XXXIV

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- Quanta grosseria. - Zeke franze o cenho.

Me levanto devagar, sentindo novamente os soldados me segurando. Volto a considerar a ideia de lutar com eles apenas para poder bater em Zeke. Ele descruza os braços e se aproxima a passos lentos, acenando para os soldados, que me soltam. Sinto um comichão subir do pé da minha barriga até meu peito e em um impulso, dou um soco no rosto de Zeke, que cambaleia para o lado. Não tenho tempo de reagir quando sinto uma pancada forte na nuca, caindo novamente em direção ao chão.

- Você não mudou nada, não foi? - Ouço a voz de Zeke abafada em meus ouvidos.

Tento me levantar, sentindo que todo o mundo está girando em torno de mim e minha visão começa a ficar turva. Um pé é colocado sobre minhas costas e me encontro presa ao chão, sem condições de levantar. Ele diz mais alguma coisa que não entendo antes que eu sinta outro golpe, agora na cabeça. Tudo fica escuro e minha consciência desaparece.

- Rápido! Amarre ele!

A voz de Hange chegou aos meus ouvidos me tirando do estado de transe em que me encontrava. Apertava a corda em minhas mãos com força e caminhei até ela, me colocando atrás de Reiner, que era mantido de pé enquanto seu corpo parecia vacilar para os lados. Hesito por alguns segundos, com as mãos trêmulas. Até pouco tempo atrás eu poderia jurar que ele estava morto. Mas ali estava Reiner Braun, o Titã Blindado, vivo por um fio e prestes a ser capturado. Tento não pensar em nada quando estico as mãos até seus punhos e os junto em suas costas, começando a amarrá-lo com a corda que carregava.

- Stella... - Ele estremeceu com meu toque.

Meu nome sai como um sussurro de sua boca e aperto o nó da corda com força em resposta. Me afasto e evito o encarar muito enquanto Hange corta seus membros fora. Desejo com todo o meu ser não ter escutado os grunhidos baixos de Reiner enquanto era desmembrado, ele ao menos conseguia gritar. Estava tão fraco assim? A venda em seus olhos não me deixava ao menos tentar descobrir o que ele sentia.

Não se passa muito tempo desde quando o interrogatório de Hange havia começado. Reiner se mantinha calado e percebo que aquilo apenas a deixava mais irritada. Estou desconfortável ao ponto de pedir que Hange pare, mas parte de mim reconhece que o homem merecia aquele tratamento. A mulher é interrompida pelo som alto de passos rápidos se aproximando.

Me abaixo e cubro a cabeça com as mãos quando a sombra do Titã Quadrúpede cresce sobre nós e lança para baixo alguns pedaços do telhado da casa onde se encontrava. Em um movimento rápido ele estica o rosto comprido até onde Reiner estava e abre a boca, levando Reiner consigo entre os dentes quando começa a se afastar rápido, nos deixando perplexas para trás.

- Anda, acorda! - O som alto faz com que eu abra meus olhos e me levante de uma vez só, caindo novamente em seguida quando minha visão volta a escurecer.

Sinto meu corpo colidir com o chão frio e esfrego os olhos, analisando a pequena cela em que me encontro, um cobertor está dobrado em um canto e uma pequena cama se mantém suspensa, presa à parede. Como aquilo foi acontecer? Volto a me erguer, sentindo meu corpo doer quase que por inteiro. A dor parece me rasgar de dentro para fora, a ponto de me deixar zonza. Me sento sobre a cama resmungando e olho para meus braços, agora descobertos. As roupas que uso não são minhas e a luz que vinha do teto me permite enxergar hematomas e cortes espalhados sobre a minha pele.

Meus pulsos têm uma tonalidade escura, os toco devagar e fecho os olhos segurando as lágrimas que teimavam em sair enquanto lembranças aleatórias da noite anterior passavam pela minha mente. Jean indo embora, os socos e chutes que havia levado quando cheguei aqui. As mãos dos soldados indo e vindo pelo meu corpo desde as extremidades até lugares onde não deveriam. Olho em volta a tempo de encontrar minhas roupas espalhadas no canto oposto do cubículo. Aperto as unhas na palma das mãos com os punhos fechados e cerro os dentes, fechando os olhos com força. Os abro novamente para encontrar Zeke do lado de fora da cela.

The Fallen Warrior | Reiner Braun (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now