Quem eu sou.

3.4K 375 151
                                    

Juliette's POV

Minha mãe estava com câncer, meu emprego na lanchonete não pagaria o tratamento. Arthur estava trabalhando mas mesmo assim, nossos salários juntos não pagariam, e ela não poderia esperar que alguma alma nobre caísse do céu e pagasse tudo.

Precisei ir atrás de coisas que eu sabia, no fundo eu sabia que me trariam problemas. Mas quem me impediria, não é? Eu me chamo Juliette Freire e não é por acaso.

Comecei a vender drogas, sim. Virei uma traficante, coisa que nem de longe me orgulho. Ninguém sabia, nem mesmo meu irmão. Ele nunca me deixaria fazer tal coisa. Por isso não contei, de início. Mas depois que eu apareci com bastante grana, tive que abrir o jogo com ele. Ele pensou em contar para nossos pais, mas logo depois resolveu que ia me ajudar. O que foi uma péssima ideia.

Às vezes preferia que Arthur ainda fosse o menino gordinho correndo atrás da bola no parque, pelo menos aquele menino não metia tanto os pés pelas mãos. Ele também não é uma pessoa ruim, não mesmo. Mas perde a cabeça fácil, por qualquer motivo. O que é um problema.

Conseguimos juntar grana o bastante para o tratamento, e para pagar a faculdade dele e a minha. Eu tinha várias opções, mas escolhi a que me colocaria rápido no mercado de trabalho, para eu poder nos tirar dessa vida suja.

Nem eu acreditava nas pessoas que me procuravam atrás de ficarem entorpecidos e esquecer a merda de vida fútil que levavam. Eram jovens de classe média alta, filhos de médicos e advogados famosos. Me pagavam de duzentos reais pra cima como se chovesse dinheiro na conta deles.

Arthur já se metia com os 'barra pesada' e foi aí que nosso pesadelo começou.

Flashback

Eu tinha acabado a faculdade faziam dois meses. Meus currículos haviam sido devidamente enviados para os melhores escritórios e empresas da cidade e eu esperava conseguir algo rápido, o mais rápido possível.

– Você é um merdinha! - o homem prendia Arthur contra a parede pelo pescoço. – Um merdinha! Vai aprender a não mexer com a mulher dos outros!

– Oh, por Deus! Se você se garantisse ela não teria me dado mole. Quem é o merdinha aqui? - o homem ficou mais furioso ainda e começou a socar a cara dele.

Arthur não era do tipo que apanhava quieto, então revidou. Revidou e em um piscar de olhos o cara estava lá desacordado no chão.

– Preciso de ajuda!

Recebi a mensagem e saí correndo, não era a primeira vez que ele aprontava e não seria a última.

– Que merda você fez Arthur? Que merda você fez? - eu falei o empurrando também contra a parede, não conseguia acreditar no que estava vendo.

Chequei o cara para ver se estava vivo e para alívio meu dele, ele ainda tinha pulso.

– Vou ligar pra emergência!

– Não Juliette! Não! Eles vão prender a gente. Eles vão me prender! Eu to ferrado, caralho! Esse filho da puta me ferrou.

– Cala a boca por favor. Só cale a boca e me deixe pensar. Você! seu estúpido, você ferrou a gente! Se controle imbecíl! Se controle! Não aprendeu nada? Você não aprendeu nada com o cara que quase matou no ano passado? Arthur se alguém descobre que você fez isso você vai ser preso!

– Não chame a emergência, a gente dá um jeito, a gente cuida dele.

– Não, não! Você fica aqui, eu levo ele até a emergência! Você fica aqui! - eu falei gritando.

Amor Por Contrato | Sariette Where stories live. Discover now