Unexpected Love - Jikook

Capítulo 26

Jimin

— Quero ficar com ele — falei, olhando sério para o Mãozão e para Holly enquanto andava de um lado para o outro na sala de espera do hospital.

Aquele era nosso terceiro dia ali, e meu irmão estava se recuperando muito bem de todos os traumas pelos quais tinha passado.

Os avós de Jungkook estavam sentados nas cadeiras de metal do hospital de mãos dadas, me olhando com cara séria.

— Não é tão simples assim, Jimin — disse Holly, balançando a cabeça. — Existem regras e procedimentos...

— Que se danem as regras e os procedimentos. Eu quero ficar com ele. Quero meu irmão. Eu consigo cuidar dele; sei que consigo. Será que vocês não podem fazer o que fizeram pela minha mãe e por outras crianças tantos anos antes? Ou pelo menos me ajudar a levar o bebê pra casa? Eu vou conseguir dar conta de tudo, juro.

— Não é tão simples assim — disse o Mãozão, repetindo as palavras de Holly, e então eu me irritei.

— É, sim.

— A situação é diferente. Estamos falando de um bebê recém-nascido, Jimin. Uma criança de quem sua mãe quer abrir mão...

— Mas é só porque ela não sabe que eu quero ficar com o meu irmão. Ela iria querer que nós dois ficássemos juntos. Ela não iria querer separar seus filhos.

— Jimin... — começou Holly, mas eu a interrompi.

— Não. — Parei de andar e passei os braços em torno do meu corpo. — Não. Você prometeu. Você jurou que ia dar tudo certo, que as coisas iam se acertar, então tem que ter uma solução. Precisa haver um jeito do neném ficar comigo. Ele é a única família que me resta. Posso pagar pra vocês me ajudarem a entrar em contato com as pessoas certas.

— Você sabe muito bem que não se trata de dinheiro, menino — bradou o Mãozão, como se estivesse absurdamente incomodado por eu chegar a uma conclusão dessas. 

Mas que opção eu tinha? 

Minha cabeça girava, e o desespero estava começando a me sufocar.

— Então se trata do quê? — gritei.

— De você — berrou ele em resposta, gesticulando para mim. Ele se levantou da cadeira, e então foi sua vez de andar de um lado para o outro. — Se trata de você e do seu futuro, Jimin. Você tem o mundo pela frente, e eu me recuso a deixar que jogue isso fora. Você se empenhou muito pra não ter uma vida como essa... Criando um menino quando você mesmo não passa de um. Você passou a vida cuidando dos outros, da sua mãe... Nunca teve a chance de ser criança. É por isso que eu me recuso a fazer isso. Me recuso a tirar a sua chance de viver porque você quer cuidar de mais alguém. Eu sei muito bem o que acontece quando uma pessoa tão nova é obrigada a cuidar de uma criança antes de estar pronta. Eu vi minha própria filha se destruir e desmoronar, acabando com o futuro dela. E estou te proibindo de seguir o mesmo destino. Estou te proibindo de jogar o seu futuro fora. — Os olhos dele estavam cheios de lágrimas, e sua voz falhava quando as palavras saíam de sua boca.

Eu nunca tinha visto o Mãozão tão nervoso, e sabia que tudo o que ele dizia vinha do fundo de sua alma.

Ele fungou ligeiramente, e fiquei parado ali, chocado, enquanto olhava para o gigante que se esforçava tanto para permanecer forte.

— Mãozão... — falei baixinho, balançando a cabeça. — Com todo o respeito, eu não sou o seu filho. Eu não aceitaria a responsabilidade de ser pai para depois fugir. Eu não abandonaria vocês nem o meu irmão. Eu ficaria aqui, seria totalmente comprometido. Sei que é importante que eu encontre meu caminho, e vou me esforçar para isso, juro. Mas eu sempre quis uma coisa.