AURORA: À espera do que não veio

✨CAP 09 - Uma grande decepção✨

Acordo animada e nada melhor do que uma bela corrida para começar bem o dia, começo a correr mais rápido do que o normal e John estende a mão atrás de mim com um ar cansado

- Ei Aurora, eu entendo que esteja empolgada mas... - ele toma fôlego já cansado de correr - Pega um pouquinho mais leve, não sou tão acostumado a correr assim
- Desculpe, preciso me alongar melhor para ter mais disposição. Se não aguenta, pode descansar e deixar que eu termine sozinha
- E parecer que amarelei logo na metade da sua corrida? Não mesmo!
- Não se preocupe com isso, afinal a corrida é minha e eu entendo que ainda não esteja preparado pro percurso
- Vamos fingir que eu desloquei o pé, ok? - ele fala sem jeito desistindo da corrida e sentando no banco próximo
- Ok - respondo e sigo a corrida.

Depois de terminar o percurso vou até o banco que John está sentado para descansar também, bebo um pouco de água e para quebrar o silêncio eu tiro uma proza

- Como está o seu pé? - pergunto apontando para ele
- O quê? - ele pergunta sem entender, mas depois afirma - Ah, o pé... Está bem melhor acredita? Acho que foi porque você chegou - ele diz e damos risada
- Talvez - concordo confiante
- Está nervosa? - ele pergunta depois de me ver balançando os pés sem parar
- Ah... É, um pouco
- Por que?
- Não sei, só de pensar que vou para uma entrevista de emprego já me deixa nervosa, a última que fiz não foi lá tão legal
- Pra cafeteria?
- Sim, já conheci o meu chefe, digo... O senhor Davis, já muito insensível com as pessoas
- Ah, o nome dele é Davis?
- Sim, mas ele gosta que o chamemos de chefe porque ele diz que se sente mais superior
- Imagino o quanto foi difícil ter que aturar isso todos os dias
- É, imagine pra Camilly e alguns funcionários que já trabalham lá há mais tempo. As vezes me sinto fracassada por não aguentar o tanto que eles aguentam
- Não se sinta assim, é difícil mesmo ter que aguentar as mesmas frustrações todos os dias. Algumas situações nos fazem obrigar a aceitar, você aceitou até onde pôde
- É verdade, aprender a respeitar o nosso limite pode ser difícil mas não impossível
- Exato, e você conseguiu. Tomara que agora não precise mais passar por isso
- Também espero, acho que deve ser por isso que estou tão nervosa. E se não der certo?
- E se der? - ele me encara sorrindo e eu retribuo de volta, ele tira o celular do bolso e me mostra uma foto
- Esse é o Bobby, o encontrei abandonado e o levei para uma instituição. Infelizmente ele ficou doente e estão fazendo o possível para tratá-lo, ele toma remédios todos os dias e preciso vê-lo com aquele olhar de socorro, ele provavelmente foi abandonado pelo dono e adquiriu essa doença.

A foto era do John com um pequeno cachorrinho, parecia ter uma doença de pele. Meu coração se despedaça por saber que ele é tão pequeno e está sofrendo tanto

- Seres humanos, têm a mania de abandonar quem precisa deles - falo sentindo empatia pelo pobre cãozinho
- Infelizmente, mas sabe o que mais ameniza a dor dele? A companhia de alguém que o ame - John sorri olhando para a foto, de fato parecia gostar muito dele - Estou te falando isso porque às vezes Bobby também parece amenizar as dores que carregamos desse mundo, fazendo também esquecer os problemas. Se um dia quiser visitar ele comigo, ele iria amar te conhecer
- Claro, com certeza eu vou - sorrio lisonjeada
- Agora você precisa ir - ele sugere se levantando e estendendo a mão para me levantar também
- É mesmo, preciso me preparar - digo me levantando
- Desejo boa sorte, mas acho que não precisa quando se trata de ter talento
- Acho que nunca falei isso abertamente com você mas, obrigada!
- Pelo quê?
- Por me apoiar, devo reconhecer esse esforço e agradecer à você
- Por que se refere como esforço? Não é um esforço pra mim ficar com você - ele me olha e em seguida eu me despeço com um tchau, de longe o ouço gritando:
- Fique tranquila, e manda mensagem quando tudo acabar
- Tudo bem - grito de longe e parto para casa