Capítulo 21: Adam Carter.

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Mia me mostrou todo o Chalé Azul, como se achasse mesmo que eu fosse ficar ali. Talvez eu até ficasse por um tempo, mas eu iria fazer de tudo para ir embora o mais rápido que conseguisse. Esperava que Amélia resolvesse essa situação logo, ou eu mesma teria que fazer alguma coisa sobre isso. Não iria ficar parada para sempre, esperando que eles decidissem por mim.

—Todos os chalés de guerreiros são assim? —Indaguei, enquanto descia uma escadaria parcialmente escura atrás de Mia. As tochas nas paredes eram a única coisa que trazia luz ali, já que estávamos indo literalmente para baixo da terra.

—Sim e não. Os chalés tem o mesmo proposito, treinar os guerreiros para que eles protejam nosso povo. Mas cada um tem suas peculiaridades. —Mia me olhou por cima do ombro, com um sorrisinho. —Existe uma certa rivalidade entre os chalés. Cada um quer ter mais importância e relevância que o outro. Então, se quiser um conselho, não confie em guerreiros que não pertençam ao Chalé Azul.

—Achei que eu não deveria confiar em ninguém, inclusive aqui. —Comentei, terminando de descer as escadas até um corredor, onde Mia parou e se virou para me encarar.

—Sei que pode achar que muitos aqui não gostam de você por ser uma arcadiana e que não a querem aqui. Mas eles jamais fariam algo para prejudicá-la, Zaia. Mas outros guerreiros de outros chalés? —Mia soltou uma risada baixa, balançando a cabeça negativamente. —Eles passariam por cima de você se isso fosse prejudicar o nosso chalé de alguma forma.

—Bom saber disso. —Resmunguei, percebendo que até nisso eu precisava ficar ligada. A última coisa que eu precisava eram chalés de guerreiros rivais tentando acabar com a minha vida. —E o que mais tem por aqui?

—Bom, além dos chalés, temos acampamentos de guerreiros. —A risada de Mia foi um tanto forçada dessa vez, quando ela se virou e voltou a andar. —Mas enquanto os chalés existem para proteger as cidades de bom grado, os acampamentos fazem trabalhos sujos e perigosos, em troca de pagamento. Não são muito bem vistos pela maioria dos falesianos.

—Parece que nem tudo são flores por aqui, né? —Ironizei, escutando Mia tentando segurar uma risada, como se houvesse muito mais no mundo dela do que eu poderia imaginar.

Ela ficou em silêncio enquanto seguíamos pelo corredor parcialmente escuro e úmido. Ali embaixo era frio, além de haver sons de goteira abafados, em algum ponto daquele lugar. Quando passamos por um arco enorme de pedra, estremeci ao observar as celas que haviam ali. A maioria estava vazia, mas havia outras com aqueles lobos enormes que estavam no labirinto na minha primeira prova.

—São lobos negros. —Mia sussurrou pra mim, quando eles rosnaram e bateram contra as grades na tentativa de nos alcançar. Seu corpo enorme coberto de pelos negros me levavam de volta para o labirinto e a sensação eletrizante que senti quando estava tentando fugir deles e não ser morta. —São criaturas das sombras.

—Por que estamos aqui? —Indaguei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha, porque aquele lugar era escuro demais, de uma forma que deixava todos os pelos do meu corpo arrepiado. Mas Mia não respondeu, seguindo em frente até que alguns focos de luz que surgiam do teto rochoso, de alguns buracos que revelavam a floresta que havia sobre aquele lugar.

Parei de andar quando percebi para onde Mia estava me levando. O dragão branco estava preso dentro de uma jaula enorme, deitado sobre as patas, parecendo dormir tranquilamente. A lembrança do nosso primeiro encontro me deixou tensa, porque ainda me lembrava como se fosse ontem de todo desespero e nervosismo que senti quando estava dentro da arena. Sobre a jaula dela, havia uma abertura enorme sobre o teto rochoso, que revelava o céu e a copa das árvores. Uma abertura que Misty facilmente poderia usar para sair se quisesse.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Where stories live. Discover now