Sem saída

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Alice

Olhei para a sacada do quarto e calculei mentalmente a altura numa tentativa inútil de fugir do quarto, mas é claro que ele nos poria no andar mais alto. Senti o frio de São Paulo e rapidamente me pus a voltar no o conformo do meu quarto luxuoso. Olhei para a porta fechada, a única coisa que me distanciava daquele mostrou. Consegui ouvir sua voz do outro lado da parede. Ele estava nevoso. Gritava.

Olhei para os meus pés. Pense rápido, Alice, pense rápido. Vi minhas roupas estendidas na cadeira e as vesti com toda a velocidade na tentativa de ganhar tempo. Vi seu blazer na noite anterior também jogado na mesinha. Tateei por alguma coisa em seus bolsos, mas não havia nada. Alex era esperto, muito esperto. Após quase um ano longe de casa, ele nunca deixaria algo para que eu pudesse fugir. Escurei a maçaneta da porta abrir e pulei na cama, afastando-me imediatamente de suas roupas.

Ele estava de jeans e camiseta social branca. Se eu não o conhecesse e não soubesse das suas atrocidades com o nosso casamento, com a minha vida, diria que aqueles olhos escuros e redondos eram de um homem apaixonado. Apertei o lençol quase o rasgando quando ele se aproximou. Seus olhos filmaram minha face assustada. Ele me provocada isso. Sua presença me deixava fraca, como se sua energia me sugasse.

- Alice, vamos embora – aproximou-se com os olhos escuros colados em mim – nosso jato sairá em poucas horas – virou para pegar o blazer.

- Eu não vou embora com você - desafiei ainda encolhida na cama. Ele não disse, mas seu rosto se virou para me olhar. Suas mãos colaram no terno azul marinho. Ele se virou para mim enquanto vestia a roupa de grife, o que hoje, para mim, não passava de tecidos caros. Eu estava cansada daquela vida luxuosa e infeliz na mesma proporção.

- Você não me ouviu? – despejei as palavras ao pular da cama – eu não estou sozinha. Fiz amigos. Eles virão atrás de mim. Todos viram que eu estou bem – gritei – você não vai poder mais me internar naquela casa – falei com as lágrimas escorrendo.

- Meu amor, eu prometi que as coisas seriam diferentes e elas serão – andou na minha direção. Dei alguns passos para trás, mas suas mãos me detiveram e seguraram com firmeza meu corpo – você nunca será livre de mim. Somo casados. Felizes para sempre, esqueceu? – mostrou o anel no dedo esquerdo.

- Por favor... Deixe-me em paz – soltei mais um soluço. Em suas mãos eu era fraca, diferentemente de quando estava na presença de Richard. Seus olhos azuis tomaram minha mente quando fechei os olhos suplicando por minha liberdade. Eu estava exausta. Eu precisava do cheiro do homem que passei a melhor noite da minha vida, eu precisava dele. Sua boca colada na minha deu um sobro de vida do que eu achava nunca mais encontrar.

- Alice, as coisas serão melhores, eu prometo – ele segurou meu queixo. Abrir os olhos, mas eu não via nada além de escuridão. Eu estava farta de suas falácias, de suas mentiras. Fechei os olhos suplicando a Deus que Ana tenha recebido o bilhete com a recepciona do hospital e a essas alturas ela tenha falado com Julia. Eu tinha me apegado a essa esperança, ou então seria o meu fim.

Richard

- Espero, realmente, que isso seja verdade – olhei a estrada vazia e acelerei o veículo e ultrapassei os carros que apareciam no meu caminho – que essa mulher tenha alguma coisa... – falei incrédulo. A história que Ana tinha me contato era um tanto mirabolante para ser verdade. Eu estava angustiado desde que soube de Alice e seu marido, que não me pareceu uma pessoa das melhores.

- Eu disse... você precisa acreditar para entender – ela olhou para a janela como se estivesse tentando acreditar nas palavras que saiam da sua boca – essa Julia vai nos contar.

Antes que eu me esqueçaOnde histórias criam vida. Descubra agora