CAPÍTULO 03

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   Eu havia voltado a boate

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   Eu havia voltado a boate. Sozinho dessa vez. Max estava fora da cidade e Jean tinha algumas merdas da faculdade pra resolver. Portanto, eu estava por conta própria hoje à noite. Mais uma vez o ar havia pesado na casa da minha mãe, e pra evitar socar a cara do meu pai, eu decidi dar uma volta. Acabei vindo parar aqui.
   Da pista de dança observo o barman seguir na direção dos banheiros e, com o instinto de provocá-lo um pouco mais, eu o sigo até lá.
   Não sei o 'por que' dessa minha obsessão por irritá-lo, mas acredito que seja por ele ter me desafiado na frente dos meus amigos. Odeio quando as pessoas fazem isso. Me lembra muito a maneira como meu pai sempre agiu comigo, me colocando pra baixo na frente de todos.

   Entro no cômodo de forma silenciosa, encontrando apenas uma das cabines fechadas. Caminho até a pia e encaro meu reflexo no espelho, esperando o barman sair. Cerca de dez segundos depois ouço o barulho da descarga e a porta da cabine se abre, revelando o cara de cabelos castanhos. Observo, através do espelho, que ao me ver ele toma um leve susto. Isso quase me faz rir, mas me detenho antes que aconteça.

   ㅡ Merda! ㅡ ele xinga baixinho.

   Caminha até a pia ao meu lado e começa a lavar as mãos, em silêncio. Depois de secá-las ele segue até a porta, mas quando gira a maçaneta percebe que está fechada. Sinto os cantos da minha boca se erguendo em diversão.
   Viro em direção a ele, o encontrando de braços cruzados e cara amarrada.

   ㅡ Problemas com a porta? ㅡ finjo inocência.

   ㅡ Me dá a merda da chave ㅡ pede, calmo.

   ㅡ Não sabe pedir por favor, florzinha? ㅡ provoco, dando ênfase na palavra.

   Ele respira fundo e caminha até onde estou, parando em minha frente e invadindo meu espaço pessoal. Isso me deixa tenso. Tê-lo tão próximo a mim me deixa com sensação de pânico, porque eu odeio ser tocado. E ele parece estar prestes a fazer isso.
   Como se notasse meu desconforto, ele  ergue a cabeça e franze o cenho. Quando eu desvio o olhar pro chão, apertando a pia atrás de mim até os nós dos meus dedos ficarem brancos, o cara recua um passo.
   Volto a olhar pra ele, que ainda está com o cenho franzido, e trato de me recompor, voltando a sorrir de forma presunçosa.

   ㅡ Me dá a chave, playboy ㅡ insiste. ㅡ A boate tá lotada e eu preciso voltar e ajudar o Victor no bar. Não tenho tempo pras suas brincadeirinhas.

   ㅡ Qual é o lance entre você e Jean? ㅡ questiono, ignorando tudo o que ele havia falado.

   ㅡ Do que você está falando? ㅡ resmunga.

   ㅡ Meu melhor amigo parece pagar um pau pra você. ㅡ Suspiro, entediado. ㅡ Então, me conta. Por que Jean te defende?

   ㅡ Não é da sua conta ㅡ responde, revirando os olhos.

   ㅡ Claro que é ㅡ rebato, girando a chave nos dedos. ㅡ Qualquer coisa relacionada ao meu melhor amigo é da minha conta.

   ㅡ Me entrega a chave que eu falo pra você ㅡ promete, estendendo a mão entre nós, com a palma virada para cima.

Sentimento ImprovávelWhere stories live. Discover now