Caso Arquivado

470 67 533
                                    

Ruggero

O Blaine estava na minha sala quando cheguei, o que não era novidade alguma já que ele vivia perambulando para lá e para cá verificando os andamentos dos casos. Na verdade, o que me chamou a atenção foi que ele parecia disperso, distraído com a vista da rua, escorado nas janelas de vidros.

Meu superior sequer percebeu quando entrei na sala.

Precisei pigarrear duas vezes para que sua atenção voltasse para a realidade, no entanto fui capaz de notar o cansaço em sua face.
Era difícil vê-lo tão alheio, mas claramente aquele dia estava sendo péssimo para todos.

Sem querer entrar em detalhes ou fazer perguntas, apanhei uma pasta preta em cima da minha mesa.

─ O que temos aqui? ─ Indaguei, fuçando nos papéis.

Blaine tossiu e ajeitou o terno elegante, virando-se totalmente para mim.

─ Lindsay e Mark acabaram de chegar com esse caso. Encontraram um corpo nos arredores da delegacia. ─Explicou automaticamente. ─ Homem branco, provavelmente trinta anos, um metro e oitenta, uns setenta quilos... Perfuração de bala no tórax. Apenas ferimento de entrada. Agora ele foi levado para o legista. Estamos esperando a conclusão.

Eu sempre ficava admirado em como ele decorava cada detalhe, por mais que houvessem centenas de casos passando por suas mãos toda a semana. Blaine era realmente alguém que eu queria ser no futuro.

Por enquanto, eu era só um detetive qualquer que estava sendo punido por desobedecer.

Fechei a pasta e a joguei sobre a mesa.

─ Porque me mostrou isso se você mesmo me colocou no caso dos maconheiros?

Ele me fitou por alguns segundos com seu olhar sombrio, depois riu de canto.

─ Ele é o seu cara, Ruggero. ─ Deu de ombros. ─ O chefe da gangue que você está investigando. Aparentemente os rivais conseguiram adiantar seu trabalho e acabaram com a raça do infeliz. O problema é que sem o cabeça de tudo, os outros irão fazer a festa... Você vai precisar se focar ainda mais e descobrir onde está o covil deles.

Puta merda!

─ Eu preciso desmanchar essa porra pela raiz. Mas... Qual é, Blaine, eu fico andando em círculos. Os miseráveis são mais espertos do que eu imaginava.

─ Ou talvez você esteja deixando passar detalhes. ─ Rebateu com frieza. Merda. ─ Já faz um ano que eu tento trazer a sua mente para os casos e você deixa tudo passar... Caralho, Ruggero! Nem quando a Belinda morreu você ficou tão descuidado com o serviço. Entenda de uma vez que o governador está na minha cola. Precisamos resolver isso logo!

Passei a mão pelo cabelo e exalei pela boca.

Nunca gostei de ninguém me dando bronca no serviço, mas lá estava eu levando na cabeça por ser incompetente.
No fundo Blaine tinha razão. Eu estava metendo os pés pelas mãos, afundando em erros e sendo detido por bobagens. A minha impulsividade iria me foder.

Mas eu não conseguia parar...

E ainda tinha o meu colega péssimo. Danny era pior do que eu.

─ Talvez se você colocasse outro cara como meu parceiro. Ou, sei lá, coloque outro detetive para investigar e me tire do caso. Não faz diferença. ─ Encolhi os ombros. ─ Talvez eu ajude mais na investigação que você está trabalhando com a Stella. Eu... Eu fiz umas pesquisas sobre o maníaco que está estuprando as mulheres no parque e... ─ Comecei a fuçar nas gavetas procurando as pastas onde anotei tudo. ─ Eu vi um padrão e acredito que possamos usar como linha de investigação, porque o...

À Prova de BalasOnde histórias criam vida. Descubra agora