Dias de estudante

1K 83 3
                                    

  Faltava menos de uma semana para as provas do final do semestre, tentei me concentrar nos estudos para esquecer que um vampiro que não tinha nenhuma simpatia para com minha pessoa estava por aí. Marcos, Jamille e os meninos lobos não tinham encontrado nenhum sinal de Pedro.
  Não que eu me importasse de ter boas notas, minha dedicação aos estudos era por causa do vestibular. No começo do ano visitei a universidade com Jack, ela era um dos motivos pelos quais decidi morar com vovó, já que possuía o curso que eu queria: arquitetura.
  Na semana anterior à semana de provas, frequentei mais a biblioteca da escola. Notei que outra pessoa também teve a mesma ideia. Toda vez que eu ia revisar as matérias, Jéssica também estava lá, não imaginei que ela fosse o tipo de pessoa que se dedicava aos estudos. Andando entre as prateleiras, trombei com Ana Júlia, eu deveria imaginar que onde seu Imprinting estivesse, ela estaria também.
  — Posso me sentar com vocês? — perguntei a elas, as outras mesas estavam ocupadas.
  — Pode — Jéssica respondeu sem tirar os olhos dos cadernos, mas ainda com tom de voz simpático. Ana Júlia parecia indiferente quando a minha presença, ela não falava muito, exceto com a garota loira sentada na mesa redonda.
  Depois de ler as anotações em meu caderno, decidi que seria uma boa hora para uma pausa. Fui ao banheiro, Jéssica me acompanhou.
  — Qual sua relação com Jack? — perguntou enquanto lavavamos as mãos
  — Acho que somos amigos — respondi não muito a vontade com a conversa.
  — Acho que ele pensa um pouco diferente — do bolso, tirou o que parecia um gloss e o deslizou pelos lábios rosados. — É só ver como ele te olha.
  — Acho que como olha todo mundo — não queria nem um pouco falar de Jack com Jéssica, pois sabia que ela gostava dele a muito tempo. Ela pareceu ignorar meu comentário.
  — Só queria dizer que não o incomodarei mais — fez uma pausa, como se estivesse refletindo, depois destampou o rímel e passou nos cílios.
  — Não estou entendendo — pegue papel toalha para enxugar as mãos, mas ainda prestando atenção nela.
  — Meus pais mudarão de cidade e, obviamente, irei com eles — ela deu uma ajeitada no cabelo que já estava muito bem arrumado — Assim poderei ter mais oportunidades de estudo e cursar a faculdade que eu quero.
  — Ah, sim. E que curso você quer? — Tentei soar interessada no assunto, imaginei que ela diria moda ou algo assim.
  — Medicina — Por essa eu não esperava. Fiquei constrangida pelo meu julgamento, é claro que não se deve julgar um livro pela capa, e foi exatamente o que eu fiz.
  — É um curso bastante concorrido — acho que não foi o melhor a falar, provavelmente ela já tinha ouvido isso de muitas pessoas, mas foi a única coisa que pensei em dizer.
  — É por isso que estamos nos mudando, para eu estudar mais, fazer um cursinho. Quero ser médica, é o sonho que eu tenho desde criança.
  — Então, boa sorte — sorri para ela, estendendo minha mão.
  — Obrigada — respondeu imitando o gesto e depois saiu.

  A semana de provas finalmente havia acabado. Depois daquela conversa com Jéssica no banheiro, reparei em sua dedicação às aulas, eu realmente a julguei mal. Na saída da escola, fui conversar com os garotos lobos.
  — Acham que vocês foram bem nas provas? — perguntei enquanto pegava minha bicicleta.
  — Sempre vamos bem nas provas — Nicolas respondeu — Coisa de lobo — picou com um olho.
  — Não né digam que vocês...
  — Vêem as respostas uns dos outros por pensamento? — Lucas me interrompeu — Sim, nós vemos.
  — Isso não é justo — reclamei em tom de brincadeira.
  — Com grandes poderes, vêm grandes privilégios — Nicolas olhou para o horizonte enquanto falava, como se estivesse fazendo um discurso importante. Rimos da situação, exceto Jack. Ele parecia distraído e não disse nada no caminho para a casa da vovó. Questionei seu silêncio na hora de dormir.
  — Não quero te preocupar — disse ele — Mas o paradeiro daquele vampiro me incomoda bastante. — O olhei compreensivamente.
  — A mim também, mas tento não pensar nisso para conservar minha lucidez.
  — Acho que devo tentar isso — sorriu tristemente. Percebi que sentia falta de seu comportamento habitual, ele nem tentava me irritar mais. Sabia que ele perdeu os pais por causa desses seres, talvez estivesse com medo de perder mais alguém. A palavra Imprinting surgiu em minha cabeça. Será que era a possibilidade de algo acontecer com seu Imprinting que o preocupava? Se sim, quem seria seu Imprinting? Afastei esses pensamentos para conseguir dormir.
  Acordei sábado de manhã, muitas pessoas iriam ajudar na organização da festa junina que ocorreria na praça em frente a igreja matriz, no centro da cidade. Penduramos bandeiras coloridas, montamos tendas decoradas com chita e flores de papel crepom. No meio da praça, um espaço para a quadrilha, das árvores e postes, pendiam balões recortados e em um canto mais reservado, a prisão do amor feita pelos alunos.
  Depois de tudo estar organizado, fomos para casa para nos arrumar com roupas xadrez e chapéus de palha. A festa começou pouco antes do sol se por.

 A festa começou pouco antes do sol se por

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O Imprinting de um loboOnde histórias criam vida. Descubra agora