《 TWENTY FIVE 》

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JIMIN

Eu ainda guardo em minha mente as tristes e traumáticas lembranças da minha primeira e única experiência com ácido.

Foi numa época do ensino médio. Eu e Taehyung estudávamos na mesma escola, na mesma sala, e éramos aqueles caras que tem amizade apenas um com o outro, e que chega a irritar todo mundo. A gente não era cuzão, não saia fazendo merda com os outros, nem se metia em confusão, mas as vezes da no saco sempre ver as mesmas duas pessoas fazendo tudo juntas.

Mas esse ciclo se quebrou quando, durante uma das aulas, Taehyung foi até o banheiro. Ele nunca me contou direito o que aconteceu, porque sempre fica meio puto e atropela as coisas, mas, pelo pouco que me foi confessado, um dos caras do terceiro ano começou a falar merda sobre a gente, algo a ver com bichinhas, e vocês devem comer um o cu do outro. Taehyung não se ofendeu com o fato de estarem especulando que a gente se comia no sigilo; ele ficou puto com a falta de respeito, e mandou o moleque calar a boca. O resto, você provavelmente já sabe: o cara perguntou "o que?", e meu amigo respondeu "isso mesmo, cala a merda da boca", e de repente, os dois estavam se esmurrando em frente ao banheiro. Taehyung ficou puto porque sequer conseguiu mijar.

O garoto foi suspenso; Taehyung, ficou de detenção. E eu, fiquei sozinho na aula por uma semana — o estrago na cara do moleque foi feio.

Encabulado com a ideia de passar uma semana sem falar com absolutamente ninguém, eu me rendi à conversa com um garoto que sempre se sentava próximo. Ele falava meio devagar, e sempre tava com os olhos baixos e avermelhados; parecia ver o tempo passar de uma forma diferente da normal. Eu, obviamente, sabia o porquê.

Nossas conversas não eram muito longas, e os assuntos nunca eram muito profundos — eu fazia de tudo pra esconder o passado —, mas, em meio ao estresse das aulas na temporada de provas, a ausência de Taehyung, e a falta de amigos, eu, meia volta, aceitava fumar um baseado com ele nos banheiros em reforma no fundo da escola. Num certo dia, o garoto me beijou, mas a gente nunca mais falou sobre aquilo, porque eu tava chapado pra caralho e não consegui reagir. Fiquei lá, parado, com os olhos arregalados — o máximo que eu podia —, o coração acelerado, e o corpo todo tremendo, ondulando. Até hoje, não compreendo ao certo porque ainda inventava de fumar maconha; sempre sentia a mesma coisa, e depois de meia hora, ficava desesperado esperando a brisa passar — além de odiar o gosto que ficava na boca, e a garganta seca que só o cacete.

Até que um dia, ele me fez uma proposta. Disse que tava querendo experimentar uma parada, algo similar a LSD, mas com outro nome e algumas diferenças nos efeitos e duração, e também falou que tava sem companhia. Eu não tinha nada melhor pra fazer, e, só talvez, queria ter a oportunidade de ver o mundo todo ficar fluorescente e brilhante. Péssima escolha.

Depois que eu aceitei, ele arrumou a parada, e falou o dia. Estava tudo combinado.

A gente se encontrou num ponto de ônibus próximo à escola, e foi ali mesmo que ele tirou de uma dobradura de papel alumínio, dois quadradinhos de papel com desenhos indistinguíveis. Ele colocou o primeiro na boca, e depois esticou o outro em direção à mim.

O gosto era horrível; completamente industrial e artificial, que adormecia a língua, e depois de tudo, deixava o sabor impregnado ali.

Ainda hoje, não consigo saber se já era minha percepção de tempo falhando, ou se realmente demorou, mas o efeito só começou a dar as caras uns cinquenta minutos depois.

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⏰ Last updated: Mar 04, 2022 ⏰

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LIE | jjk + pjmWhere stories live. Discover now