𝕵𝖆𝖈𝖐 𝖙𝖍𝖊 𝕽𝖎𝖕𝖕𝖊𝖗 𝖒𝖚𝖗𝖉𝖊𝖗𝖘 𝖆𝖌𝖆𝖎𝖓

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Gatilhos: violência, homicídio

    

𝕾𝖊𝖝𝖙𝖆-𝖋𝖊𝖎𝖗𝖆, 13 𝖉𝖊 𝖘𝖊𝖙𝖊𝖒𝖇𝖗𝖔 𝖉𝖊 1889.

Mary Louise Evans se encontrava na sala de sua casa, um solar no centro da mórbida e escura Londres vitoriana. A jovem e serena moça de cabelos negros e olhos azuis como safira, bordava em sua máquina de costura, movida por um pedal, a beirada de um dos cobertores para o enxoval de seu casamento com o filho do Conde de Cholmondeley. As temperaturas já baixavam, anunciando o fim do verão e a chegada do outono. Chovia muito e as ruas se encontravam totalmente enlameadas, o que dificultava o trânsito de pedestres, tornando quase impossível transitar pelas ruas sem uma carruagem. Mary se curava de um resfriado e não fora à missa de sexta com sua família e ficara na companhia da governanta Samantha Brown. Uma mulher de meia-idade carinhosamente apelidada de "Sam" pela família Evans.

-Sam? - drigiu-se Mary à governanta.

-Sim, senhora? - Respondeu Sam da cozinha.

-Traga-me uma xícara de chá, por favor!

-Sim senhora. Já terminou de bordar o cobertor do seu enxoval?

-Estou quase, mas estou exausta. Terminarei amanhã. Bordei o dia todo.

Pobre Mary... Sequer imaginava que o amanhã nunca chegaria para ela.

-Sabe Sam... - disse dando uma última golada no chá em uma xícara de porcelana - ...Eu temo pela segurança de minha família, que está fora à noite com esse tal assassino que leva a alcunha de "Jack o Estripador" solto pelas ruas de Londres.

-Deus há de olhar pela vida deles, senhora. Não te aflijas por isso!

-Sei que Deus guarda os filhos dele, mas porque permitiu que esse maldito assassino ceifasse a vida das suas vítimas? - indagou Mary, deixando a xícara e o pires em uma mesinha ao lado da cadeira em que estava.

-Oras, as mulheres que se tornam vítimas dele eram todas pecadoras, alcoólatras e o pior de tudo: eram rameiras, prostitutas. Deus me perdoe por pronunciar essas palavras dentro do lar de uma família de bem! - Disse a senhora fazendo o sinal da cruz.

-Oras digo eu, Samantha! Essas mulheres só tentavam ganhar a vida, sobreviver. Mas essa sociedade entende o lado delas? Não! Não entende! Só entendem os princípios da "moral" impostos pela igreja.

-Largue de ser boquirrota menina! Se teu pai escuta isso, ele quebra seus dentes todos!

-Mas ele não está aqui. E nem precisa saber disso.

-Bem... Eu irei levar essa xícara para a cozinha e me recolher, senhora. Boa noite.

-Boa noite, Sam. Eu vou ficar aqui na sala mais um pouco para terminar de ler meu livro.

-Aquele de Edgar Alan Poe? "O gato preto?"

-O próprio! - Disse em tom divertido

-Desconjuro, aquele livro me arrepia da cabeça até a pontinha dos pés.

-Hahahaha! Deixe de covarde Sam! - Gargalhou alto e em tom de deboche.

    Mary continua a ler seu livro e, enquanto lê, algo amedrontador e brutal irá acontecer no quarto da governanta. Sam se deitava em sua cama quanto viu a janela do quarto ser aberta vagarosamente, já que ela não trancava-a antes de dormir. Aparentemente, não havia perigo, já que a janela dava para o jardim nos fundos do solar (seu quartinho era nos fundos da cozinha, no térreo da construção) onde morava e trabalhava. Não dava direto para a rua.
     A mulher arregalou os olhos quando viu uma figura negra, de cartola, usando uma capa preta e um pano ocultando seu rosto, segurando um machado adentrando seu quarto lentamente, sem produzir qualquer ruído. Samantha estava prestes a gritar por socorro, mas aquela figura medonha com um machado na mão tapou sua boca, antes que pudesse emitir qualquer ruído. Sem hesitar, a pessoa que se encontrava naquele quarto tapando a boca de Samanta desferiu contra a pobre governanta, sem piedade, três golpes de machado. Um no abdômen, um na cabeça e outro no pescoço, quase decapitando Sam e ceifando a vida da infeliz, que nada havia feito para merecer aquele fim tão trágico.

    Sem que Mary percebesse, a pessoa de capa preta que, pelo porte físico, percebia-se que era um homem, subiu até o quarto da moça. Mary finalmente termina de ler seu livro e resolve subir para seu quarto. Mary se encontrava deveras perturbada, com o fato de que o protagonista do livro que acabara de ler, matara à sangue frio a esposa à golpes de machado. Tão perturbada que sequer notara as manchas do sangue de Sam, que pinagaram do machado do assassino.

      Mary sobe até seu quarto, se perguntando se conseguiria pegar no sono após ler um livro com tão mórbido desfecho. "Sam me avisou!". Disse baixinho já no topo da escada. Mary, Mary... Ah, Mary! Nem imagina que ela irá dormir essa noite para nunca mais acordar...
      Mary abre a porta do quarto e dá de cara com o maldito assassino de Sam e de várias outras mulheres. Era ali o seu triste e doloroso fim. Mary não conseguiu gritar, tamanho era seu pânico, que a paralisou, causando-lhe uma espécie de transe. Só se deu conta do que estava acontecendo quando o assassino lhe desferiu uma machadada na coxa, derrubando-a no chão. Aí sim, Mary esgoelou por socorro, gritou pela ajuda de Sam, que havia sido tão brutalmente assassinada quanto ela estava sendo pelo mesmo assassino, minutos atrás. Tudo em vão. A última cena que seus olhos cor de safira viram, antes de se apagarem pela eternidade, foi a do assassino lhe desferindo o último golpe mortal, dessa vez, no pescoço.

    Menos de cinco minutos depois do assassinato, o jardim da frente do solar dos Evans estava entupido de pessoas curiosas, outras preocupadas devido aos berros de Mary, algumas tentavam até arrombar a porta de entrada. A Família Evans chega da missa momentos depois da multidão chegar no jardim frontal e se assustam com a confusão.

-Sra. Collins? O que está havendo aqui? - Perguntou o Sr. Evans (pai de Mary) à senhora grisalha que fitava o solar.

-Todos ouvimos sua filha gritar por socorro, e viemos ver o que está acontecendo.

-O que aconteceu, querido? - Perguntava a Sra. Evans, descendo da carruagem junto aos seus filhos mais novos, os gêmeos Mark e Josh.

-Não sei. Vamos lá olhar. Sra. Collins, por favor, olhe os meninos para nós.

-Tudo bem. - Assentiu a senhora com a cabeça.

O Sr. Evans abriu a porta da sala com suas chaves e foi até o quarto da governanta, a Sra. Evans o acompanhou, mas o que eles não imaginavam é que eles se deparariam com uma cena de horror sangrenta e macabra.

-A Sam... Ela está... Morta! - Choramingou a Sra. Evans.

O Sr. Evans correu para o quarto de Mary, já imaginando o que haveria acontecido à filha.

Chegando lá, o homem encontra o cadáver da sua amada filha ensaguentado e esticado no chão do quarto. Ele se joga sobre o corpo sem vida e gelado da sua filha e começa a chorar descontroladamente. Quando Sra. Evans chega ao quarto, toma a mesma atitude que o marido. Em seguida, a polícia de Londres foi acionada. Foi notificado às autoridades de polícia locais que Jack o Estripador atacara novamente. No dias posteriores à morte de Mary, haviam cartazes espalhados por Londres, onde estava escrito "'Jack the Ripper' murders again!". Mary temia que sua família fosse vítima de Jack, mas a vítima acabou sendo ela, naquela noite chuvosa de uma sexta feira 13 de 1889.


É minha primeira história, então eu estou bem insegura. Eu sei que tá ruim e que está muito curta, mas eu prometo que irei melhorar. 🥺🤲🏻 Perdão qualquer erro e os personagens e fatos dessa história são fictícios, exceto o Jack o Estripador.
Em breve postarei mais contos.

||Sweet Nightmares||Where stories live. Discover now