Part 40

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-- Você está bem, criança? -- Alura perguntou ao ver Lena colocar sal no leite ao invés de açúcar.

-- Ótima. Por quê? -- Lena perguntou sorrindo fraco para Alura.

-- Bem, não acho que eu já tenha provado leite salgado na vida. -- Alura disse apontando para o copo e Lena fechou os olhos caindo em percepção.

-- Sinto muito. Eu vou...

-- Deixa que eu jogo fora esse e preparo outro para você. -- Alura disse de maneira serena. Lena enrijeceu os músculos ao ver James passar no final do corredor.

-- O-obrigada, Alura -- Ela disse. -- Mas acho que eu dispenso o leite. Tenho algo...Que fazer. Obrigada de novo. -- Lena disse se levantando. Alura acompanhou com os olhos o movimento da garota. Algo não estava bem, qualquer um diria isso.

-- Será que é problemas com Kara? -- Jenna perguntou ao ver o estado caótico que a mente de Lena parecia estar.

-- Já pensou em comer chumbinho? -- Alura perguntou e Jenna riu.

-- O que será que está atormentando ela esses dias? Ela anda estranha. -- Jenna falou evidentemente curiosa. Alura apenas suspirou.

-- Oh, criança. Lena é uma moça maravilhosa, mas sinto que está passando por algum conflito interno.

-- Não precisa ser muito gênio para se perceber. -- Jenna disse olhando para os lados e, ao ver que mais ninguém estava, se levantou e começou a ajudar Alura. -- Provavelmente descobriu que uma unha quebrou. -- a mais velha riu e negou com a cabeça.

-- Por que se finge de má diante dos outros?

-- Não preciso fingir. Herdei de minha mãe. -- A menina disse, começando a lavar a louça.

-- Lena ama Kara, deveria dar a ela uma chance de...

-- Ela nem a conhecia quando se casou. Não se pode amar alguém em tão pouco tempo.

-- Você se surpreenderia com o poder do amor.

-- No máximo uma paixão avassaladora, mas amor? Duvido muito.

-- Então acha que seu amor é mais real do que o dela? -- A mulher perguntou.

-- Já não importa mais, de qualquer jeito. -- Jenna falou suspirando. -- E não conte a ninguém que estou...

-- Me ajudando? Oh, criança. Você me ajuda desde nova, por que eu diria agora?

-- Tem razão. -- Jenna falou rindo. -- E qual é a do bonitão?

-- Peter?

-- Sim.

-- Parece ser competente.

-- Mais do que papai era? -- Perguntou arqueando uma sobrancelha.

-- Seu pai ainda é competente, só se aposentou. -- Respondeu Alura.

-- Enfim, não se esqueça de que amanhã teremos comemoração de cem anos da cidade.

-- Como iria me esquecer? Eu quem cozinho. -- Falou rindo.

-- E algo me diz que essa festa vai prometer. -- Disse sorrindo triunfante, lembrando-se a reação de Lena ao ver John passar por ali.

[...]

-- James? -- Lena chamou baixo o rapaz, quem levantou o olhar das planilhas e encarou Lena. Era final de tarde e ele achou que Lena não iria lhe procurar mais, mas sorriu ao ver que se enganou. -- Posso entrar?

-- Claro. -- Ele disse se levantando. Lena entrou e encostou a porta, respirando fundo até caminhar até o rapaz.

-- Como está?

-- Oh, por Deus, pule essa parte. Não precisa fingir que se importa. Só quero saber o que houve. -- Lena assentiu, cruzando os braços.

-- Primeiro quero que saiba que eu me importo sim. -- Falou. -- E segundo... O que veio fazer aqui se passando por outra pessoa?

-- De que outro modo eu entraria sendo que a idiota da sua esposa proibiu minha entrada na cidade? -- Ele perguntou irritado.

-- Bem, antes de ofendê-la deveria se informar melhor. Kara já autorizou sua entrada novamente.

-- Depois de casar com minha garota, claro. -- Ele disse irônico.

-- Não sou sua garota. -- Falou prontamente. -- E ela é tão vítima nisso tudo quanto você e eu. -- Lena defendeu.

-- Vítima? Aquela mulher...

-- Se tornar a ofender Kara na minha frente te deixarei falando sozinho. Não vim aqui para te ouvir falar estupidezes de alguém que mal conhece. -- Alertou ela.

-- E você a conhece, por acaso?

-- Sim! -- Respondeu com firmeza. James respirou e assentiu.

-- Tudo bem. Desculpe. -- Pediu contrariado.

-- Bem... -- Lena começou a contar tudo o que havia acontecido. Desde o casamento contrariado, até a farsa de sua mãe.

-- E aí você se apaixonou? -- Ele perguntou com um nó na garganta.

-- Sinto muito. -- Ela sussurrou. Ele negou com a cabeça, desnorteado.

-- Ela te trata... Te trata bem? Porque eu posso lutar pelo seu amor, Lena. Eu posso...

-- Eu acho que você não entendeu. -- Lena começou. -- Eu a amo, James. Com cada fibra do meu ser. Se você a conhecesse entenderia. Ela é benevolente, gentil, pura, madura... -- Toda a sinceridade habitava as palavras de Lena. -- Não quero que lute por mim, quero ficar com ela. Só quero que seja feliz. -- Ele riu e negou com a cabeça.

-- Ter aquele monte de dinheiro influenciou no seu amor? -- Ele perguntou com rancor e Lena lhe olhou incrédula.

-- Como se atreve?

-- Ah, qual é, Lena? Ninguém se apaixona tão rápido assim não. -- Falou. -- Amor? Eu duvido. Sua família estava à beira da ruína. Quem me garante que você não está dando para ela só por causa... -- Não terminou sua fala devido ao tapa estalado que recebeu no rosto.

-- Graças aos céus eu acordei a tempo de ver o homem hediondo e sujo que você é, porque se realmente me conhecesse saberia que...

-- Amor? -- Kara entrou no ambiente, se aproximando dos dois. Lena se assustou, não havia ouvido a porta se abrir. -- Está bem? -- Perguntou ao ver a expressão magoada de Lena.

-- Sim, só estava dizendo ao senhor Leroy que eu realmente odeio números. Não havia me dado conta disso até agora. -- Falou saindo da biblioteca no momento seguinte. Kara acompanhou confusa a saída de sua esposa.

-- Eu não pude ouvir o que diziam porque eu estava longe... -- Kara disse com o maxilar trincado assim que pôs os olhos no garoto. -- Mas eu vi o tapa. -- Pressionou suas duas mãos sobre a escrivaninha e o olhou fixamente. -- E se eu souber que faltou ao respeito com a minha esposa, Leroy, não será só o emprego que perderá.

-- Está me ameaçando de morte?

-- Oh, não. Eu jamais sujaria as minhas mãos. Lena não merece um monstro como esposa. -- Falou. -- Mas para te afundar eu não preciso de muito.

-- Deveria perguntar a ela o motivo do tapa. -- Ele vociferou.

-- Se ela não quiser me dizer, respeitarei o espaço dela. Não pense que esse joguinho de tentar me deixar confusa funcionará. -- Disse respirando fundo e endireitando a postura. -- Eu gosto de você, Peter. Não me decepcione. -- E dizendo suas últimas palavras saiu dali fazendo o barulho do salto ecoar.

James respirou fundo e deu um soco no ar. Não pensava aquelas coisas de Lena, só disse na hora da raiva, no calor do momento. Sabia que ela seria incapaz de ficar com alguém por dinheiro.

Pensou em Kara. A verdade é que sentira inveja de ela ser a dona dos pensamentos de Lena. A vida não havia sido justa com ele, mas estava ciente de que havia pisado na bola e de que devia um pedido de desculpas à Lena.

Por um momento sentiu-se aliviado também, Kara havia defendido Lena sem perder a postura ou o caráter. Ele, após se desculpar com Lena, poderia ir embora sossegado. Luthor
estaria em boas mãos.


Over the Rainbow | KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora