𝕻𝖔𝖗𝖙𝖆 𝖏𝖔𝖎𝖆𝖘 𝖒𝖆𝖑𝖉𝖎𝖙𝖔

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𝕽𝖎𝖔 𝖉𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔, 𝖚𝖒 𝖉𝖎𝖆 𝖖𝖚𝖆𝖑𝖖𝖚𝖊𝖗 𝖉𝖊 2017.

-Anda, Rafaela! Vamos perder o ônibus!

-Calma tia Maria! Já tô chegando aí embaixo!

Rafaela é uma moça de 20 anos, não muito alta, morena, dona de um belíssimo cabelo até a cintura. É uma moça muito alegre e sorridente. Sua tia, Maria, era a única figura materna que Rafaela tinha, já que sua mãe faleceu quando ela era apenas um bebê. Desde então, foi criada por Maria e seu pai, Ígor, com o qual parece muito. Fisicamente se parece com o pai, mas Rafaela tem muitas coisas em comum com a tia, inclusive a paixão por obras de época e antiguidades. Aliás, justamente por isso as duas estão indo para o centro da cidade, onde abriu uma loja de antiguidades.

-Tia, até onde nós estamos indo, mesmo?

-Até a nova loja de antiguidades que abriu no Arco dos Teles.

-"Nova loja de antiguidades"... Chega a ser irônico, hahaha! - Riu a mocinha enquanto mexia em uma mecha de suas madeixas negras.

Chegando ao centro da cidade, as duas mulheres desceram do ônibus, indo em direção à pequena loja localizada no arco dos Teles, cujo lugar foi um importante e nobre local do centro do Rio de Janeiro no século XVIII, até sofrer um incêndio. A partir daí, passou a ser extremamente mal frequentado, passando a ser ponto de meretrizes, sendo uma delas a Bruxa Bárbara dos Prazeres que, segundo a lenda, se banhava no sangue de recém nascidos que pegava na roda dos enjeitados, que ficava no muro da Santa Casa de Misericórdia. A loja era pequena e rústica, mas era bonita, e suas prateleiras eram ornadas por castiçais, lamparinas, jogos de chá e outras quinquilharias antigas. Mas, dentre essas, um porta-joias levemente enferrujado (mas nada que ofuscasse a beleza da peça), chamou a atenção de Rafaela.

-Veja tia, que porta-joias bonito. Acho que vou levá-lo.

-É lindo, mas está um pouquinho enferrujado. Vai levar mesmo?

-Vou sim! - afirmou sorrindo a mocinha.

Uma senhorinha, que era dona da loja, pipocou de trás do balcão e disse que ela havia feito uma boa escolha e explicou que era um porta jóias dos anos 20, que pertenceu à sua mãe, a qual havia morrido em idade jovem, ao dar à luz o seu irmão mais novo, ela amava muito aquele portas jóias.

Rafaela levou o objeto para sua casa. Parecia estar hipnotizada pelo objeto que acabara de adquirir por um preço, digamos, bem camarada. Mas um pensamento martelava na mente da menina: "se a mãe dela amava tanto esse objeto, porque ela estava vendendo ele? Não deveria mantê-lo de lembrança da mãe?"
Rafaela foi arrancada dos seus pensamentos por uma batida na porta de seu quarto. Rafaela levantou para abrir a porta, imaginando que fosse seu pai. Mas não havia ninguém do outro lado. Rafaela pensou que estivesse doida devido ao sono e resolveu dormir. Afinal, já passava da meia-noite. No meio da madrugada, mais especificamente às 3:33h, Rafaela acordou sem ar, como de estivesse com uma crise de asma, ou qualquer doença que comprometesse a respiração e com um peso sobre o peito. Quando ela abriu os olhos, lá estava. Uma mulher de vestido rosa claro e embolorado, muito pálida e de cabelos loiros. Aquela mulher exalava um odor horrível de carniça, misturado à um perfume doce e enjoativo. Aquela coisa sussurrou: "eu quero aquilo de volta! Eu quero aquilo de volta!" e desapareceu. Rafaela apagou, e só levantou lá pelas 13:00h com seu pai batendo na porta, o que não era de seu feitio, já que custumava levantar às 10:00h nos fins de semana.

-Rafa, acorde filha. Eu pedi pizza para nós. - Disse Ígor sorrindo fraco.

Rafaela levantou, mas estava com uma dor de cabeça terrível, o que era estranho já que ela não tinha crises de sinusite fazia tempo, mas, estranhamente, seu nariz não estava entupido. Bom, mas a fome era mais importante que o incômodo da dor de cabeça. A menina levou a pizza para comer no quarto dela, mas deixou o alimento de lado um momento para ver uma mensagem de um número estranho que havia chegado no seu Whatsapp. A mensagem dizia "olhe ao seu lado". Por impulso, Rafaela olhou para o lado e tomou um susto. A pizza estava completamente podre e embolorada, cheia de vermes e moscas.

-Como assim? A pizza estava perfeita há 20 segundos atrás.

Mas isso foi só o começo do inferno. Um certo dia, Igor havia saído para trabalhar, e sofreu um acidente. Ficou em coma por meses, mas acordou. Porém, acordou outro homem. Estava frio, agressivo e começou a beber muito e a usar substâncias ilícitas. Rafaela passou a ter medo do pai. Quando ele bebia ou se drogava, parecia outra pessoa ali, tudo menos o seu pai. Era como se a alma de Ígor fosse embora e desse lugar à um espírito maligno, viciado em álcool e entorpecentes. Por sorte, sempre que o pai de Rafaela chegava em casa, sempre depois das horas, Rafaela já havia chegado do seu serviço como balconista de uma loja e raramente estava acordada. Mas, Rafaela também vivia seu inferno: Sofria de terrores noturnos e vivia tendo pesadelos com a mulher de cheiro pútrido solicitando que algo fosse devolvido à ela, sempre acordando pingando suor às 3:33h da manhã. Na faculdade de Rafaela, entrou uma garota chamada Eunice, na mesma turma que ela. Era uma moça simpática e logo ela e Rafaela ficaram amigas. Um determinado dia, Rafa convidou Eunice para dormir em sua casa, mesmo temendo seu pai, então, por precaução, arrastou a tia Maria para ficar com elas e evitar qualquer possível loucura que Ígor pudesse cometer contra Eunice. As duas subiram para o quarto de Rafa e, chegando lá, Eunice sentiu uma tontura e uma angústia muito grande, tanto que permitiu transparecer, preocupando a amiga.

-Nice, você tá bem? Ficou pálida de repente.

-Estou... Estou bem, não se preocupe.

Maria aparece na porta do quarto e afirma alegremente:

-Ei meninas, vou fazer hambúrguer e batatas para vocês. Devem estar com fome.

-Show, tia. Obrigada. - Sorriu Rafa.

As duas amigas ficaram conversando, mas entre um minuto e outro, Nice encarava o porta jóias, aquele objeto chamava sua atenção, mas não no bom sentindo. Na verdade ela tinha a sensação que aquele objeto a observava, então resolveu comentar com a amiga, mas não sabia o que estava por vir.

-Ei, Rafa. Sabe o seu porta jóias? Ele é meio... Hum... Esquisito.

-Ora bolas, o porta jóias? O que tem de estranho nele?

-Sei lá, ele parece me encarar, sei lá.

-Para de ser doida, ele é um porta jóias como outra qualquer e...- Rafa é interrompida pela tia avisando que o lanche estava pronto. - ...bora lá comer, tô com o estômago lá nas costas de tanta fome.

As garotas comeram, jogaram junto com a tia Maria e, foram dormir quando o pai de Rafaela chegou, como sempre, tarde da noite e bêbado. Dessa vez, às 3:33h da madrugada, não foi Rafaela quem teve terror noturno e acordou, dessa vez foi Eunice, que estava paralisada, conseguindo mexer apenas os olhos. Coincidência ou não, ela voltou o olhar para o maldito porta jóias. De dentro dele, ela pôde ver um espectro negro, logo tomando a forma da mesma mulher que atormentava Rafaela todas as madrugadas havia quase um ano. A mulher veio andando devagar e se ajoelhou ao lado do colchão da garota, que estava no chão. Ela não sussurrou nada, mas atacou Eunice. Marcou o braço da garota com três cortes. Ela desapareceu em seguida, mas Eunice não pegou no sono o resto da noite, no outro dia, chamou a tia Maria e a amiga para contar o que aconteceu:

-Bom, gente... Preciso contar à vocês o que eu aconteceu ontem. Rafaela você lembra quando disse que achava que o porta jóias esquisito? Pois é, aconteceu algo estranho ontem. Uma mulher loira de vestido rosa encardido saiu de dentro do porta jóias. Não bastasse isso, ela me fez um arranhão horrível - Disse a garota levantando a manga do moletom que usava e mostrando.

-Mano do céu, é a mulher que me atormenta desde o dia que comprei o porta jóias...- Disse Rafa arregalando os olhos

-Aaaaaaaah véia elemento cara de pau... Por isso ela vendeu o porta jóias por uma pechincha, queria se livrar do capeta que está nele... Aliás, ela disse que a mãe dela amava o porta jóias... Será que a tal mulher é o espírito da mãe dela???

-Oh, eu não quero saber! Só sei que eu vou me livrar desse troço! Vou tacar ele lá na floresta da Tijuca!

Na mesma hora, as três mulheres estava no meio de uma das trilhas da Tijuca, largando o objeto lá para se livrar das perturbações. E funcionou, a mulher nunca mais apareceu, o pai de Rafaela pegou nojo de bebidas acoólicas e de drogas. Mas, sempre temos os desavisados que fazem trilha, não é mesmo?

-Olha, que porta jóias bonito, o que será que está fazendo no meio da trilha? Vou levá-lo para casa.








Ei, amores. prometo caprichar mais no próximo. Postei esse pq já tava pronto. Eu tô pensando em escrever um parte dois para a história da Noiva e o Barão. O que vocês acham?

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