Além Dos Seus Olhos - Duologia (Livro Um) [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo 20

Finalmente havia chegado o dia de eu receber minha tão esperada alta do hospital. Ainda não estava 100%, é verdade, mas levando em conta que eu havia acabado de sair de um coma me sentia ótima.
Ouço vovó abrir o zíper de minha bolsa a procura de uma roupa, enquanto mamãe foi falar com o médico, certamente se certificar de que eu estava bem mesmo.
Não via a hora de sair daquele hospital, onde eu havia passado quase dois meses. E uma sensação de liberdade tomava conta de mim, me deixando imensamente feliz.
-Vovó vai logo com isso. Quero muito chegar em casa e abraçar o Edu. -Digo a apressando. Eduardo, meu irmãozinho veio me ver algumas vezes, mas eu já não aguentava de saudade, como se tivesse ficado longe dele por anos e não apenas dois meses.
-Calma querida. Estou escolhendo a roupa mais linda para sua saída desse lugar. -Diz minha vó soltando sua típica risada.
Então ouço a porta do quarto se abrir e os passos de mamãe entrando apressadamente.
-E então, tudo pronto? -Pergunta ela ansiosa.
-Que nada mamãe, desde que você saiu vovó procura a roupa "perfeita". -Digo rindo da minha vó que nunca foi ligada em moda mas nesse momento é algo que ela quer fazer por mim e me sinto grata.
-Mãe, por favor né. Qualquer roupa serve. -Diz minha mãe impaciente, ajudando minha vó com as roupas, ouço elas revirarem minha bolsa.
-Quero só saber quem vai arrumar essa bagunça depois...-Digo mas ainda sim acabo rindo. Feliz. Sim é assim que eu me sinto nesse momento. Eu não poderia estar mais feliz... É o que eu acho, até ouvir o som de sua voz preencher meu quarto e seu perfume chegar as minhas narinas me fazendo arfar, não havia percebido até agora que senti saudades do seu cheiro e da sua voz. Gabriel está no meu quarto pela terceira vez em tão pouco tempo e eu não faço ideia sobre o que devo falar. Por que me sinto tão nervosa com sua presença? Sentimentos conflitantes tomam conta de mim, e eu já não sei mais o que sinto, mas sei que de uma forma ou de outra estou bem.

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Gabriel veio com Henrique para me levar para casa, vovó avisou a ele sobre minha alta e ele se prontificou para nos levar. Achei muito gentil da parte dele e fiquei feliz por poder ver ele novamente. Apesar de achar que ele estava com algum problema, Gabriel sempre foi reservado, ao menos desde que o conheço ele tem esse jeito, mas agora ele parece mais aéreo que o normal. Gostaria de perguntar qual o problema, o que tanto parece o aflingir, mas tenho medo dele achar que estou me metendo em sua vida e se fechar ainda mais, então prefiro não perguntar nada, ao menos por hora.
-Obrigada Gabriel, não só pela carona, mas por está presente nesse momento difícil. -Agradeço sinceramente, pois de acordo com o que eu vi dele, achei que nunca estaria aqui agora, nem pensei que ele fosse me perdoar ao descobrir a verdade, mas claramente eu subestimei o Gabriel. Ele é um bom homem, e mesmo estando angustiada para termos a conversar que tanto adiamos, me sinto grata por sua companhia.
-Eu nunca deixaria você sozinha, não quando você me ajudou no momento que eu mais precisei...-Responde, mas noto que ele pensa o mesmo que eu; provavelmente nossa amizade não resistirá as mentiras que foram ditas. Mas eu espero verdadeiramente que sobreviva, que eu possa corrigir meu erro, então eu farei tudo diferente, preciso apenas de mais uma chance, são os pensamentos que invadem minha mente quando eu sinto sua mão segurar a minha no banco traseiro do carro a caminho de minha casa.

Meu celular toca insistentemente e quando o atendo me surpreendo com Dona Amélia, avó de Sophie que me ligou dizendo que ela receberia alta ainda essa manhã. Sem que eu perceba meu coração dispara com a notícia, então sorrio e me prontifico a busca-las no hospital. Algo que dona Amélia aceita prontamente agradecendo, alegando não querer incomodar Seu Geraldo, que estava em casa tomando conta do seu neto.
Além do mais fico feliz em poder ajudar, mesmo não estando tão bem assim. O problema do meu pai ainda não foi resolvido, está longe de ser. Provavelmente Camille não sabe de nada dessa história, o que me preocupa ainda mais, não posso deixar de pensar que a mãe dela pode estar mentindo. Afinal, eu não a conheço e mesmo sabendo que Camille é uma boa moça, não sei nada a respeito dela também, o que me deixa ainda mais apreensivo e fico sem saber qual outro passo seguir, me deixando frustrado e um pouco chateado.

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Henrique e eu chegamos rapidamente no hospital e eu o deixo estacionando o carro enquanto rolo minha cadeira pelos corredores vazios, ansioso para reencontrar Sophie.
Abro a porta do seu quarto e adentro, encontrando sua mãe e avó mexendo em uma mochila enquanto Sophie sorri de orelha a orelha na cama. Aquele simples gesto aquece meu coração e eu a fito, enxergando a beleza e a pureza que ela exala de todos os seus poros, parece que consigo ver além dos seu olhos quando á olho assim, radiante, simplesmente linda, mesmo ainda estando com roupas de hospital. Meu coração acelera e sem notar me pego sorrindo, querendo me perder nos olhos castanhos que brilham de felicidade, eu encontrei minha luz, é isso que eu quero em minha vida, e é com essa certeza que a cumprimento, com essa mesma certeza que aquece meu coração, sabendo que sim, nossa amizade irá sobreviver...Se depender de mim tudo ficará bem é a certeza que eu tenho aquele momento, olhando para a linda menina que está ao meu lado no banco traseiro, me agradecendo por estar com ela, quando aperto sua mão e sorrio, quero que ela sinta que estou aqui por ela, e pretendo ficar.