VIII. perversidade

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Pessoas nasceram e morreram. Estranhos se tornaram conhecidos. Conhecidos se tornaram estranhos. Casamentos foram feitos e desfeitos. Minutos se converteram em horas, horas se converteram em dias. Semanas. Meses. Anos. 12 anos. Para Sirius, anos de correntes, escuridão, insanidade. 12 anos em Azkaban. Um condenado em uma cela imunda, que nunca recebera qualquer misericórdia. Sobrevivendo apenas pela ira. Para Remus, anos de exclusão, solidão, opressão. 12 anos sem lar, família ou amigos. Um lobisomem sem terra ou pátria. Existindo à margem, sobrevivendo ao isolamento e a licantropia.

Nenhum dos dois tinha qualquer coisa além dos fantasmas que os assombravam dia e noite. Espectros de sorriso. Ecos de risadas. Fagulhas de toques ancestrais. Memórias de dias melhores. Tudo era pretérito. Tinha que ser, pois não havia futuro. Não havia luz, apenas escuridão. Ambos eram relíquias corroídas pelo tempo. Relógios sem ponteiros. Desejando poder retornar a uma época há muito perdida. Ao sonho antes dele se transformar em pesadelo. Sentindo falta de amigos que não voltariam jamais. Odiando um ao outro. E, apesar de tudo, ainda presos a um amor que se recusava a morrer. O que sentiam um pelo outro era imortal. Essa era a maior perversidade de toda aquela história.

You Left Me (No Choice)Where stories live. Discover now