Capítulo 17

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Fazia quase um mês que a Sophie estava internada e eu fui a maioria dos 30 dias que ela se encontrava lá, mas sempre ficava a espera na sala de visitas, como naquele momento

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Fazia quase um mês que a Sophie estava internada e eu fui a maioria dos 30 dias que ela se encontrava lá, mas sempre ficava a espera na sala de visitas, como naquele momento. Havia se tornado uma rotina cansativa e chata, mas eu estava preocupado com ela e queria muito vê-la. E talvez tivesse chegado o meu tão esperado momento, pois a avó dela havia se sensibilizado de minha situação, ela via que todos os dias eu estava aqui, mesmo nunca conseguindo entrar eu fazia questão de saber noticias suas, e mesmo dona Amélia dizendo que poderia me ligar eu não achava que era o suficiente, precisava vir.
Perdido em pensamentos não noto quando dona Amélia me chama, então ela toca meu ombro.
—Venha querido, você pode entrar agora, mas não pode demorar muito, por pouco o médico não permite. –Diz dona Amélia com um sorriso contagiante e logo me pego sorrindo também na expectativa.
Nós seguimos para o quarto onde Sophie se encontra agora, um quarto particular que meu pai fez questão de pagar, afirmando que custearia com todas as despesas que ela viesse a ter, sua familia ainda tentou recusar mas meu pai sabe ser persuasivo quando quer, algo que me deixou muito feliz, eu não estava tão a par da situação financeira deles, mas pelo que meu pai havia me contato não era das melhores, afinal Sophie precisa trabalhar por eles.
Dona Amélia abre a porta do quarto.
—Vamos, entre. – Diz ela empurrando minha cadeira juntamente comigo e então eu sorrio abertamente depois da longa espera.
—Oi Sophie. –Digo esperando que ela saiba quem é, claro que sabe. Afinal ela não esqueceria minha voz assim né?
Por um momento a vejo sorrindo e então ela fala:
—Quem é vó?
—Você não lembra de mim Sophie? – Pergunto nitidamente triste, havia me pegado totalmente desprevenido, afinal era uma possibilidade ela não lembrar-se de mim não era?
—Larga de ser bobo garoto, claro que eu lembro de você, só estava me divertindo um pouquinho. – Diz ela dando sua doce gargalhada e então me pego rindo também, mas de alivio.
—Nossa, que susto. Por um momento achei que você realmente não lembrasse de mim. – Digo desconcertado mas ainda sim sorrio.
—Vem cá. Chega mais perto. –Diz ela que parece ouvir minha voz a uma certa distância.
Sua vó e o resto de sua familia pede licença e se retiram e eu agradeço mentalmente, pois preciso de um momento com ela.
—Então, como você tá? – Pergunto ao aproximar mais minha cadeira de sua cama.
—Estou me sentindo mais forte a cada dia. Espero sair logo daqui, a comida é horrivel. –Fala com seu costumeiro bom humor.
—Ah eu lembro perfeitamente, uma das desvantagens de estar aqui não é? –Digo tentando brincar também, sem muito sucesso.
—Gabriel, por que você está aqui? –Pergunta Sophie, indo direto ao ponto.
—Eu fiquei preocupado com você. Queria te ver. –Respondo sendo totalmente honesto.
—De verdade? Por que para ser bem sincera a gente mal se conhece, então isso me surpreendeu um pouco. –Explica e realmente faz sentido, mas ela não sabe de uma coisa.
—Acontece Sophie que mesmo em tão pouco tempo que nos conhecemos você me fez melhor do que pessoas que eu já conheço a anos, isso tem uma diferença considerável você não acha?
Vejo ela sorri mais uma vez, e então noto o qual bonita ela continua. Seus olhos castanhos brilham, suas bochechas parecem um pouco menos coradas, mas ainda sim, continua tão linda quanto eu me lembro.
—Tudo bem, acho que posso viver com essa resposta. –Ela fala rindo, me levando a rir junto. –Mas me responde outra coisa.
—O que você quiser.
—Você sabe a verdade não sabe? –Pergunta e sei exatamente ao que ela deve estar se referindo, mas não vim aqui para ter essa conversa, não hoje, não agora, com ela nessa situação, isso pode esperar um pouco mais.
—Sim, eu sei. Mas não precisamos falar sobre isso agora. É um assunto delicado, mas pode esperar. Só se preocupa em ficar boa logo ok? –Respondo, querendo de verdade ter ela longe daqui o quanto antes.
—Claro. Logo logo saio daqui. Enquanto isso não acontece se sinta a vontade para vir me ver sempre que quiser. –Ela convida.
—Olha que eu venho mesmo viu? Você vai abusar de mim. –Digo brincando, e conseguindo arrancar mais um sorriso seu. Algo que se tornou meu objetivo mesmo sem saber.
Então uma enfermeira entra no quarto dizendo que a Sophie precisa descansar, me despeço dela e saio relutantemente de seu quarto, mas meus pensamentos insistem em continuar na linda menina que nele ficou.

                      ❤️❤️❤️

Ao sair do quarto de Sophie encontro com Henrique na sala de visitas a minha espera. Ele havia me deixado mais cedo e saído para resolver problemas pessoais.
—Oi Henrique. Você sabe onde está meu pai? Ultimamente ele tá muito distante. – Pergunto, pensando no meu velho, que nas últimas semanas tem se sentido cada dia melhor, mas perdido em pensamentos, desde que minha mãe viajou e não voltou nem quando meu pai havia passado mal, eu notei o quanto o casamento deles se tornou desgastado, e provavelmente o divórcio virá em breve.
—Cara, seu pai saiu com Alfredo bem cedo, na verdade antes de sairmos de casa. Não sei para onde ele foi, e quando eu tentei perguntar ele respondeu grosseiramente, não entendi nada e deixei pra lá. –Responde ele, agora pensativo.
—Meu pai foi grosso com você? Mas que merd...-Penso em todas as vezes que meu pai sempre agiu com gentileza mesmo nos dias que se encontrava irritado, algo não estava certo.
Enquanto nos encaminhávamos para a saída do hospital avisto a garota do outro dia, a que chorou no colo de dona Amélia se sentindo culpada pelo que houve com a Sophie, pelo que me lembrava ela se chamava Camille, esperava estar certo.
—Camille? –Chamo quando vejo que ela está para entrar no hospital.
—Oi, tudo bem Gabriel? –Ela me cumprimenta como se me conhecesse a tempos, vendo-me confuso trata de explicar rapidamente.- Eu trabalho na empresa do seu pai, te conheço de vista. Prazer me chamo Camille, mas acho que isso você já sabe. –Ela diz sorrindo.
—Ah, eu te vi no outro dia, e lembro de ter se apresentando a familia de Sophie, então vocês são amigas? –Pergunto curioso para saber mais sobre as pessoas da vida de Sophie.
—Amigas e colegas de trabalho. –Responde e sorri ao notar Henrique atrás de mim.
—Ah, que falta de educação a minha. –Digo apontando para Henrique. –Esse é Henrique, Camille.
—Olá, satisfação conhecê-la. –Responde Henrique pegando a mão de Camille que sorri.
—Então tá, a gente já ta indo embora, mas acho que você chegou tarde para a visita. –Digo e logo ela fica triste.
—Ah nem me fala. Tive uns problemas com minha mãe, só puder chegar agora. –Ela explica, então nos despedimos e ela se vai, apressada.
—Gostou dela em Henrique?- Digo, mais para mexer com ele do que qualquer outra coisa.
—Claro, a garota é linda. –Diz ele sorrindo envergonhado.
—Ahh eu sabia!! –Digo rindo da sua cara.
—Nem vem que eu sei bem por quem você está de quatro. –Ele fala rindo também, então fico sério imediatamente.
—Iih, nem começa. Vamos logo embora. –Falo voltando a minha posição de durão, sem querer demostrar sentimentos, afinal não havia sentimentos para demostrar, é o que eu tento acreditar, talvez enganando a mim mesmo.

Ao chegar em casa no final daquela manhã, encontro meu pai novamente em seu escritório, algo que tem acontecido com uma frequência absurda. Espero ele sair do telefonema ao qual ele está, lembrando da última vez que estive nesse mesmo lugar ao saber sobre o atropelamento de Sophie, e de repente uma sensação ruim toma conta de mim, e tento ao máximo afasta-la, mas é inútil, piora quando ouço meu pai desligar seu celular e se virar para mim falando:
_Precisamos conversar Gabriel.

Além Dos Seus Olhos - Duologia (Livro Um)  [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now