William Rodrigues
Depois de me arrumar com uma roupa estilo chofe de madame, que ficou no tamanho certo. Fui até o quarto dos santos diabinhos, não posso desistir assim tão fácil.
Assim que cheguei no quarto vi a Isabela chorando, e me aproximei dela que agarrava uma boneca de pano.
- Por que você está chorando princesa? - perguntei a ela me aproximando
- Eu quero a minha mãe - ela falou chorando e passei a mão no seu cabelo
- Você quer que eu ligue para sua mãe? - perguntei a ela que só fez chorar mais - Não precisa chorar princesa, a mamãe foi trabalhar. Você quer ir para a escolinha, brincar com os amiguinhos?
- Eu não tenho amigos. Eu quero a mamãe e o papai - ela falou chorando e sei o que é querer uma pessoa que nunca veremos novamente, ou que nem sequer conhecemos.
- Se você não for não vai fazer amigos...
- E se eles nunca quiserem ser meus amigos? Eu gostava da minha outra casa, eu tinha amigos lá... eu quero voltar para a casa do papai.
- Quer que eu te conte um segredo? - perguntei e ela fez que sim com a cabeça - Eu também tenho saudade da minha terra. Eu sou do Ceará, e quando estou com muita saudade, eu fecho os olhos e deixo as lembranças me levarem para lá. Me conte como era onde você morava - pedi e a mesma olhou para mim e fechou os olhos com força
- Eu não consigo, estou esquecendo o rosto do papai - ela falou chorando e a abracei.
- Você tem foto dele? - perguntei para ela
- Não, não deu tempo de pegar quando viemos para cá - ela é tão pequena, sei como é isso, a dor que esta sentindo.
Pelo visto eles não são monstrinhos e não são diferentes das crianças más do orfanato, eles só não sabem lidar com a dor que estão sentindo.
Peguei ela no colo e comecei a ninar ela como se fosse um bebê, afinal, ela só tinha 4 anos, e é uma fofinha quando não esta jogando nada em mim.
- Você não parece uma babá
- Porque eu sou o babá - falei fazendo cocegas nela que começou a rir
- As outras babás não me abraçavam...
- Belinha, o que você esta fazendo com o inimigo? - o Italo falou entrando no quarto e puxando o braço da irmã
- Ei, assim você vai machucar a sua irmã, e vão tirar esse uniforme já são mais de oitos horas, vocês ganharam essa batalha, mas a punição de vocês vai ser limpar a bagunça das tintas...
- Não. Vamos, vem Belinha - ele falou jogando um estilingue e jogando umas bolinhas de tinta em mim
- Para com isso Italo - a Isabela pediu
- Você esta do lado dele? - ele perguntou para a menina
- Ele é legalzinho...
- Escuta, ou você esta com a gente ou esta com o inimigo, você é o que?
- Eu estou com vocês, mas não vou machucar ele - ela falou baixinho
Ele parou de jogar as bolinhas de tinta e olhou para a irmãzinha
- Vamos parar vocês dois, e me de o estilingue...
- Se você quer, então venha pegar - ele falou e saiu correndo, fui atrás
- Italo, não corra. Você vai se machucar - corri atrás dele mas tropecei em alguma coisa, quando estava no chão comecei a receber ovadas, e vi que era a Iris jogando vários ovos.
- Você não é bem-vindo baba- a Iris falou, e logo o Ítalo voltou com um travesseiro e começaram a jogar penas em mim
- Crianças, parem com isso...
- Parem com isso - eles repetiram - O babão vai chorar - eles falavam enquanto uma me jogava ovos e o outro penas. Tentei me levantar, mas estava difícil. A Nina começou a chorar e não conseguia ajudar ela com os dois me atacando.
- Parem, a Nina esta chorando - a Isabela tentou fazer eles pararem, mas não deu certo
Consegui e me levantar e andar mais um pouco enquanto eles me jogavam ovos, e não sei no que pisei mas escorreguei e comecei a deslizar pelo piso, até o final do corredor, quando bati na parede caiu um saco de farinha na minha cabeça. Passei a mão pelo meu rosto, o limpando.
- Por que vocês fizeram isso comigo, eu nunca fiz nada a vocês...
- O babá, qual foi a parte que você não entendeu de que nós vamos tornar a sua vida um inferno - a Iris falou se aproximando de mim com a cara fechada
- A vida me ensinou a dar uma segunda chance...
- Ui, Ui, vai dar uma segunda chance - a Iris falou - Fora, não queremos você aqui
- FORA! - ela e o Ítalo gritaram
Tentei me levantar, mas as minhas costas e minha cabeça estava doendo muito
As crianças não paravam de gritar 'FORA'. A bebê estava chorando, eu já estava ficando louco com essas crianças
- Parem, a Nina precisa de ajuda, ela é pequena - a Isabela falou abrindo porta do quarto da senhorita Priscila
Me levantei para entrar no quarto da mãe dela, sujo mesmo, não posso deixar a bebê em prantos desse jeito
Assim que entrei, vi a Isabela na cama alisando o rosto do bebê
- Nina, não chora, o babá já vem - ela falou com carinho para a pequena.
- Oi princesinha. Obrigada Belinha, você é uma boa irmãzinha - falei pegando a bebê e a sujando, a pequena não parava de chorar, olhei a fralda e estava seca.
- Ela chora bem alto quando esta com fome.
- Eu esqueci que a mãe de vocês deixou os horários que eu tinha que levar a bebê para mamar.
- Você está encrencado, ela vai te colocar de castigo - a Belinha falou
- Ai Belinha, ela é tão brava assim? - perguntei a ela
- Eu não sei, ela não é de beijos e abraços. A mamãe sempre me abraçava, me dava beijinhos, me colocava na cama e cantava, o papai expulsava os monstros de debaixo da minha cama e sempre lia uma historinha, agora a Iris me abraça e eu sinto falta deles...
- Vem cá - falei pegando ela no meu colo
- Eu gosto de você - a Belinha falou
- Eu também gosto de você princesa, de vocês duas. Agora vamos nos limpar para ver a mamãe.
- Viu Isa, não precisa chorar, a gente já vai - ela falou para irmã e eu saí do quarto com cuidado com às duas no colo, desci as escadas e encontrei o Ítalo e a Iris assistindo televisão.
- Desliguem isso, vocês estão de castigo - falei e eles me ignoraram - Certo, eu vou ligar para a mãe de vocês, ela vai adorar.
- Pode ligar, ela não vai atender mesmo - Iris falou
Coloquei a Belinha no chão, tentei colocar a bebê no cercadinho mas ela chorava mais então desisti e fui até a televisão, tirando ela da tomada.
- Você não pode fazer isso - o Ítalo falou com raiva
- Mas já fiz
Quando falei isso a Iris veio até mim tentar pegar a tomada e eu quase derrubei a bebê, aquilo estava uma bagunça, o Ítalo começou a fazer um escândalo, ele se debatia, pulava, se jogava no chão, a Belinha se agarrou na minha perna e a Iris fez um chilique para eu ligar a televisão, a bebê tava chorando e a farinha tava sujando a casa toda.
- Eu já falei, não é não - falei para eles e nessa hora a porta se abriu e neste momento a senhora Priscila entrou.
Primeiro ela ficou chocada, depois ela ficou vermelha, o seu olhar era aterrorizante, parecia que ela ia explodir a qualquer momento.
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Continua.....
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O babá
RomanceApós a trágica morte de sua irmã e cunhado, uma renomada empresária se vê repentinamente responsável por seus quatro sobrinhos órfãos. Sem ter alternativa a não ser assumir a guarda das crianças, ela se vê diante do desafio de conciliar sua carreira...