ATO I - Capítulo 07: Dia de folga

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ATO I - Capítulo 07: Dia de folga

Seven

Bocejo, colocando a mão na boca. A garoa fina cai sobre o para-brisa do carro, enquanto observo Suuch andar apressado pela calçada direita. Acho que ele tá de mau-humor, sabe?

Logo cedo quando acordei, ainda com as roupas que usei na festa, encontrei um bilhete de Suuch por cima das minhas coisas. Estava escrito: “Não é um pesadelo. Dê um jeito de ir para a escola sozinho.”

Que nervosinho, né? Troquei minhas roupas voando e desci as escadas, mas nem David e nem Suuch estavam na mesa de café da manhã. Parecia até outra dimensão! Corri para a garagem e achei as chaves da Pajero no chão.

Ouvi um funcionário conversando com o outro, analisando a lataria do carro do meu pai, sobre o fato de que David ficou bem irado com eu ter estragado a lataria e que estava de mau-humor, o que justifica o motivo de que ele nem quis me ver logo pela manhã. Ele se importa mais com a droga do carro do que com os sentimentos das pessoas.

Talvez esse seja o real motivo com que Suuch esteja bravo, afinal. Uma das últimas coisas que me recordo de ontem foi David e o Sr. Salloman terem anunciado uma parceria familiar através de um casamento entre Suuch e Pear. Se fosse comigo, ficaria irado também.

Emparelho o carro com seu andar, mas Suuch ou não percebe o carro atrás dele, ou está me ignorando, pois nem olha para mim, nem nada. Fico com a segunda opção. O rádio do carro está ligado tocando uma música que eu gosto, então acho que pelo menos o som ele está escutando.

— Ei, Suuch. — Chamo, mas ele nem se importa. — Suuch?

Nada, fico no vácuo. Faço uma careta de insatisfação. Queria que ele entrasse no carro, simplesmente, mas Suuch pode ser bem cabeça-dura às vezes. Como se andar a pé até o colégio fosse resolver os problemas!

— Você nem tomou café da manhã...  — Insisto mais um pouco, gritando pela janela. — Quer matar aula e ir ao Starbucks? — Suuch endireita a mochila no ombro e continua andando, ele até aperta um pouco o passo, para caminhar mais depressa e tenho que acelerar mais um pouco. — Qual é, Suuch, não pode ser assim tão ruim... É melhor a Pear que a Jessica Davenport!

É verdade! Jessica é um pouco mais nova que a gente, mas ela tem bigode. Sério, bigode! Não é uma penugem mais escura por cima do lábio, é bigode mesmo, com pêlos de verdade. É assustador. Imagina ter que acordar ao lado dela todo dia?

— Eu não quero me casar, Seven. Não quero Pear, não quero Jessica, eu quero ser livre. — Suuch finalmente me responde. No lugar dele eu pensaria a mesma coisa e provavelmente teria feito uma cena muito maior durante o anúncio do casamento.

— Mas você não tem que se casar amanhã! Dá tempo de fazer o Sr. Salloman mudar de ideia!

— Mudar de ideia, por acaso você quer casar com ela? — Suuch me fulmina com o olhar. — Porque é isso que eles querem, se você quer casar com ela, isso me ajudaria.

— Er… Não, não quero. — Dou de ombros. Ninguém quer casar assim sem gostar da pessoa direito, mas não me escolheriam nessa equação de qualquer forma. — Todas as famílias devem querer casar suas filhas com você! Você tem as melhores notas, se dá bem com as pessoas e é um Chasseur. Tudo o que você precisa fazer é convencer o Sr. Salloman de que ele não te considera a melhor opção. Você e a Pear podiam até se unir… — Suuch olha para mim enviesado. Ops, péssima escolha de palavras! — Se ajudar, digo.

— Não tenho como pedir ajuda pra você nessa, já que provavelmente você terá morrido na Primeira Missão. — Suuch olha para frente irritado, continua marchando. Ui, ele feriu meu coração agora! — Ou vai também convencer o seu pai que ele não quer isso?

Venatio - Leitura Unificada - Seven & SuuchWhere stories live. Discover now