Depois da tempestade

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  Era quatro horas da manhã quando chegamos em casa, vovó estava dormindo e Emerson estava nos esperando.
  — Quem bom que chegaram, eu estava quase indo atrás de vocês.
  — Ele voltou, mas já demos um jeito. Sem vítimas — Jack falou de forma ensaiada, como um policial faria o relatório de uma missão.
  — Isso é bom também — Olhei para Jack, ele permanecia em silêncio. Emerson começou a se preocupar — Está tudo bem?
  — Só estou cansado, vou dormir um pouco.
  — Também irei, boa noite Emerson — nós dois não queríamos fazer muitas perguntas a Jack, o melhor era esperar o tempo dele.
  Tomei um banho quente, quando sai do banheiro, Jack já estava no beliche de cima. Me deitei também, vestindo meu pijama de calça comprida, e me cobri com a coberta.
  — Boa noite — falei na esperança dele ainda estar acordado. Silêncio. Talvez ele não quisesse conversar, eu entenderia.
  — Natália? — Falou finalmente.
  — Sim. — sentei na cama.
  — Posso me deitar com você? — Fiquei surpresa com o pedido, mas aquela não seria a primeira vez que dormíamos juntos.
  — É claro! — Fui mais para a beirada enquanto Jack descia, depois entrou debaixo da coberta e nos aconchegamos um ao outro.
  — Obrigado — apenas sorri ternamente e o beijei na testa. Em seguida fechei os olhos e dormi.
  Não sei que horas acordei, talvez meio dia ou quatro horas da tarde. Raios de sol entravam pela fresta da janela. Nos braços de Jack, não tive vontade de levantar, o lobo ainda estava dormindo. Me contentei em apenas passar a mão pelos seus fios cacheados, sem intenção de acordá-lo. Enquanto olhava seu rosto adormecido, imaginei como devia ser difícil a situação que ele estava pensando. Enfrentar o assassino de seus pais exigiu bastante dele.
  Reuni coragem para sair das cobertas e fui até a cozinha. Estava morrendo de fome, por sorte vovó estava preparando o café da manhã, ou o café da tarde, não fazia ideia.
  — Boa tarde — vovó disse com alegria. Olhei no relógio, quinze horas. — Se divertiu bastante ontem a noite?
  — Uhum — se eu tentasse falar alguma coisa provavelmente seria inaudível.
  — Você e Jack voltaram muito tarde? — vovó continuou.
  — Um pouco — Sentei à mesa — a senhora precisa de ajuda em alguma coisa?
  — Pode descansar, meu bem, não é para isso que servem as férias? — Férias. Isso era bom, até me esqueci dela depois de toda essa história de vampiro. Eu realmente precisava de férias. — Diga minha neta, você e Jack... — Voltei minha atenção à ela, talvez pelo sono, não conseguia raciocinar direito — Vocês usaram proteção? — Foi então que a ficha caiu.
  — Vovó!! Nós não fizemos isso! — senti meu rosto ficar vermelho imediatamente.
  — Que bom! Não vou precisar falar com sua mãe. — Ela riu
  — Vovó! — fingi indignação e depois ri também. Poucos minutos depois, colocou leite quente e pão caseiro na mesa. Suas receitas sempre eram boas, da mais simples à mais sofisticada. Levantei da mesa só depois de encher a barriga, não tinha percebido que estava com tanta fome até aquele momento. Antes de voltar para o quarto, pedi a vovó que deixasse os meninos virem passar a tarde amanhã, ela deixou. Pensei que talvez eles pudessem alegrar Jack.
  Os garotos vieram segunda-feira a tarde, vovó fez bastante comida, incluindo bolinho de chuva, diferentes tipos de bolo e uma torta. Quase não sobrou nada para o pobre do Emerson que estava trabalhando. As piadas e brincadeiras da alcatéia pareceu ter alegrado Jack um pouco, mas eu ainda notava seu olhar triste. Lucas e Nicolas ficaram ainda para o jantar, Matheus e Arthur iriam trabalhar no dia seguinte de manhã, então saíram cedo.
  Já eram dez horas da noite, todos já tinham ido embora. Saí do banho, vesti meu pijama e me deparei com Jack olhando pela janela. Me aproximei dele e me contentei em apenas ficar do seu lado, sem dizer uma só palavra.
  — Natália — disse ele — Obrigado por estar aqui.
  — Eu sempre estarei aqui por você, sou seu Imprinting, não? — Ele sorriu e viramos um de frente para o outro.
  — Eu sempre esperei pelo encontro com o vampiro que matou os meus pais, mas confesso que fui pego de surpresa. Todo sentimento que eu guardei por anos surgiram naquele momento e a raiva tomou controle de mim. No final tudo acabou bem, mas... Eu... Eu não...
  — Está tudo — segurei suas mãos — Leve o tempo que precisar para se recuperar, eu vou continuar aqui — sorri olhando em seus olhos.
  — Eu te amo.
  — Eu também te amo — Suas mãos envolveram meu rosto, abracei-o pela cintura e um beijo carinhoso nos envolveu. Pude senti que, pela janela, a lua nos observava.

O Imprinting de um loboМесто, где живут истории. Откройте их для себя