✨CAP 07 - Pequeno desabafo✨

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Depois da conversa com Camilly eu voltei para casa, contei tudo para Sra Kim que ficou perplexa com o que aconteceu, eu não me arrependo de ter falado tudo o que eu falei, porém antes de dormir me veio uma sensação de preocupação e incompetência, comecei a chorar ali mesmo, senti muita raiva por as coisas terem fugido do meu controle. Quando cheguei em Nova York, achei que as coisas seriam mais fáceis e que eu poderia viver melhor, mas agora eu vi o quão difícil é! Eu já estou sentindo falta de casa, falta de quem eu era e se eu pudesse voltar no tempo exatamente dois anos atrás, eu voltaria e teria impedido de acontecer o que aconteceu. Olhei para a estante de livros e peguei uma pulseira que estava ao lado de um quadro - um cantinho reservado para o único quadro presente ali - com uma foto minha e do meu irmão, a olhei por alguns segundos relembrando o momento em que ele me presenteou com aquela pulseira, ainda escuto a sua maneira de falar: "Você tem que guardar bem essa pulseira, nenhum objeto do mundo pode expressar meu amor por você maninha, mas esta é uma referência para que possa lembrar disso todos os dias"

- Também amo você! - disse enquanto observava o quadro com a pulseira em minhas mãos, depois a coloquei onde estava, sempre ao lado da foto.

Hoje acordei com uma dor de cabeça e tomei um comprimido para aliviar, ainda era bem cedo então resolvi caminhar como sempre para amenizar os problemas. No começo da caminhada, John aparece ao meu lado

- Aurora, aconteceu alguma coisa com você ontem?
- Por que está perguntando?
- Porque você não veio correr e ainda faltou a universidade, pra você ter feito algo assim é porque realmente estava com problemas
- Não foi nada demais - respondo direta, não quero ter que contar detalhes sobre algo desagradável
- Aurora, eu sei que foi. Olha, não precisa me contar se não quiser, tá? É apenas porque... Eu...
- Se preocupou? - o pergunto complementando sua fala, e ele levanta o olhar
- É.
- Ok, não precisa disso, tá? Vamos correr - sugiro e começamos a correr, eu sigo calada mas ele ainda tenta me ajudar
- Você sabe que pode me contar qualquer coisa, né? Quem sabe eu não possa te ajudar?
- Se for isso, pare de insistir porque não pode me ajudar nisso
- Tem certeza? Não quer pelo menos desabafar?
- Desabafar?
- Sim, desabafar é quando alguém conta algo...
- Eu sei o que significa - o interrompi e ele balançou a cabeça
- Você como estudante de psicologia, deveria saber que desabafar é algo que liberta a mente. Por que não aderi algo que você mesma pratica com outras pessoas?

Esse comentário me fez refletir, por que esse garoto tem argumentos que me tiram da zona de conforto? No fundo eu sabia que ele tinha razão, mas preferi não responder a sua pergunta e continuar ignorando o fato de ter que contar, afinal eu não tenho essa obrigação

- Aurora! - neste momento ele para de correr e me pega levemente pelo braço, me puxando para mais perto dele ao ponto de sentir sua respiração
- O que está fazendo? - questiono
- Eu vejo que você não está bem, por que não faz algo para se sentir melhor? Seus olhos estão inchados, não percebe que eu me preocupo por te ver assim? Pelo menos me fala o que gosta de fazer para tentarmos amenizar um pouco a situação

Ele olha profundamente nos meus olhos e novamente eu não soube o que fazer, me concentraria melhor em uma resposta se ele não estivesse tão perto de mim, por isso me afasto poucos metros e tiro sua mão do meu braço

- O que eu mais gosto de fazer é correr, e você está impedindo que eu faça isso
- Tudo bem, então vamos correr. - ele diz em um tom de confiança e voltamos a correr novamente, enquanto isso me bate a curiosidade e necessidade de lhe perguntar algo
- Por que você se preocupa tanto comigo?
- A questão é, por que eu não deveria me preocupar, Aurora?

AURORA: À espera do que não veio Onde histórias criam vida. Descubra agora