Capítulo 9: Labirinto.

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Alguns falesianos que estavam por ali estavam olhando pra mim, me encarando como se quisessem entender o porque daquele guerreiro nível um ter apostado ao meu favor. Senti vontade de rir, porque alguém provavelmente estava com o ego muito machucado, pra ter se dado ao trabalho de fazer aquilo apenas para deixar claro que sabia o que eu tinha feito.

—Quem é Ayla Wilde? —Percy questionou atrás de mim, me fazendo tombar a cabeça de lado e abrir um sorriso, sabendo que Ayla acreditava no meu potencial e estaria torcendo por mim lá de cima.

—Minha melhor amiga. —Falei, girando a cabeça para olhá-lo por cima do ombro, vendo seus olhos fixos no nome de Sky. —Você o conhece?

—Todo mundo o conhece. Estão todos falando do fato de ele ter vindo aqui apostar em você. —Percy me encarou, parecendo querer perguntar alguma coisa, mas sem ter coragem o suficiente de fazê-la.

—Ele lutou aqui a alguns dias. Apostei que ele perderia. —Dei de ombros quando o queixo de Percy caiu e seus olhos se arregalaram. —Antes que me pergunte, eu não o conheço. Eu só achei que seria engraçado apostar que um guerreiro nível um fosse perder. Imaginei que isso o deixaria ofendido. Bom, acho que ele ficou mesmo ofendido.

—Puta que pariu, Zaia, você é maluca! —Percy exclamou, me arrancando uma risada da sua reação genuína. —É sério, se eu pudesse te dar um conselho seria para não mexer com o Sky. Mas acho que é tarde demais pra isso.

—Ele só estava querendo avisar que sabia que tinha sido eu. Não tem nada demais. —Olhei de novo para o quadro de apostas, soltando uma risada baixa, enquanto Percy negava com a cabeça atrás de mim. —Mas já que ele se deu ao trabalho, é melhor eu não decepciona-lo, certo?

Percy me lançou um olhar cauteloso e de aviso que me arrancou uma risada, antes de eu me afastar quando ouvi o som da trombeta tocando, sabendo que a primeira prova já ia se iniciar. Escutei ele murmurar um boa sorte pra mim, me fazendo olhar pra trás, vendo-o se afastar na direção da mesa de apostas. Fiquei pensando em qual de nós cinco ele iria apostar, mas não tive tempo de descobrir antes de David surgisse chamando pelos competidores.

Fomos levados até um túnel que dava para a entrada da arena. Eu não conseguia ver nada além de escuridão lá fora, mesmo ouvindo os gritos das pessoas que tomavam conta das arquibancadas. Os outros quatro guerreiros estavam do meu lado, franzindo a testa ao olhar lá pra fora, tentando ver qualquer coisa que fosse.

A voz de David soou pela arena, fazendo o silêncio se instalar, antes de ele começar a explicar como a prova funcionaria. Não prestei atenção, porque já sabia o que precisava fazer quando começamos a caminhar até o portão aberto, saindo dentro da arena ao mesmo tempo que os gritos, palmas e assobios se iniciavam de novo, com David anunciando nossos nomes.

Não conseguia ver as pessoas que nos assistiam, porque a arena estava coberta por uma névoa densa, que envolveu nos cinco no instante em que saímos, enquanto o portão abaixava atrás de nós e éramos trancados ali dentro. Na minha frente, um corredor extenso se formava, sendo engolido pela névoa também, dando para o interior do labirinto.

Não sabia ao certo o que estava esperando quando David explicou a prova, mas as duas paredes ao nosso redor que formavam o início do labirinto eram feitas de areia. A mesma areia que cobria o chão da arena, agora erguida em paredes largas e firmes. Hesitei ao erguer a mão e deslizar por ela, sentindo a areia áspera contra a palma da minha mão.

—Como acham que eles fizeram isso? —Vitor Foggrove, o primeiro guerreiro a ser anunciado para o torneio, indagou. Estava com a mão erguida também, passando os dedos pela parede firme feita de areia.

—Magia, é claro. —Mackenzie exclamou, revirando os olhos como se Vitor fosse um  idiota. —Aposto que eles vão se divertir muito as nossas custas, nos vendo lutar para sobreviver e tentar sair dessa merda.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Where stories live. Discover now