O almoço

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Ponto de vista de Toya
Será que se eu inventar uma desculpa agora eu consigo fugir? Ele não tira os olhos de mim e eu estou nervoso. Na verdade estou também ardendo de desejo.

- Vocês se conhecem? - Pergunta Arthur entre curioso e suspeito.

Ele não me deixa responder.

- Sim, nós nos encontramos ontem num bar perto do hotel onde eu estou. - Ufa! Por sorte ele não deu mais detalhes...

- Vamos almoçar? - A voz de Daichi se faz ouvir.

Eu me levanto, ainda parecendo um robô, e os sigo. Para meus pecados, Eduardo anda ao meu lado, me olhando com curiosidade, mas sem falar uma palavra. Quando as portas do elevador se abrem eu praticamente me jogo dentro dele, grudando em Arthur, sem sequer me importar com o fato de Daichi me olhar estranho.

- Toya, você está bem? - Arthur me pergunta preocupado. Essa é minha deixa. Eu posso dizer que estou passando mal e... espera! Eu estou passando mal!!!! Socorro!!!! Mas quando eu vou abrir a boca para falar, Eduardo se adianta.

- Ele parece um pouco pálido. Acho que não deve ter dormido o suficiente. Nada que um café forte e amargo não resolva. Ou um banho gelado. - Eu arregalo os olhos, sem conseguir tirá-los dele. Como ele ousa dizer que eu não dormi! Só falta dizer o porquê!!!!

O caminho para o restaurante é feito com Daichi, Eduardo e Arthur conversando sobre banalidades. Ao chegarmos conseguimos uma mesa mais afastada, longe do burburinho dos outros clientes. Arthur e Daichi sentam-se ao lado um do outro enquanto eu sou obrigado e ficar ao lado do homem cujo simples olhar me enlouquece. Ele se senta perto demais, nossos corpos quase se tocando. Eu quero muito sair correndo, mas quero mais ainda sentar no colo dele e beijá-lo.

Fazemos os pedidos e a conversa rola solta. Quer dizer, a conversa entre os três. Porque eu estou tenso e mudo...

Ponto de vista de Arthur
- Me diz, Eduardo, por que é que você não me ligou antes?

- Eu estava ocupado irmãozinho. Você mesmo acabou de se mudar para cá. Sabe como são essas coisas. Aliás, eu queria dar também as boas vindas à nossa família ao Daichi. Espero que a Júlia não tenha pegado pesado com você, embora eu realmente não acredite nisso.

- A Júlia é incrível, mas ser ameaçado de morte não foi muito divertido.

- Você sabe sobre a Júlia, Daichi? Sabe que nossa avó era assim também? De nós três, a Júlia é a rainha suprema, eu às vezes vejo ou sei de alguma coisa e o Arthurzinho parece que ficou de fora da divisão da herança.

- Eu só digo: ainda bem!!!! Deve ser muito cansativo ver coisas e ficar atrás das pessoas avisando... - Eu digo dando de ombros. Comparado aos meus irmãos, eu sempre me senti... menos.

- Do que é que vocês estão falando? - Toya pergunta curioso.

- Digamos que alguns membros de minha família tem algumas habilidades de ver e sentir coisas que pessoas normais não vêem e não sentem. - Digo, tentando explicar sem assustar Toya.

Lembro sempre das reações das pessoas, principalmente em relação à Júlia. Não foram raras as vezes que eu e Eduardo entramos em brigas para defendê-la de gente cruel. Quem diria: o garoto tímido e pacifista distribuindo socos. Mas naqueles momentos a raiva falava mais alto. Minha irmã é mais importante.

- E você tem essas habilidades? - pela primeira vez, desde que viu Eduardo no escritório, ele faz uma pergunta direta, sem parecer que quer sumir.

Combustão (Livro 3 da Série Akai ito)Where stories live. Discover now