Capítulo 4

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Jungkook

— Ele é um pé no saco — reclamei para o Mãozão depois de passar algumas semanas treinando Jimin.

Todo dia, sem falta, o garoto aparecia com seu visual preto e com aqueles coturnos acabados, pronto para o trabalho. 

Ele terminava todas as tarefas que eu passava, não importava quais fossem. 

Às vezes, ele ficava até mais tarde para terminar um serviço e só saía do rancho quando acabava tudo, me deixando sem motivo nenhum para demiti-lo. 

Apesar de eu estar louco para fazer isso.

Até nos dias de folga ele aparecia. 

Era como se ele não tivesse porra nenhuma para fazer fora do rancho. 

Seu passatempo favorito era conversar com os animais, como se um dia eles fossem responder. 

Eu conhecia Dottie bem o suficiente para saber que ela estava pouco se lixando para tudo o que Jimin dizia — ela só queria as porcarias das maçãs.

Todos os outros caras do rancho pareciam estar felizes da vida com Jimin zanzando por ali feito um cachorrinho perdido. 

Hoseok dizia que Jimin não atrapalhava e que até ajudava quando ele precisava. 

Jin e Tae também o achavam prestativo, e tenho certeza de que o velho Eddie deu um beijo na bochecha de Jimin quando ele se ofereceu para ajudá-lo no galinheiro.

Parecia que eu era o único babaca que não o queria no rancho, e eu sabia muito bem que sua presença me incomodava por causa dos meus problemas pessoais com Charlie.

Ver Jimin todos os dias fazia com que eu me lembrasse dele, e pensar em Charlie fazia com que eu me lembrasse dos meus pais. 

Eu tentava a todo custo não pensar nos dois. 

Eu me esforçava para mantê-los enterrados no fundo da minha mente, mas a convivência com Jimin tornava isso praticamente impossível.

Eu não conhecia o garoto, mas a impressão que ele me passava era de dar nojo. 

A ligação que ele tinha com uma cobra feito Charlie não podia trazer nada de bom para o rancho. 

Ele vinha de um mundo tóxico.

— E você é outro pé no saco — respondeu o Mãozão, sentado à sua mesa, em casa. Ele coçou a barba comprida que minha avó ultimamente tentava convencê-lo a raspar e bocejou sem cobrir a boca. — Ele tem trabalhado muito mais do que metade dos peões por aí. Sempre que dou uma passada no rancho, vejo o menino com a mão na massa, às vezes se enrola, claro, mas sempre trabalhando. Ao contrário de metade da sua equipe, que vive de preguiça e enrolando o serviço.

— É, mas... — resmunguei, sabendo que não tinha argumentos, mas querendo encontrar qualquer problema assim mesmo. — Você sabia que ele é enteado do Charlie?

— Você acha que não faço uma pesquisa antes de contratar as pessoas? É claro que eu sei disso.

— E você contratou esse garoto mesmo assim? — perguntei, embasbacado. — Você sabe que foi por causa do Charlie que minha mãe e meu pai...

— Não começa, menino — rebateu o Mãozão com desdém, a voz cheia de irritação. Ele deu um peteleco na lateral do nariz  com um dedo. — Não tenho tempo pra ficar discutindo essas coisas. Park Jimin vai continuar trabalhando no rancho, e você vai continuar supervisionando o trabalho dele. Fim de papo.

— Mas...

— Eu disse fim de papo!

Como ele podia não ligar para aquilo? 

Unexpected Love - JikookWhere stories live. Discover now