Uma visitante traz informações

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  Era domingo à noite, estava deitada na cama, pronta para dormir, olhando para o teto. Jack tinha levado Panqueca mais cedo naquele dia, não contei a ele sobre a conversa que tive com Jamille.
  Sábado ela veio na casa de vovó, não sei como descobriu o endereço.
  — Sinto que devo te alertar sobre algumas coisas — disse ela — Pode não parecer, mas Pedro é mais perigoso que Daniel.
  — No entanto, não é o que eu sinto.
  — Eu sei.
  — Por que vocês vampiros parecem todos se conhecer?
  — Não posso falar muito sobre isso. O que posso dizer, é que existe uma organização na qual todos vampiros da região participam obrigatoriamente. Seu objetivo é manter o sigilo da nossa espécie.
  — Entendi.
  — Já se perguntou por que a presença de Daniel lhe causava tanto medo — fiz que não com a cabeça — Bom, é uma coisa de vampiro, alguns possuem habilidades especiais.
  — Como você lê mentes?
  — Exato. Daniel podia controlar as emoções de suas vítimas, deixando-as mais vulneráveis. Ele usava sua habilidade a tanto tempo que nunca imaginou que ela pudesse falhar.
  — O que isso quer dizer?
  — Não conseguiu controlar o lobo, Ainda estou estudando o motivo, talvez seja por causa de algo que eles chamam de Imprinting — então Jack tinha um Imprinting, mas quem? — Eu posso responder sua pergunta, criança, mas seria melhor que perguntasse a ele.
  — Está certa — mas não sei se teria coragem disso — O que queria falar sobre Pedro?
  — Pois bem — endireitou-se na cadeira — Seu estado psicológico era preocupante até mesmo quando era humano, há uma grande possibilidade disso de piorado depois de se transformar.
  — Então a imortalidade não conserta os defeitos humanos.
  — Não.
  — E pretende fazer  algo a respeito?
  — Por enquanto, vigia-lo. Pedro está um pouco irritado pelo o que você disse a ele, apesar de ter um pouco de verdade. — Ou porquê era realmente a verdade — É bom não ficar sozinha com ele.
  — Evitarei.
  — Além disso, Pedro teve uma história complicada com lobos. Isso aumenta o interesse dele em você por causa daquele rapaz.
  — Jack? — concordou com a cabeça. — Imagino que ele não ficará feliz aí saber da sua visita. — Deu de ombros e depois se levantou.
  — Tenho que ir, até mais.
  — Até — me levantei para acompanhá-la até a porta.

  Segunda-feira chegou, eu estava sentada atrás de Jack na sala de aula, precisava lhe contar o que Jamille me falou, mas não sei qual seria sua reação. Chamei-o, cutucando seu ombro, ele se virou.
  — Preciso te contar uma coisa.
  — Vai finalmente confessar que no fundo você gosta de mim?
  — É sério, Jack. É sobre os vampiros — franziu o cenho. Pelo canto do olho, percebi que Pedro nós observava — Pode passar na vovó depois da aula?
  — Posso, está tudo bem?
  — Está sim, não aconteceu nada — olhei para o vampiro no canto da sala — Ainda — completei.
  O tempo custou a passar, mas enfim o último sinal tocou. Jack me acompanhou até a casa de vovó e fomos para meu quarto depois do almoço.
  — Então, o que queria me dizer? — Sentou em minha cama sem minha autorização, nas não era hora de implicar com isso.
  — Jamille veio aqui — esperei sua reação. Parecia pensativo, olhava fixamente para lugar nenhum. Por fim, suspirou.
  — Infelizmente, nesse caso não posso fazer nada.
  — Pensei que odiasse vampiros.
  — Eu realmente não sinto nenhuma empatia por eles. Mas Arthur teve um Imprinting por ela — Fiquei em silêncio, digerindo a notícia.
  — Mas ela é uma vampira, como isso é possível?
  — Não se escolhe o Imprinting — olhou em meus olhos. Meu coração disparou, lembrei do que Jamille falou, será que eu consigo perguntar?
  — V-você teve Imprinting em alguém? — quis engolir as palavras de volta. Sorriu de lado, fazendo surgir uma covinha em sua bochecha.
  — Talvez — desviei meus olhos para o chão, sentindo o sangue subindo para meu rosto. Sabia exatamente qual expressão estava estampada em seu rosto, era a mesma toda vez que me provocava. Ele se levantou e começou a andar em minha direção — Por que a pergunta?
  — Só curiosidade — evitei olhar para cima pois sentia minha orelha queimando — Acho que vovó está chamando.
  — Não está não, sou um lobo com audição apurado, não escutei a voz de dona Gertrudes — Jack chegou mais perto, eu ainda não queria olhar em seus olhos, virei minha cabeça em direção à porta.
  — Chamou sim, é melhor eu ir lá ver o que ela quer... — saí de sua frente dando um passo de lado e depois andei roboticamente até a porta.
  Fui à cozinha imaginando que vovó estaria lá, mas só encontrei um bilhete dizendo: "Fui ao mercado".
  — Aparentemente, ela não chamou mesmo — Jack surgiu atrás de mim, me olhando convencido.
  — Parece que me enganei haha... — minha voz saiu um pouco aguda. Não conseguia olhar para ele sem sentir meu coração acelerar, me pergunto se ele podia escutar as batidas fortes em meu peito.
  — Eu combinei de encontrar os meninos mais tarde, então já vou indo. Até amanhã — piscou com um olho e depois saiu. Respirei fundo e senti a tensão sair dos meus ombros, me irrita a maneira como esse menino me deixa nesse estado. Desse jeito vou acabar enlouquecendo!

O Imprinting de um loboWhere stories live. Discover now