltou o olhar para uma Marcela ainda mais intrigada do que quando chegou.

A médica não conseguiria segurar a boca por mais discreta que fosse.

— Nunca alcançarei entender três coisas nessa relação de vocês: A primeira é como vocês não morreram de diabetes com essa ingestão de açúcar vinte quatro horas por dia sete dias por semana, a segunda é a razão de se chamarem por esses apelidos bregas e a última, não menos importante, é o que está faltando para vocês se comerem — A loira falou como de costume muito franca. Não estava julgando ou rindo de Bianca apenas queria saber, se possível, como classificavam-se amigas quando pareciam mais apaixonadas que muitos casais.

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