LIE | jjk + pjm

《 TWENTY TWO 》

Boa leitura!♡

JIMIN

Acordar nem sempre foi torturante.

Durante boa parte da minha vida, o momento de manhã em que eu abria meus olhos, era motivo mais que o suficiente para eu já me sentir um merda. Tipo, legal, fracassei na missão de morrer dormindo. De novo.

E exatamente o oposto disso que aconteceu hoje.

Acorda sentindo o corpo estranhamente leve; as bochechas doloridas, provavelmente por sorrir demais no dia anterior; o cabelo bagunçado; a melhor vista do mundo.

Jungkook está deitado do meu lado, sobre um amontoado de almofadas que fizemos em sua sala ontem antes que o sono nos derrotasse. Está com a cara um pouco amassada pelo sono, a respiração suave, a boca entreaberta... parece um anjo, dormindo assim.

Olhando em volta, as coisas estão exatamente como antes: uma parte ainda em caixas pela mudança recente, alguns livros ocupando uma grande estante no canto da sala, o sofá — a partir de agora com lembranças boas entre mim e ele —, um toca discos em um móvel mais afastado, e a porrada de almofadas sob nossos corpos.

Depois de me dar a liberdade para olhar as horas em seu celular e notas que ainda está meio cedo — o que, na verdade, é só uma desculpa para não acordar Jungkook de seu sono tão leve —, eu me levantei tentando fazer o mínimo de barulho possível e caminhei divagar até a estante de livros. Queria saber o que pessoas bonitas leem.

A sequência de livros — perfeitamente organizados por autores, sagas e tamanhos — da estante de Jungkook se perdia nos mais diversos temas possíveis. Ia de revoluções até romances clichês; de terror até comédias que te fazem se mijar de rir. A parte curiosa: a maior parte dos livros é de suspense ou investigação criminal.

Meus olhos se prenderam em alguns — que, confesso, julguei serem bons pela capa —, e eu até consegui ler rapidamente os resumos escritos nas contracapas, mas, quando cheguei no que mais pareceu me interessar, fui pego de surpresa pelo corpo quente de Jungkook se aproximando do meu, me abraçando por trás, apoiando o rosto em meu pescoço e deixando um beijo casto ali.

— Bom dia, curioso — ele disse, e pude sentir um sorriso se desenhando em seus lábios ainda colados em minha nuca. Ele deu um riso anasalado, e o ventinho em contato com minha pele, fez os pelos se eriçarem.

— Bom dia — respondi.

Um silêncio nada desconfortável seguir nossa pequena troca de palavras, enquanto os corpos continuavam unidos em um dos melhores abraços que eu já havia recebido na vida.

Me pareceu aconchegante demais. Era aquele tipo de abraço que facilmente te abrigaria para o resto dos seus dias; o abraço que você queria chamar de lar. E eu queria ter o poder de parar o tempo exatamente naquele segundo.

Em minha mente, as águas estavam calmas, sem as ondas batendo contra as pedras na margem com as lembranças de um passado doloroso. Não haviam ressentimentos, tristezas, sensação de vazio... apenas a sensação de presente, de estar vivendo no aqui e no agora, sem ligar nem um pouco para o ontem ou o amanhã.

Há algum tempo eu já vinha percebendo os efeitos de Jungkook em meu corpo, como um catalisador, sugando meus sentimentos ruins, arrancando de mim todas as sensações horríveis que volta e meia batiam em minha porta. Jungkook estava fazendo o trabalho que nenhum antidepressivo jamais tinha conseguido fazer.

...

Depois do momento mais tranquilo que tive em muitos anos, passei mais algumas horas com Jungkook e voltei para casa. Algo em minha mente me dizia que eu precisava voltar.