Capítulo 11 - Fruta podre

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Olha eu aqui de novo para o segundo do dia! Tão curtindo? Lembrem que quero muitos comentários para soltar o próximo!

Os olhos são o espelho da alma. Através das íris coloridas é possível ver um mundo de sentimentos colidindo e disputando o intenso espaço de aparecer. Por meio deles é possível entrever-se a fúria ardendo no contorno do olhar, a indiferença apagada, quase opaca e, ainda o amor. Esse último, toda vez que aparece, trata-se de uma forma muito mais peculiar de ver-se. O amor nem sempre é evidente. As vezes depende e depreende esforço.

No livro dos Coríntios, na Bíblia, diz-se que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e, por fim, tudo suporta. Por mais que essa afirmação tenha lá seus pontos questionáveis é verdade que por sua maioria diz a verdade. Quando o amor não é tão claro para ser percebido pelos olhos ou nos olhos é necessário que se perpasse alguns obstáculos.

Naquela noite de frio em que seu cachecol se enrolava em volta do seu pescoço e que Rafaella adentrava no seu prédio com as saudades pouco se contendo em seu peito o destino pedia que seu sentimento, nem sempre explícito, fosse capaz de suportar um último percalço sendo fiel. A fidelidade nem tudo suportava, mas apesar de muito se sofrer é algo que se acreditava. Se requeria de Rafaella crer que aquele vazio no peito era mais que o simples estado de estar longe. A loira nem esperava conversar direito. Só se imaginava parando em frente da morena e a abraçar seu corpo pequeno sem soltar, se houvesse o beijo seria feliz, se não acontecesse nada mais beijaria sua alma.

A essa altura Rafaella não entendia qualquer dos não-beijos como traços de frustração. Se tudo acontece com uma razão aceitava que cada vez guardava em si uma justificativa que só encontraria quando finalmente acontecesse. Porque assim é a vida. Uma sucessão de "quases"que construirão um enfim. Você só será capaz de entender um desígnio do destino quando, na hora certa, ele se realizar.

É do ser humano querer controlar cada detalhe do tempo. Quando algo vai ou quando não suceder. Do momento que vai chover até o que alguém vai sair da sua vida. Mas ninguém detém esse poder na terra. Nas águas que caem dos céus ou dos olhos numa partida só o tempo pode se impor.

E era por isso que Rafaella, apesar de não encontrar Bianca pela casa a aguardava paciente sua volta. Não falara em todos os dias que esteve longe sobre o assunto por que seu coração exigia que fosse de frente. Com sua vontade sobre a mesa e com a clareza expressa. Queria beijar Bianca e queria que ela soubesse, não por uma fria notificação numa rede social. Viviam em função disso por quase seu dia inteiro, não queria que aquele fosse o palco da sensação que queria descobrir com a morena.

— Cadê você, polegarzinha? — Saiu pelos lábios de Rafaella ainda cercada do jardim que montara para ambas. Os sons de suas palavras era como uma simples oração de por onde estivesse a menor que se encontrasse bem.

E Bianca até se encontrava, apesar de não totalmente à vontade naquele ambiente onde uma música alta incomodava seus tímpanos. Entre os dedos tinha uma cerveja que aceitara por educação, mas que não chegou a beber por recomendações médicas.

Aliás, por falar em médicos, talvez os profissionais de saúde de modo geral recriminassem aquela pequena aglomeração onde as pessoas se dividiam em fumar cigarros de maconha e tomar várias bebidas a mesma vez. Desconfiava que os amigos de Guilherme eram jovens demais ou, ainda, que não tivessem tido tempo para pensar em crescer levando a vida de não parar por um minuto em plena segunda-feira.

Trabalhariam amanhã?

Era uma dúvida de Bianca, muito assertiva por sinal. Desmarcariam o que tivessem marcado se sequer soubessem da dimensão da ressaca com que seriam acometidos. A carioca sabia bem, uma vez que já passara por algumas que podia contar como história. Uma vez quase se machucou feio na borda de uma piscina, em outra, num evento da marca PicPay, foi incapaz de realizar a ação por encontra-se tão embriagada quanto estivera no dia anterior.

I'll give you everythingOnde histórias criam vida. Descubra agora