Capítulo 21

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Meredith

O diretor Koracick e os outros membros da banca examinadora entraram em fila na sala, cumprimentando-me amigavelmente e tomando seus assentos. Chequei minhas anotações, chequei pela terceira vez a conexão entre meu laptop e o projetor, e esperei pelos últimos retardatários que entravam na sala de conferência. As pessoas enchiam copos de água gelada. Colegas conversavam em voz baixa. Algumas risadas ecoavam em meio ao silêncio.

Colegas.

Nunca me senti tão isolada. O Sr. Koracick nem se incomodou em aparecer para dar apoio à minha apresentação. Grande surpresa.

A sala parecia uma outra sala de conferência, em um prédio que ficava a dezessete quarteirões dali. Eu estivera do lado de fora da Montgomery Media Tower mais cedo naquela manhã, silenciosamente agradecendo a todos lá dentro por me transformarem na mulher que sou. E então comecei a andar, contando os quarteirões e tentando ignorar a dor em meu peito, sabendo que Addison não estaria comigo hoje, calada, ajeitado a gola de sua camisa, olhos penetrando a calmaria em meu exterior.

Eu estava com saudade do meu projeto. Estava com saudade dos meus colegas de trabalho. Estava com saudade dos padrões exigentes e impiedosos da Addison.

Mas, principalmente, estava com saudade da mulher que ela se tornara para mim. Eu odiava sentir que tinha de escolher entre uma Addison e outra e, no fim, não ficar com nenhuma.

Uma assistente bateu na porta e colocou a cabeça para dentro. Ela disse para o Sr. Koracick:

- Tenho alguns papéis para a Meredith assinar primeiro. Voltaremos num segundo.

Sem questionar, eu a segui para fora da sala, balançando minhas mãos para acalmar os nervos. Você consegue fazer isso, Meredith. Vinte míseros slides detalhando uma campanha de marketing medíocre para uma empresa local de comida de cachorro.

Moleza.

Eu só teria de passar por isso e depois poderia dar o fora de Chicago e começar de novo em algum lugar longe dali. Pela primeira vez desde que me mudara, Chicago estava me parecendo um lugar completamente estranho. Mesmo assim, eu ainda esperava que a ideia de ir embora fosse a decisão certa.

Em vez de parar na mesa da assistente, nós andamos pelo corredor até outra sala de conferência. Ela abriu a porta e fez um gesto para que eu entrasse na frente. Mas quando entrei, em vez de me seguir, ela fechou a porta atrás de mim, deixando-me sozinha.

Ou nem tanto.

Ela me deixou com Addison.

Meu estômago se evaporar e meu se peito afundar em um espaço vazio.

Ela estava de pé junto a uma parede com janelas do chão ao teto, do outro lado da sala, vestindo um vestido azul-marinho.

Droga... errei sobre a gola.

Estava segurando uma pasta grossa e seus olhos pareciam sombrios e enigmáticos.

- Oi - sua voz falhou naquela única sílaba.

Engoli em seco, desviando os olhos e implorando para minhas emoções continuarem reprimidas. Ficar longe de Addison vinha sendo um inferno. Muitas vezes ao dia, eu fantasiava sobre voltar para a Montgomery Media, ou vê-la entrando no meu novo cubículo, ou encontrá-la à minha porta com uma sacola da La Perla pendurada em seu longo e provocante dedo.

Mas eu não esperava encontrá-la ali, e, depois de tanto tempo sem vê-la, mesmo aquela mísera sílaba quase me quebrou. Eu sentia falta de sua voz, de seu sorriso malicioso, de seus lábios e suas mãos. Sentia falta da maneira como ela me observava, da maneira como ela esperava por mim, da maneira como eu podia sentir que ela estava se apaixonando.

Explicit 1.0Where stories live. Discover now