Capítulo 24

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- E você tem alguém?

- Não, por enquanto não.

- Não me fala que é o de pegar e não se apegar. - Ele nega achando graça.

- Mais ou menos, porém eu procuro alguém, quero ter o que meus pais tiveram. - Continuo o olhando querendo que prossiga. - Ele estava na rua uma vez e quando bateu os olhos nela setiu a atração imediata, não foi amor a primeira vista mas aquela tensão sempre estava no ar e ele não desistiu até tê-la.

- Romântico. - Murmuro sorrindo.

- Agora me conta sobre o Trevelyn. - Fez cara de desgosto. - Tem certeza que quer isso mesmo? Ele mentiu pra você.

- Você sabe como começamos? - Faz um sinal de mais ou menos. - Então vou te contar.

Fabrizio depois da última vez que o vi tentou se aproximar, ele parecia ainda mais afobado que o pai pelo contato. Hoje quando o mesmo chegou aqui após o café e perguntou se podíamos ver um filme eu me surpreendi, quando imaginaria que esse fosse seu pedido.

Estamos o dia inteiro trancados na sala de cinema da mansão e perdi a conta de quantas mensagens Harry me enviou perguntando se pode arrombar a porta e entrar.

O italiano me surpreendeu, no lado positivo. Sim italiano, foi confuso pra mim entender isso por que pensei que eram gregos, quando na verdade Domenico é sim mas se mudou quando começou essa coisa de assassino para Roma onde conheceu Lea e hoje eles moram em Salermo, uma cidade mais calma de acordo com o filho.

Quando nos sentamos no estofado estava tudo muito confuso e mecânico, porém foram apenas as primeiras cenas aparecerem que a semelhança de querer comentar a cada cena chegou e com isso uma conversa descontraída sobre nossas vidas e gostos. Parecia que ele estava ansiosa para realmente ter uma irmã, até por que teve mais tempo do que eu para digerir a informação e apesar de ser a mais velha ele age como se fosse o contrário.

- Mas um motivo para atirar na bunda dele. - Reviro os olhos.

- Para de drama... Deus, vocês são parecidos. - Faço uma careta ao pontuar.

- Você ama ele?

- Sim. - Afirmo sem dúvidas.

- Então vocês estão bem de novo?

- Mais ou menos... eu o perdoei e dei uma chance, porém nada é tão fácil assim.

- Disso eu gostei. - Sorriu empolgado como um criança.

Viu, Harry dois.

Ele é super sério e estava com o maior receio de como começar a tentar uma relação sendo que éramos totalmente os opostos, mas foi estarmos sozinhos para o sorriso genuíno e afetuoso surgir assim como as semelhanças.

- Papai está aqui. - Atrai minha atenção se levantando e repito o ato. - Olha... ele é pior do que eu e não sabe como conversar com você.

- Eu também não sei, nunca tive um pai isso é muito confuso. - Assumo demostrando como ainda estou perdida.

- Com o tempo tudo se ajeita, agora eu preciso ir. - Deposita um beijo em minha testa antes de sair comigo o seguindo.

Noto Alexander e Domênico conversando próximos a saída enquanto do outro lado da sala vejo apenas Harry que levanta no mesmo instante para se por ao meu lado protetoramente.

- Você está bem? Preciso atirar no idiota por te magoar?

- Estou ótima Harry. - Ele concorda ainda de lábios franzidos me abraçando de lado. - Err.. oi.

Sério Ariane? Oi? Os olhos negros como a noite assim como os meus refletidos no espelho me fitam sem saber ao certo o que fazer.

- Olá la mia fiore. - Nos encaramos sem saber ao certo como agir, e assumo ser uma situação estranha para os dois lados, ainda mais depois de ter sido bem negativa e explosiva da última vez que nos vimos.

- Bom, vamos. - O mais novo nos salva do constrangimento.

- É, claro. - Ele dá um passo a frente sem saber se pode ou não se aproximar e tento esquecer tudo que eles sejam ou suas histórias para lembrar que ele descobriu a pouco tempo que tem uma filha como eu descobrir ter um pai que não me rejeitou.

Dou um passo a frente me despedindo com um abraço em Fabrizio e faço por impulso o mesmo com o mais velho que fica visivelmente surpreso. Penso até mesmo em recuar e me desculpar ao sentir seu corpo tenso e inerte até que seus braços sem jeito afagam minhas costas.

- Buonanotte figlia. - Sussurra apenas para que eu escutasse.

- Boa noite. - Digo sem jeito tomando distância os assistindo sair.

Solto a respiração forte como se quisesse tirar algum peso das minha costas com tudo isso. Eu tenho um pai, vivo, que me quer e certamente isso ainda não se firmou na minha mente. Ainda torço com todas as minha forças que eles sejam exatamente quem dizem ser, porém não quero pensar nisso por que outros homens que se virem fazendo o que eles sabem fazer de melhor para descobrir tudo, por enquanto quero apenas focar e entender que tenho um pai, irmão e uma madrasta que se quer conheço mas pelas falas do filho é uma mulher admirável.

- Vamos sair?

- Oi? - Questiono perdida me virando ao notar que estamos sozinhos ainda próximos a porta.

- Quero te levar pra jantar.

- Jantar? - Ele revira os olhos.

- Sim, sair, jantar, conversar, essas coisas de casal. - Reprimo o riso.

- Não é perigoso?

Afinal no meio de tudo ainda tem um lunático atrás da minha pessoa sendo que nem fiz nada para ninguém.

- Vamos a um restaurante da Família, e temos muitos seguranças, estaremos seguros.

- Tudo bem. - Concordo indo em direção as escadas depois de me esquivar de um beijo que na certa chegaria.

Ah Harry, você aceitou meus termos amor.

Chego ao meu quarto sorrindo para encontrar uma loira esparramada na minha cama com uma pilha de vestidos do seu lado.

- Invasão agora?

- Nah, apenas sendo uma boa amiga e te ajudando a se arrumar para um encontro descente.

- Como sabia? - Ela alça as sobrancelhas como se falasse, eu sei de tudo, mas tenho certeza que Harry lhe perguntou algo ou pediu ajuda.

- Tudo bem, vou tomar banho. - Me rendo sabendo que ela não vai desistir e sempre torceu para isso acontecer.

Depois de um banho cuidando da minha depilação claramente saio enrolada a toalha.

- Nós estamos bem? - Pergunta.

Não cheguei a conversar com todos sobre a invenção de um falso namoro, mas continuei tudo normalmente e se eu juntar umas conversas aqui e ali principalmente quando acordei fica claro toda a situação, e mesmo tendo ficado brava no início ela jamais faria algo para me prejudicar, se Vic aceitou isso Harry deve ter falado tudo que desabou pra mim quando eu contei estar ciente da mentira.

- Estamos sim. - A vi fazer uma cara aliviada. - Você nunca faria algo para me prejudicar apesar de eu ter ficado com raiva no início.

- Justo. - Deu de ombros antes de se levantar com um sorriso do coringa. - Agora vamos te arrumar por que Jack ainda não veio te ver mas escolheu saltos para seu encontro.

Harry - Trilogia Irmãos Trevelyn 2Where stories live. Discover now