TRINTA E DOIS

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As coisas que eu fiz
Só para eu poder te chamar de meu
As coisas que você fez
Bem, espero que eu tenha sido seu crime preferido

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— Você despertou. —  afirmou o herói.

—  Não me diga que percebeu que eu realmente deveria estar morta? —  ela disse, com um humor estupidamente mórbido, e ofendendo por completo Parker.

— O quê... Não! Eu quase matei um cara por você e do nada, decidiria te matar? —  ele cuspiu as palavras e se arrependeu de ter deixado a mostra sua perda de controle.

Ela apenas o fitou, pensando que ele quase matou um cara.

— Você não mata pessoas. Porquê disse que quase fez isso?

Ele foi para perto dela, que naquele instante estava sentada no meio da maca, e se ajoelhou apoiando seus braços nos joelhos dela e erguendo o rosto.

— Eu sinto que estou perdendo a mim mesmo... Dizer isso é tão depressivo para mim, mas é a mais pura verdade. — ele confessou, tentando rir entre as palavras que proferiu, mas o som de sua risada soou completamente falso. — E ver você e MJ naquele estado... Eu pensei no quanto o sentimento de raiva e revolta seria igual se fizessem o mesmo com a minha tia... e o ataquei sem culpa. Eu quero te manter viva, Arya porquê me importo com você! Eu esperei igual um maluco que você acordasse, eu simplesmente precisava te ver!

Arya? Como ele... Como ele descobriu meu apelido? Ela pensou, confusa.

A menina naquele momento, de pura sinceridade do Aracnídeo, estava entorpecida, com sua boca entreaberta. Peter percebendo a paralisia repentina dela, tocou no seu pulso e com a outra mão, puxou o fio vermelho do seu pulso e fez questão de amarrar ele no pulso fino e machucado dela, e quando voltou a erguer os olhos para o rosto dela, notou que ela estava chorando.

— Isso parece o momento quando o cara pede a namorada em casamento e ela começa a chorar, que clichê! —  Arya brincou tentando disfarçar sua fragilidade, mas seu choro não havia cessado.

Ela fungou um pouquinho, tentando respirar.

— Ninguém nunca se importou desse jeito comigo... A sensação que eu tenho, é que todos querem o fim da minha existência. E bem... não posso julgá-los por isso.

Peter ficou em silêncio, recordando-se das raras vezes que ela mencionava seu passado, e demostrando o remorso incessante que sentia por ter cometido tantos erros imperdoáveis, e respirou fundo. Ele não era um desses que queria o fim de sua vida, e sabia que poderia ter um motivo para desejar isso com muito ardor. Sabia que ela estava fraca, e precisava de alguém para culpar pela morte de sua mãe. Ele inicialmente a desprezava, mas sabia que era altamente justificável ele ser culpado por ter falhado no seu trabalho, depois das acusações baixas que Mysterio criou para ele, era difícil um desconhecido não acreditar que ele era um... assassino... Então ele nunca poderia culpá-la por julgá-lo tão facilmente. Ainda mais quando no começo de sua carreira, ele foi tão impulsivo quanto ela na vontade de fazer justiça contra os assassinos de seu tio.

Ele ainda estava ajoelhado quando pediu que ela se sentasse sobre a cama, e quando ela o obedeceu, ele puxou suas mãos pequenas, envolvendo-as sobre a nuca dele. Arabella não entendeu o gesto e ficou confusa.

— Puxe ela — ele disse, anuindo com a cabeça e ela ficou mais confusa, quase repelindo suas mãos de onde elas estavam. — Eu quero que puxe a máscara. — ele ordenou, seriamente.

Ela riu, sem graça.

— Você está louco... Deve ter perdido controle disso também, não é? E mais, e se alguém aparecer?

— Ninguém vai, minhas teias levam séculos para dissolverem e a porta está trancada. -— Peter respondeu calmamente, atirando um punhado de teias na fechadura. — E, eu desejo que você sinta, vendo meu rosto, que pode se apegar a mim. Confiar verdadeiramente em mim, e saber que eu nunca iria desejar sua morte.

Ela apenas assentiu, sentindo-se compelida pelo medo, mas respirou fundo e de um jeito lento foi puxando sua máscara, primeiro foi vendo seu queixo aparecer junto seus lábios finos que ela já estava familiarizada e depois começando a notar as pequenas espinhas e sardas brotando nas suas bochechas e um nariz perfeito, também descobriu que o cabelo do Aracnídeo era castanho e levemente cacheado, o tecido estava começando chegar perto da extremidade onde seus olhos se encontravam, e ela estremeceu, sentindo que sua respiração estava ficando ofegante. Temerosa, ela escolheu fechar seus olhos, e parecia estar travando uma luta enquanto decidia se faria aquela maluquice ou não. “Bella, arranque a máscara...” Peter pediu carinhoso, e aquela foi a primeira vez que ele chamou ela de um jeito diferente. Bella... Ela respirou fundo, arrancando de uma vez a máscara de sua cabeça. Mas seu coração parou de bater quando fitou seu par de olhos, eles eram tão castanhos e familiares que sentiu que estava chorando novamente.

— Meu Deus, Parker...

Homem Aranha era Peter Parker.

E ele havia acabado de salvar sua vida, e declarar que ela era a pessoa mais importante da vida dele, além de sua tia e seus poucos amigos.

— Eu sinto que estou tendo um Deja vu —  Arya disse, confusa e também em choque. Ela havia sonhado com ele, e se recordava claramente que quando segurou sua mão, ela sentiu que foi real demais, e possivelmente deve ter sido.

— O quê... — Parker, soltou confuso.

Mas, ela não merecia esse afeto que ele tinha por ela.

Não merecia.

Ela estava certa de que agora era um fato mais que comprovado, ela nunca mereceu alguém tão complacente como ele na sua vida. Ela pensou que merecia mesmo era a lista problemática de namorados que tinha, e que era digna de ter pessoas sonhando desesperadamente o fim de sua vida.  E de repente ela sentiu que a intensidade de seu choro aumentara, o que fez com que Parker se levantasse e erguesse seu rosto úmido com as mãos para encará-la, e depois ele descansou os lábios na sua pele, beijando suas lágrimas.

— E-eu não mereço seu afeto. — ela gaguejou, feito uma criança, totalmente vulnerável.

—  Não é afeto... — Peter discordou, e curvou levemente seu corpo, colando suas testas  — Por favor, pare de chorar. E-eu te amo... — confessou e igual a ela, também cometeu o erro de gaguejar.

Os dois se entreolharam por alguns instantes tão profundamente. Se dependesse de Arya, ela própria evaporaria dali naquele instante, mas Peter estava disposto a mostrar que ela merecia sim, tudo que ele fez ou sentia por ela. Ele simplesmente pegou o rosto dela e tomou seus lábios num beijo delicado, e cheio de sentimento, e gradativamente ele foi tomado pelo desejo repentino que surgiu de Arabella de simplesmente tocá-lo e isso tornou tudo mais alarmante, e tão novo para Arabella. Ela o queria e aquilo estava óbvio pelo jeito que chorava e dos seus lábios que ardiam em desejo enquanto tocava ele, e durante aquele breve instante ela se esqueceu de todas as lembranças feias e irredutíveis de sua vida, e só focou nele e no sentimento que estava queimando em seu peito. Se fosse possível, ela passaria a eternidade presa naquele breve curso do tempo, e seria feliz. Mas a falta de oxigênio tomou conta dos dois e eles tiveram que se afastar.

Eles tinham os lábios completamente inchados agora, e se olhavam com uma profundidade incrível de sentimentos um pelo outro. Peter apoiu suas mãos na cama, enquanto seus braços envolviam levemente o corpo magro da garota e sorriu de lado, lançando aqueles olhos castanhos diretamente para ela. Arya tomou liberdade e tocou delicadamente seu rosto, sentindo a extremidade quente de sua pele. Ela encarava tudo com grande carinho estampado nos olhos azuis que contrastavam com a escuridão dos olhos dele.

—  Você... — ele aproximou o rosto dele perto do ouvido dela e sussurrou: — Quer cometer uma loucura e fugir comigo?
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FELIZ DIA DOS NAMORADOS

música citada: favorite crime, olivia rodrigo

REPUTATION | SPIDER MANOnde histórias criam vida. Descubra agora