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HELENA

Nos primeiros dias ele estava feliz demais por ter conseguido o cargo que ele tanto sonhava, ser o de frente da favela.

Não vou mentir que não fiquei feliz porquê eu fiquei, ver o meu homem feliz me deixava realizada mas por outro lado a preocupação aumentou dez vezes mais pois eu sabia que a quantidade de inimigos iria aumentar e a responsabilidade também. Não é algo normal, mas essa é a minha realidade!

No primeiro mês ele começou a chegar um pouco mais tarde, depois tinha dia que nem dormia aqui mas o ápice foi à um ano atrás quando essa loucura toda tomou conta da minha vida. O desgraçado teve a coragem de trazer uma das amantes dele aqui em casa, não teve um pingo de respeito nem por mim e nem pelo Augusto.

Nesse dia o demônio invocou no meu corpo, eu quebrei tudo dentro de casa e quebrei a cara da amante dele e te juro que hoje com mais cabeça eu nunca teria feito nada com ela. Ela não era nenhuma coitada mas o maior culpado foi ele!

Então depois que eu quebrei a cara dela ele veio pra cima de mim e nós brigamos feio, é óbvio que eu apanhei muito mais e as lesões ficaram no meu corpo por semana. No dia seguinte ele veio me pedindo perdão, chorou de joelhos na minha frente e encheu a casa de flores.

Como bem otária que eu era, aceitei o perdão dele e reatamos. Sempre acreditei que quem amava perdoava e com ele fazendo aquelas declarações o meu coração amoleceu.

Daí veio a segunda e eu perdoei de novo, veio a terceira e eu fui embora mas ele foi atrás de mim e adivinhem? Perdoei de novo até que surgiu a vez que eu não tive o poder de perdoar, de escolher perdoar... E graças à esse perdão eu estou nesse casamento maldito.

Ana - Você tem que orar muito minha filha, tem um demônio querendo destruir o casamento de vocês.

Helena - Esse demônio é o próprio Juan. - revirei os olhos.

Ana - Não deixe essas vagabundas roubarem o teu marido, é isso que elas querem, que você fraqueje! Elas querem o seu lugar, dariam tudo pra isso.

Você não sabe quanto eu queria dar esse lugar à elas - pensei.

Helena - É sim... - assentir tentando fingir que escutava essas asneiras.

Ana - Olha eu e o seu pai mesmo, tivemos um casamento ótimo e só a morte nós separou.

Helena - Você deveria dar graças a Deus por isso, conseguiu se livrar dele.

Ana - É por isso que o seu casamento está desse jeito, mulher de verdade aguenta todos os perrengues de um casamento - ela levantou pegando a mochila do Augusto - Vou marcar um culto quando o seu marido deixar você sair, é disso que vocês precisam, de oração.

Helena - É claro - revirei os olhos.

Ana - Dá tchau pra sua mãe, Augusto.

Ele veio correndo até mim, me encheu de beijos e pulou no meu colo. Gemi um pouco pela dor dos chutes mas logo tratei de disfarçar.

Guto - Eu te amo, mãe - levantou do meu colo.

Helena - Eu também amo você, amo muito - Ana pegou na mão dele - obedece sua vó, tá bom? - ele fez que sim com a cabeça e os dois saíram me deixando sozinha.

Depois que eles saíram eu fui me cuidar, tomei uns analgésicos pois tinha certeza que eu iria sentir uma dor insuportável daqui a algumas horas. Mas foi só eu sair do banho que escutei alguém me gritando, pela voz reconheci que era a Vick.

Victória - Caralho Lena, um ano pra tu abrir essa porta - entrou me abraçando.

Helena - E esse cabelo todo pro alto aí em? - ela disfarçou falando de outro assunto - nem muda de assunto, quem foi?

Victória - Um playboy aí, nem vale a pena comentar - ela sorriu sem graça e eu dei de ombros.

Helena - Se você diz - ela assentiu.

Victória era a única amiga que eu tinha, a única que eu podia contar e que me apoiava em qualquer situação. Eu sabia que era ela a minha base e que apesar dela ser louca, era a única que me guiava.

Victória - O Perigo te bateu mais uma vez? - levantou o meu braço que estava roxo e eu assentir - eu já mandei o papo pra tu largar esse cara.

Helena - Você sabe que não é fácil assim, ele é louco! Se eu for embora ele me mata.

Victória - Eu já falei que eu posso te ajudar, eu vou com você pra qualquer lugar.

Helena - Não quero envolver ninguém nisso e além do mais você tem família aqui. - ela bufou.

Neurótico de Guerra - PAUSADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora