O6 - Apenas uma taça de vinho.

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Itachi encarava o próprio reflexo no espelho de sua suíte soltando suspiros de lamentação.

"Estou um lixo!" — ele pensava a todo instante enquanto analisava a própria aparência naquele espelho.

Sua pele estava mais pálida do que o habitual. Os seus cabelos estavam desgrenhados e cheios de nós. Os olhos fundos e bem destacados naquelas olheiras tão intensas. Suas linhas de expressões nunca se mostraram tão nítidas naquele rosto cansado. Os lábios pálidos e maltratado pelos próprios dentes que o feria para descontar o nervosismo.

Estava um caos e não só em seu exterior.

Sua mente estava ainda mais bagunçada, mais caótica.

Estava em um estado lamentável e não sabia nem como reverter isso e consertar as coisas.

Havia ficado no bar na noite passada até acabar com aquela iniciada garrafa de vinho. Ao retornar para o quarto, seus planos eram um bom banho quente e uma noite de sono tranquila para poder descansar a mente e agir melhor no dia de hoje.

Mas tudo o que obteve, fora uma madrugada de insônia e pensamentos que o perturbava a cada segundo.

Não havia pregado os olhos nem por uma hora. Estava exausto, fisicamente e mentalmente. Mas não podia se dar o luxo de voltar a cama e tentar dormir, mesmo que precisasse.

Tinha muita coisa pendente ali e ele precisava começar a resolver isso.

Tomou um demorado banho e não economizou na água em temperatura máxima para relaxar os seus músculos.

Itachi vestiu uma roupa leve e fresca devido a manhã ensolarada que logo se tornaria ainda mais quente. Deixou os cabelos molhados soltos após pentear os fios antes judiados e cheios de nós e decidiu iniciar seu dia abusando de um bom café da manhã para desperta-lo e ajuda-lo naquela sensação horrível de corpo fraco devido a ressaca.

Não era como imaginou passear sua primeira manhã naquela viagem. Tomando café sozinho no resort e indo a praia também em sua própria companhia. Mas compreendia as circunstâncias, e aproveitou disso para começar a por os seus pensamentos em ordem.

Já havia aceitado o fato de que tudo o que sentia por Sasuke ia além de um sentimento fraternal. Ainda era estranho, assustador pensar sobre. Mas já não tentava insanamente fugir disso ou mentir para si mesmo.

Amava Shisui além do que poderia imaginar. Estava a menos de vinte quatro horas nesse "tempo" e sempre que refletia sobre a relação e ao ponto que chegaram, sentia seu coração se apertar e os olhos arderem.

E no segundo seguinte, se recordava do mais velho afirmar com todas as palavras de que Sasuke também estava em seus pensamentos.

Itachi se sentou sobre a areia fofa da praia, se encolheu abraçando as próprias pernas e descansou o queixo sobre os joelhos enquanto encarava o mar calmo.

Quanto mais desatava os nós de sua mente, mais nós se formavam no fim daquela linha de pensamentos racionais. Na medida em que buscava sentido, respostas e jeito para tudo, outras questões surgiam, bagunçando tudo mais uma vez.

E suspirando enquanto obtinha os fios de cabelo esvoaçante diante de sua face, ele se deu conta de que tentar entender e resolver aquilo de forma lógica como se fosse questões de uma prova, não daria certo.

Afinal, os sentimentos nem sempre podem ser compreendidos de forma lógica ou explicado de forma coerente.

Ele está ali apenas para ser sentido e não tratado como um cubo mágico.

Itachi temia o desfecho disso. Temia que toda a situação fizesse Sasuke nunca mais olhar em sua cara. Temia ter acabado com sua preciosa relação fraternal com seu otouto, assim como temia magoar Shisui por algum ato impulsivo ou perde-lo mediante a situação em que os dois se encontravam. Tinha receio disso por saber que ambos se amavam, mas ambos também sentiam a mesma sede ardente em seus interiores, voltado a uma terceira pessoa.

Nós Três e Um VinhoWhere stories live. Discover now